nono capitulo

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Debaixo da arvore aonde eu estava podia ver pela janela a senhorita Liza andando de um lado para o outro enquanto falava com alguém pelo celular , eu a conhecia somente a alguns anos mas nunca a vi daquele jeito , ela parecia estar brava e ao mesmo tempo triste ou desesperada, não sabia ao certo ,  mas com certeza o conteúdo daquela carta era o causador de tudo isso. Fiquei do lado de fora esperando ate que o clima parecesse calmo mas logo percebi que ficaria ali por muito tempo.

A senhorita Liza tentou disfarçar a preocupação e agir naturalmente , na verdade se eu não conhecesse bem não perceberia a preocupação no seu olhar. Naquela tarde de sexta-feira almoçamos e brincamos e ate lemos alguns livros mas não falamos nada sobre o conteúdo da carta.

Já fazia dois dias que meus pais estavam ausentes e eu fingia estar  bem mas sempre que ouvia um carro passar ou ate mesmo quando o vento batia no portão eu esperava ansioso que fosse meus pais retornando pra casa, mas por mais um dia eles não vieram. E logo os dias se passaram e viraram semanas e então meses e nada dos meus pais voltarem e com o tempo eu simplesmente parei de espera-los.

Com o passar dos meses a senhorita Liza começou a dar aulas em escolas particulares e eu passava o dia na casa do Leandro. De manha ,antes de ir para a escola o baby ia pra lá também junto com o Mateus e a Julia que eram irmãos e moravam no final da rua , todos eles estudavam na mesma escola e iam juntos para escola de ônibus escolar.
Aquelas crianças era como minha família e sempre que podíamos estávamos juntos e as vezes eles dormiam na minha casa e brincávamos a noite toda e só dormíamos quando não conseguíamos mais controlar o cansaço.
Finalmente quarta feira tinha chegado , o senhor João, pai do Leandro, disse que nos levaria para o kartódromo e eu estava bem ansioso , nem consegui dormi direito. Depois que eu vi o kart do Leandro fiquei bem curioso para ver de perto uma corrida de kart.
Quando chegamos no kartódromo o senhor João nos levou ate o vestiário e nos deu  macacões de corrida, a senhorita Liza me ajudou a vestir , e como era lindo, que pena que tinha que devolver. As cores pretas e vermelhas ficavam perfeitas e as pequenas faixas brancas nas pernas e nos braços fazia eu me sentir um verdadeiro piloto.
O pai do Leandro nos levou ate a pista aonde estava acontecendo um treino de kart. Era incrível. Enquanto os kart corriam meus olhos brilhavam e eu me desligava de tudo, o som que fazia era como aquelas musica que nos faz viajar em pensamento sem destino algum.
Quando o treino acabou ,a pista ficou vazia e o senhor João me deu um capacete e me colocou em kart que estava sem motor, depois empurrou ate a pista e puxando por uma corda através de um outro kart mais a frente ,demos varias voltas na pista. Tudo aquilo era maravilhoso e por mais que eu não pudesse pilotar ,não reduzia a emoção que estava sentindo naquele momento.
A senhorita Liza ficou o tempo todo ao meu lado em um kart preto e branco , e no instante em  que através da viseira de capacete meus olhos se encontraram com os  olhos dela, parecíamos ligados um ao outro, e aquilo era estranho porque em todos os melhores momentos da minha vida, quem estava lá, não era minha mãe ou o meu pai ou um membro qualquer da família ,mas sim alguém que não tinha obrigação nenhuma comigo ,alguém que chegou como uma simples professora e que mudou minha vida pra sempre ,e que agora parecia ser tudo que eu tinha.



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