Ela.

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Se me perguntarem que aula teve depois do intervalo, eu vou chutar qualquer uma. Eu não prestei atenção em nada. No nome da matéria, ou nome da professora, eu estava vagando.

A Malu convidou o casal da D.R. para a praia mais tarde conosco. Como eu sei disso? Ela teve que me contar depois porque quando o Lucas chegou perto de mim com a loirinha camarão, eu não prestei atenção em nada. Parece que eu estava no piloto automático para responder as perguntas dirigidas a mim. Ele é lindo. Quando ele veio nos cumprimentar no intervalo, pensei que estava falando com o meu ídolo(Jordan Rodrigues), ele é idêntico. Magro mas nem tanto, vamos dizer que tem um pouco de músculos. Tem o cabelo preto e liso com franja. Tem os olhos puxadinhos. Deve ter uns 1,75m de altura, não parecia ser tão alto assim.

Assim que voltei do meu devaneio, o sinal que indica o fim da aula tocou. Espera, já? O que aconteceu com as aulas? Guardei tudo que estava na minha mesa rápido e me levantei seguindo Malu e Marcia até a saída, quando sem querer esbarrei em uma menina que estava no meio da sala. Se não me engano, o nome dela é Bianca. Ela é alta e morena. Tem os cabelos curtos no ombro. Tenho quase certeza que ela é modelo.

"Está me vendo não, querida?" Ela se voltou em minha direção como uma fera. Gelei. Eu não sabia o que fazer. Quando já iria implorar por sua desculpa a loirinha camarão respondeu: "Dessa altura, impossível não te ver!" Todos riram. Olhei para ela com um olhar de agradecimento, e ela sorriu pra mim.

Já na rua em direção a minha casa, meu telefone começa a vibrar no meu bolso, então me lembro que não liguei para a minha mãe. Olhei para o visor de chamada, e lá estava escrito 'Dona Maria', mais conhecida como minha mãe. "Amanda, onde você está? Me conta tudo filha! Como foi o primeiro dia? Como são os professores? Já fez amizade?" E lá vem ela com seu bombardeio de perguntas. Sorri. Como eu amava aquela mulher.

"Calma, mãe! Assim você nem respira. Estou na rua indo para casa. Hoje foi bem legal, sentei com duas meninas que até me chamaram para ir a praia mais tarde. Os professor que deram aula hoje são bem interessantes. E... Bem... A não, deixa pra lá!" Falei me arrependendo eternamente por ter cogitado em falar do Lucas. Mas como ela também ela curiosa demais, começou o bombardeio novamente: "Deixar o que? Desembucha! Conheceu alguém? Ele é da sua sala? É bonito? Tem quantos anos?" Minha mãe é muito a minha amiga. Entre nós duas não há segredo, mas eu não estava nem um pouco confortável para falar daquele assunto agora.

"Não mãe, é que o Gustavo me mandou mensagem. Eu nem li, só apaguei e o bloqueei." Bem, não era mentira e sim omitir a verdade. O Gustavo realmente me mandou mensagem, não estava mentindo, estava?

"Ah, filha. Esquece esse menino." Ela falou com uma pressa que até me assustei. Quando eu estava prestes a perguntar o que estava acontecendo ela falou rápido: " Tenho que desligar meu amor, o meu chefe está entrando. Beijos, te amo!" E foi assim que terminou a ligação.

Sabe aquela bagunça que a gente faz quando chega da escola? Mochila em cima do sofá, o tênis no meio da sala, a meia nem se fala porque você não a acha mais... Eu sou MUITO bagunceira. Olhei para o relógio de parede em cima da tv e vi que eram 13h. Tinha que almoçar, tomar banho e ir encontrar o pessoal.

As 14:50h, decidi que já era hora de sair de casa e então peguei meu long, tranquei a casa e coloquei meus fones de ouvido. Estava tocando 'Lonely Day' do System of a Down. Ok, aquela música não combinava com o dia de hoje nem um pouco, então troquei para uma outra mais alegre.

Para variar, eu me perdi. Eu morava perto do posto 10, porém, o ponto de encontro era o posto 9. Eu não sabia para qual dos dois lados ficava o posto 9. Como não estava nem um pouco afim de perguntar, simplesmente remei para qualquer um dos lados e fui, até que vi o posto 11. Opa.

Parei, e troquei de direção. Quando já estava perto do posto 9, pude ver um cabelo laranja de longe. Malu já estava lá e acompanhada de um menino. Nessa hora meu coração disparou. Comecei a questiona-lo mentalmente: 'Ei, coração, qual é o seu problema? Está disparado por quê?'

Assim que cheguei perto deles, vi que a Nath estava junto e a Marcia também, ou seja, cheguei por ultimo, novidade.

"Olha ela, de long divando na orla do Recreio." Falou Malu quase berrando e com um sorriso largo.

"Oi gente, foi mal, eu me perdi. Já estão aqui há muito tempo?" Perguntei envergonhada. "Não. Chegamos agora também." Disse Nath já sem blusa exibindo seu biquíni de babados preto.

Fomos andando pela areia para encontrar um local legal e sem muita gente. Em plena segunda feira e a praia lotada. Assim que organizamos nosso conjunto de cangas, Nath saiu correndo em direção ao mar, seguida por Malu e Marcia. Sim, eu fiquei sozinha com o Lucas.

"Você também não vai?" Ele me perguntando apontando para o mar. "Não, eu prefiro ficar em terra firme." Respondi corando. Não queria ter que explicar que não sei nadar. Mas não adiantou, ele logo percebeu.

"Não sabe nadar?" Ele perguntou sorrindo. MEU DEUS, que sorriso... Ele tem covinhas perfeitas que dão vontade de morder. Respondi sem graça: "Não." Ele então sentou do meu lado e tirou a camisa, fiz o mesmo. Ficamos um tempo em silêncio só olhando para o mar onde as meninas estavam fazendo guerrinha de água.

"É maravilhoso, né?" Eu olhei para ele um pouco sem entender do que ele estava falando. "O mar!" Ele notou minha cara de interrogação. "É sim, mas é medonho também. Já vi tanto documentário de bichos esquisitos que moram no fundo do mar. Ainda mais tubarão, imagina? Eu morro de medo de tubarão." Respondi. Ele demorou um pouco para falar alguma coisa. Merda. Assustei o menino.

"Eu também tinha medo do mar. Mas aí, eu aprendi a surfar quando ainda morava na Austrália. Meu irmão me ensinou. É tão bom estar lá e 'controlar' as ondas. É uma sensação fantástica." Notei que ele falou com um tom de nostalgia. Como minha curiosidade não é nem um pouco grande... "Você morava na Austrália? Que irado! Por que veio para o Brasil? Você já viu um canguru de perto?" Droga. Eu estava parecendo minha mãe. No que é que eu estava pensando em bombardear o menino assim.

"Morei sim. Nasci no Brasil, porém, cresci na Austrália. Voltei com 8 anos e estou morando aqui desde então. E sim" - ele sorriu e aquela covinha apareceu de novo... - "eu já vi um canguru de perto. Filhote, claro."

Conversamos bastante sobre nossas vidas. Descobri que o pai dele era dono de uma empresa e que tinha um irmão 3 anos mais velho.

Descobri onde morava, com quem, o que gostava de fazer, o estilo musical preferido. Descobri que ele toca violão e alguns outros instrumentos de cordas. Descobri que ele pretendia voltar para a Austrália.

Descobri que a Nath era melhor amiga dele, e que ele era solteiro.

Legal. Eu tenho um crush.

Amor Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora