-Então Atlantis era real?, Looker perguntou abismado,- Todo esse tempo e vocês sabiam a localização da coisa mais foda da história da humanidade? E não me contaram?
-Já parou pra pensar que você é um recruta sem treinamento?, Susana disse olhando para Looker, era o olhar de tia sendo usado. -Isso, até cinco segundos atrás, era só uma lenda que foi sendo esquecida com o tempo pelos Homens de Preto.
-O quê é uma lenda escondida?, Luna tinha perguntado, a garota tinha surgido do nada e estava acompanhada de Caroline, -Eu forcei ela a me trazer no clubinho secreto deles.
-Essa garota consegue ser bem persuasiva, Coraline comentou enquanto caminhava até o mapa e colocava as mãos na boca, -Isso é Oceanom não é? O mapa dos ataques...
-Então é o mesmo padrão..., Looker começou tinha fechado os punhos e tinha vontade de socar os Arautos até o fim dos tempos, -Eles mataram um planeta inteiro por um item...
-Calma, Carlos disse olhando para Coraline que estava vestindo uma armadura cinza e violeta que só era liberada quando ela sentia muito ódio e para Looker que estava tendo os braços tomados por ataduras e uma energia Verde que passava por elas, -Eles vão pagar e não vamos deixar eles destruírem a Terra.
-A Rosa dos Ventos não está completa, Juliana se manifestou, ela tinha sido abandonada pela família e sentia a solidão do garoto de ataduras e da garota ruiva,-Localização leva tempo e consome energia, eu fiquei esgotada depois de localizar você, um mapa antigo que provavelmente é protegido por armadilhas e rituais brutais de magia ancestral deve consumir tanta energia quanto um reator nuclear poderia produzir, Eu não posso interferir diretamente nessa missão porque senão a Ordem vai querer assumir o caso, mas posso assessorar... se isso ajuda...
-Toda ajuda é aceita e válida, Carlos estava nervoso, perseguiu esses seres durante anos e o plano deles estava sendo executado sem que ninguém tivesse descoberto ele, - Você pode explicar parte por parte do processo do ritual?
-Posso, Juliana disse indo em direção a mesa, -Vai demorar um pouco
-Recrutas dispensados, Carlos disse e quando Looker tentou protestar, -Sei que você quer vingança e eu também, mas você precisa treinar e a Luna também... só que por hoje voces estão dispensados, vão esfriar a cabeça.
Coraline entrou no elevador primeiro e foi para o seu andar privado, Looker pensou em seguir a garota e consolar ela, mas sua tia pegou em seu braço e disse que era melhor deixar ela sozinha nesses momentos. Era melhor não discordar, afinal Susana conhecia a garota por dezessete anos.
Ao sair da base Looker não falou com Luna, ele não precisava de alguém consolando ele. Ele pegou o celular do bolso e viu uma chamada perdida, era Daniela, ele ligou para ela dizendo que ia na casa dela.
Looker ativou a armadura, as ataduras tomaram conta dele e ele deu um salto gigantesco para pegar altitude e começar a voar deixando uma Luna triste e coberta por uma nuvem de poeira deixada por ele.
Era difícil esfriar a cabeça quando as criaturas que mataram o seu povo e que provavelmente tinham exterminado tantos na trilha até Ocenom. A estrada pouco movimentada se misturava com a noite criando um borrão quase indistinguivel na velocidade em que Looker voava, era bom ter óculos que indicavam o caminho...
Diferente de Luna e dele próprio que moravam praticamente na área rural, Daniela morava no Centro de Berona, A Lua iluminava a praça Central enquanto Looker descia em um beco que ficava ao lado da sorveteria JoJo StarDust onde Iramar trabalhava.
O garoto desativou a armadura e começou a caminhar para a cidade até chegar em um casarão pintado de amarelo com grandes janelas de madeira pintadas de branco e uma porta também de madeira pintada de azul marinho. Ele bateu na porta e uma senhora alta e morena abriu a porta, ela aparentava ter seus quarenta anos, tinha cabelos negros como a noite, olhos azuis naturais e usava um vestido florido.
-Então você é tal rapazinho que roubou o coração da minha filha, a mulher disse sorrindo para o adolescente de cabelos bagunçados e que vestia jeans rasgados e camisa vermelha(ele tinha trocado de roupa na base), -Meu nome é Sarah, sou a mãe da Dani.
-Mãe!, Daniela chegou e abraçou Looker, -Não liga pra ela. Vem pra sala.
O casal adentrou na sala da casa e Looker viu uma figura sentada na poltrona, o uniforme militar o destacava em qualquer ambiente, General Caster, ele era alto e forte, tinha o porte de militar, cabelo bem aparado, escuro com tons de grisalho, pele morena e um bigode farto.
-Bom te conhecer garoto, o general disse, mesmo não sendo em tom de reprovação a voz dele era impactante, -Looker é um nome estranho, qual a história dele?
-Looker foi um herói que surgiu do nada e salvou a vila dos meus ancestrais de um grupo de bárbaros saqueadores, Looker disse como se fosse a coisa mais normal do mundo, - A jornada de um herói qualquer que foi esquecido pelo tempo...
-Sua família se lembrou, Daniela disse, ela estava nervosa de um jeito bom, o pai odiava de cara os garotos que ela apresentava, mas Looker era diferente, - Você é a prova disso
-Bom crianças, eu vou tirar a farda, O General se levantou da poltrona e caminhou até a porta, -Podem ligar a TV se quiserem...
Assim que o Coronel saiu do campo de visão Daniela começou a beijar o garoto, Looker sentia o calor nos lábios da garota, a cor do cabelo dela transmitia o calor que emanava do corpo do seu corpo. Era um calor diferente, não era uma febre e sim um calor gostoso como quando alguém se aquece em uma fogueira depois enfrentar uma nevasca.
-Isso foi diferente, Daniela disse entre os beijos, -Sério... foi muito bom
-Obrigado, Looker comentou enquanto mordia o lábio inferior de Daniela, -Anos de prática...
-Bobo, Daniela disse entre os beijos, Looker tinha brincado, mas os beijos realmente eram diferentes.
Depois que o general voltou para a sala e o clima de constrangimento passou quando o ele fez uma piada. Looker se despediu de Daniela e começou a andar pelo centro da cidade com as mãos nos bolsos e olhando o céu estrelado, a casa dele deveria ser ali, ele tinha andado meia hora sozinho até chegar na estrada que levava até o bairro dele.
Quando ele estava quase abrindo a porta de casa uma mão tocou em seu ombro. Luna tinha esperado por ele sentada na casa da árvore no quintal dele.
-Fala comigo, Luna disse com uma voz calma e doce, -Você precisa colocar pra fora
-Eu tô bem, Looker disse com a voz carregada e segurando o choro.
-Eu sei que você não tá bem, Luna disse enquanto se aproximava do amigo.
-Olha pra mim, A armadura começou a surgir no corpo de Looker, as calças surgindo por causa das partículas sombrias e o resto do uniforme, - Eu deveria estar em Ocenom e a Coraline também! Não somos daqui, o simples fato de eu estar aqui coloca cada um de vocês em perigo, eles mereciam um filho humano e legítimo...
-Eu sou adotada e isso não importa, Luna disse, -Seus pais te amam e...
Looker não soube qual palavra viria depois, Luna tinha tirado a máscara dele e agora beijava ele como se o beijo dele fosse um oásis no deserto, Looker pensou em resistir, mas foi tomado foi uma força superior que só permitia que ele retribuisse com mais intensidade o beijo de Luna. Ela tinha esse desejo contido desde que ela começou a reparar no garoto de cabelos pretos e bagunçados. Em um momento um parecia querer devorar o outro e em outro eles se afastaram e ficaram olhando um para o outro.
O que aconteceu? Looker perguntou assustado com a situação
-Eu não sei..., Luna disse, -Eu só senti que tinha que fazer isso...
-Eu preciso dormir, Looker disse pegando na maçaneta de casa, -A gente pode conversar amanhã?
-Você não gostou, tudo bem, Luna disse enquanto se dirigia para fora do quintal.
Looker largou a maçaneta e correu para Luna beijando ela outra vez.
-Eu não disse que não tinha gostado..., Looker disse
No andar privado a garota estava em êxtase, apesar de poder dormir e sonhar, Coraline preferia ficar nesse estado para poder monitorar a rede de comunicação do planeta. Ela passou os últimos dezessete anos procurando a garota Hett e agora a procura estava perto do fim, a armadura tinha registrado contato com outro da mesma espécie de Looker, ele havia beijado a última garota Hett da história...
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Jornada de Um Herói Qualquer -Caminhando pelo Mundo Novo
Science FictionQuando lenda urbanas, mitos e fábulas se mostram verdadeiros. Um herói improvável com um passado fantástico deve agir pra proteger sua família e o mundo.