sexto capítulo

66 5 2
                                    


Olhei pela janela do carro, todo era como um novo mundo , a senhorita Liza olhava para mim pelo retrovisor e sorria, passamos por tantas ruas diferentes eu nem sabia mais aonde estávamos. Abaixei o vidro e inclinei a cabeça pude sentir o vento bagunçar meu cabelo , logo me lembrei do sonho que tive e estranhamente a sensação era a mesma.
Depois de alguns minutos a senhorita liza parou o carro em frente a algumas lojas mas o manteve ligado, se virou para mim é disse:

- stive quero te mostrar uma coisa mas é surpresa , vou cobrir seus olhos , tudo bem?

Fechei os olhos e a senhorita Liza amarrou um pedaço de pano no meu rosto, senti o carro se mover novamente e pouco tempo depois parou , ouvi a meu lado a porta abrir , calmamente fui tirado do carro e senti os braços da senhorita Liza me carregando.

-estamos chegando stive...espere só mais um pouco.

A ansiedade tomava conta de mim e a medida que caminhávamos não conseguia distiguir os sons ao meu redor.

- stive...chegamos.

A senhorita Liza foi me abaixando devagar e a medida que descia senti em baixo de mim o chão como nunca tinha sentido, era estranho , era áspero e podia segura-lo em minha mão mas escorria pelos meus dedos. Fui colocado no chão e ainda com os olhos vendados tiraram minha camisa e jogaram sobre meus ombros um pouco daquele estranho chão em que estava. Lentamente a venda que estava nos meus olhos foi tirada e pode ver a minha frente uma imensidão de água e alguns barcos que flutuavam na linha do horizonte , fechei minhas maos e voltei meus olhos para elas , o chão que era tão estranho para mim era apenas a areia da praia , levantei as minhas mãos e sem demonstrar emoção alguma observei a areia escapar pelos meus dedos, era a coisa mais simples do mundo ver a areia cair e em alguns momentos ver o vento levá-la para longe. Olhei para o rosto da senhorita Liza que sorria, não como minha mae com um sorriso tentando esconder a tristeza , mas sim com um sorriso libertador , fui pego no colo novamente e levado para dentro da água , a água gelada envolveu o meu corpo enquanto deitado sobre os braços da senhorita Liza olhava o céu azul como nunca o vi antes , fechei novamente os olhos e mesmo na água senti uma lagrima rolar sobre meu rosto. Aquela era a melhor sensação do mundo e pude notar que nos meus sete anos de idade quantas coisas me foi negado pelo simples fato de estar preso em uma cadeira de rodas ,mas naquele momento era como se pudesse sentir a água tocar minhas pernas e tudo que eu queria era que aquilo nunca terminasse.

Na Rua De BaixoOnde histórias criam vida. Descubra agora