Já estava começando a ficar ansioso. Ela estava atrasada uns 15 minutos. O que estava acontecendo comigo? Eu estava suando. A Nath estava conversando empolgadamente com a Malu e a Marcia. Elas não estavam ligando para a minha existência mas eu também não estava me importando, estava olhando para os lados para saber aonde estava a Amanda.
Até que enfim eu a vi, ela estava com o cabelo todo preso no alto da cabeça em um coque e com óculos arredondado, mas dessa vez, óculos de sol. Estava de shortinho e uma blusa curtinha(acho que as meninas chamam esse tipo de blusa de cropped ou algo assim), ela estava linda...
Ela foi se aproximando de nosso grupo e começou a diminuir a velocidade do seu long. Quando já estava de pé na nossa frente abriu um sorriso lindo e disse: "Desculpa gente, me perdi." Eu nem a ouvi direito e também não ouvi quem a respondeu, pois estava prestando atenção no sorriso dela.
Fomos todos para areia, mas Malu, Nath e Marcia correram para a água enquanto arrumávamos as cangas. Perguntei se ela não iria dar um mergulho e ela então me disse que não sabia nadar. Eu não questionei, aliás, eu também não queria entrar na água. Ficamos sentados conversando. Descobri muitas coisas sobre ela, como ,por exemplo, que ela mora só com mãe pois o pai sumiu assim que ela nasceu. Ela não me disse isso com rancor, mas com uma tristeza notável nos olhos e então, mudei rápido de assunto. Contei muitas coisas da minha vida para ela e ela para mim. Depois de muito tempo sozinhos, as meninas voltaram e começamos a conversar todos em grupo. Cantamos, comemos, rimos, brincamos e só então notamos que o céu exibia sua coloração alaranjada pois o sol já estava se pondo. Ficamos em silêncio contemplando o maravilhoso fenômeno do pôr do sol. Olhei para o rosto da Amanda e vi que sob aquela luz, ela ficava radiante. Sorri.
Malu e Marcia se despediram e falaram que tinham hora para chegar em casa durante semana e, por mais que Nath fosse minha vizinha, insistiu que iria sozinha para que eu levasse a Amanda em casa. Logo entendi a indireta e não contestei porque queria mesmo saber onde ela morava.
Fomos andando e conversando, até que chegamos na portaria do prédio dela(que se localizava três ruas antes da minha casa), e então trocamos whatsapp e nos despedimos.
Eu estava tão leve que me estranhei. A última vez que me senti leve desse jeito em relação a uma menina, foi a muito tempo atrás quando ainda tinha 10 anos, porém, ela gostava do menino da sala dela, o Thiago.
Eu era apaixonado pela Nath, desde quando a conheci quando ainda tínhamos 9 anos. Mas ai, quando eu comecei a ficar amigo do Thiago, desisti dela. Hoje, não sinto nada mais que amizade pela Nath.
Assim que cheguei no portão da minha casa, ouvi um latido agudo e animado: Doritos! Doritos era minha cadelinha vira-lata de 2 anos e com menos de 40cm de altura. Eu a achei na rua jogada dentro de uma caixa de sapato quando ela ainda era do tamanho de um rato, com menos de um mês de vida. Quando meu pai me viu chegando em casa com ela, ele quase surtou. Precisei da ajuda da minha mãe para convencê-lo a deixar a nossa cadelinha ficar.
Ele ficou relutante, mas por fim permitiu e ainda pagou um médico veterinário para ela. Quando estávamos no consultório do Dr. Alfredo, ele a examinou e disse que estava tudo bem com ela e então ele me perguntou o seu nome e eu respondi sem nem pensar: 'Doritos!' Assim que eu disse isso, todos olharam para minha cara com interrogações mas eu não liguei e nem expliquei nada. Eu amava doritos e ela tinha um pelo meio alaranjado, então por que não?
Abri o portão e ela veio pulando em minha direção. A peguei no colo e fiz carinho em sua barriga. Ela estava tão agitada que quase caiu dos meus braços. "Nossa, Doritos. Essa animação toda é por me ver? Que felicidade meu bebê..." Eu era apaixonado por aquela cadela e ela por mim.
"Eita, esse ficou doido de vez. Agora até conversa com a 'cachorra'!" Falou Celeste rindo. "No dia em que ela te responder, me avisa que eu saio correndo dessa casa!" Dessa vez, ri junto.
Celeste trabalhava na minha casa desde que me mudei para o Brasil. Nós a amávamos e a considerávamos da nossa família. Ela tinha um filho da minha idade, o Isaque. Quando éramos mais novos, ele vinha na minha casa toda vez que ela vinha trabalhar que eram as segundas, quartas e sextas. Nós brincávamos de futebol, de vídeo game, na piscina e de todas as outras brincadeiras que inventássemos. Quando fizemos 14 anos, ele parou de vir na minha casa e se afastou de mim. Eu nunca soube o que aconteceu mas também nunca corri atrás para saber. É incrível como algumas amizades simplesmente acabam. Celeste já tinha desaparecido. Provavelmente, estava limpando a piscina porque ela fazia isso as segundas.
Subi e fui para o meu banheiro para tomar uma ducha e tirar aquela areia grudada em mim. Tirando o celular do bolso do short, reparei que haviam duas mensagens de duas meninas diferentes: Nath e Amanda.
A mensagem da Nath dizia: 'Luck, me conta TUDO. Levou ela em casa? Falaram de mais alguma coisa? Me responde logo antes que eu desmaie de curiosidade!!!' Eita garota fuxiqueira. Já a mensagem da Amanda dizia: 'Oi, Lucas. Chegou bem?' Coração, pare de saltitar!
Antes mesmo de pensar em responder a Nath, entrei na conversa da Amanda e enviei : 'Cheguei sim, obrigado.' Será que mando só isso? Ou deveria mandar mais alguma coisa? Chamaria ela para ir à sorveteria comigo? Melhor não, tínhamos acabado de nos encontrar...
Antes que eu fizesse alguma merda mudei a conversa para a da Nath e mandei um áudio dizendo: 'Nathalia, vai com calma. Só a levei no prédio dela - que é o mesmo prédio do Matheus - e voltei para casa. Não rolou beijo caso seja isso que você queira saber!' Melhor eu ir tomar banho...