Dois

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Os primeiros raios de sol do dia surgem no horizonte iluminando suavemente o quarto quando finalmente deito a cabeça na almofada. Passei a noite toda a tentar escrever o brinde mas não sai nada de jeito. Tudo o que escrevo parece superficial e vazio de significado. Faltam apenas alguns dias para o casamento, espero que me surja alguma coisa até lá.

Acordo, umas horas depois, com vozes a falarem lá em baixo. Reconheço imediatamente a voz de Louis. Saio do quarto sem me preocupar em trocar de roupa e percorro rapidamente a pequena distância que me afasta do meu irmão, atirando-me para os seus braços.

- Meu Deus Milla, que saudades. – Louis aperta-me nos seus braços. Ele não mudou nada desde a última vez que o vi, sem contar que o seu cabelo está um pouco mais comprido e a barba está por fazer.

Depois de tomarmos o pequeno almoço Louis arrasta-me até ao quarto para conversarmos. Ele conta-me tudo o que se tem passado com toda a gente mas evita falar em Niall e eu agradeço-lhe por isso. Quando começa a falar de Harry e dos seus planos para os próximos meses o seu olhar brilha e o seu sorriso aumenta três vezes de tamanho, fico feliz ao vê-lo assim.

- Devias ter visto, ele ficou estatelado no chão e ficaram todos a olhar para ele. Foi hilariante. – Louis ri-se falando de Liam.

- Milla. – A minha mãe entra no quarto. – Esta carta chegou para ti. É da prisão. – Diz cautelosamente ao entregar-me o pedaço de papel. Mais uma carta do meu pai, ele foi condenado a 10 anos de prisão e agora quer o meu perdão. Apesar de eu não querer ler mais um pedido de desculpas, o meu irmão incentiva-me a lê-la.

"Minha querida Mia,

Há tanto tempo que não te chamava isso.

Eu sei que mais provavelmente não irás sequer abrir esta carta. Eu sei também que depois de tudo o que te fiz é muito difícil perdoares-me, mas queria pedir-te perdão mais uma vez e vou continuar a pedir-to até ao final da minha vida. Vida essa que já não é longa.

Mia, o principal motivo desta carta é informar-te do meu estado de saúde. Há uns dias o médico disse-me que tenho um tumor no pulmão, já está muito avançado por isso o tratamento não resultará. O médico deu-me alguns meses de vida.

Eu sei que cometi muitos erros ao longo da vida, cometi o pior erro que poderia cometer enquanto pai e marido, mas gostava de resolver tudo isto antes que seja tarde demais. Eu gostava que tu e o teu irmão viessem visitar-me. Gostava de fazer as pazes com os meus filhos antes de morrer, assim sei que pelo menos morreria em paz.

Espero profundamente que vocês, algum dia, consigam encontrar nos vossos corações maneira de me perdoarem por tudo o que fiz.

Com amor,

Pai"

Quando acabo de ler a carta fico sem saber o que pensar. Encaro Louis e antes que consiga processar tudo as palavras saem-me da boca.

- Ele está a morrer.

Reach For The Stars (N.H) Book 2Onde histórias criam vida. Descubra agora