Ela.

47 2 0
                                    

Eu estava exausta. Fiquei o dia inteiro no hospital e quando saí já estava escurecendo. Pedi para o Rennan (que havia nos levado ao hospital) me deixar na casa do Lucas porque iria vê-lo e pegar matérias que eu perdi.
Toquei a campainha e Celeste atendeu, dessa vez com um sorriso. Cumprimentamo-nos e então fui direto para o quarto de Lucas que era o lugar que eu tinha certeza que ele estava. Abri a porta devagar e ele estava dormindo. Tão meigo. Fui em direção à cama e me deitei ao lado dele que ao sentir meu corpo invadindo sua cama, abriu os olhos e ao me ver abriu um sorriso, virou para mim e me abraçou. Ficamos assim por um tempo, deitados e abraçados.
“Você está melhor?” Ele quebrou o silêncio.
“Estou sim.” Falei ainda de costas para ele que me abraça formando uma concha.
“Senti sua falta na escola. Tudo lá estava tão chato...” A voz dele ainda estava rouca de sono.
“Não se preocupe, amanha irei para te perturbar bastante!” Disse agora me virando para ficarmos frente a frente.
“Está com olheiras. Não dormiu né?” Ele disse passando a ponta dos dedos embaixo dos meus olhos.
“Não. Passei a madrugada inteira vomitando.” Respondi fechando os olhos.
Ele não disse nada. E então eu abri os olhos para ver o porquê. Ele estava me encarando com um olhar distante.
“O que foi?” Perguntei.
“É que você é linda até com olheiras. Você me encanta cada dia mais e eu não sei nem explicar o como sou feliz de te ter ao meu lado...” Falou ele baixando o olhar.
“Obrigada!” Respondi.
Ele não entendeu meu comentário e então voltou a me encarar só que dessa vez com uma interrogação nos olhos.
“Obrigada por me fazer saber o que é ser amada, especial e importante. Obrigada por demonstrar isso todos os dias. Obrigada por me lembrar de que tenho olheiras horríveis, obrigada por me confortar quando preciso de consolo. Obrigada por ser você!” Dessa vez uma lágrima escorreu pelos meus olhos e eu não me importei de derramá-las.
Ele me abraçou mais forte e enterrou o rosto no meu pescoço.
Ouvir um ‘eu te amo’ é realmente algo bom, mas sentir o ‘eu te amo’ mesmo quando ele não é falado é incrível. Palavras são carregadas pelo vento, mas os gestos... Esses permanecem.
Aquele abraço, aquele aconchego foi muito mais do que uma frase que hoje em dia é dita sem nem ao menos ser sentida. Eu o abracei de volta.
Depois de um tempo, ele soltou um pouco e se virou para mim sorrindo.
“Assim, isso realmente está muito bom, mas, eu posso saber o porquê da sua visita?” Falou ele tentando implicar.
“Ah, deu saudade!” Respondi fazendo cara de paisagem.
“Sei!” Disse ele por fim rindo.
“Vim pegar as matérias de hoje e te dar uns beijinhos para essa virose te atacar também!” Disse fazendo cócegas nele.
“Opa, atestado para ficar em casa... Chega mais perto!” Disse me puxando.
Depois de rimos e fazermos cócegas um no outro, nos levantamos e ele pegou todos os cadernos que foram usados no dia. A noite já tinha começado e os pais do Lucas já haviam chegado, então decidi que era hora de ir embora.
Lucas me levou até a portaria do meu prédio e depois se foi.
A semana passou rápido e já era sexta-feira, dia da tal festa surpresa para o Luan, meu cunhado.
Já estávamos em Julho e as férias estavam prestes a começar, tudo o que eu desejava! Lucas e eu estávamos prestes a fazer três meses de namoro.
Na escola foi como sempre. Thiago e Nath implicando um com outro toda hora (agora eles estavam namorando e estavam um saco, acredite, pior que Lucas e eu), Malu e Marcia sempre inventando algo, Lucas prestando atenção na aula e eu olhando para ele. Matheus parou de se sentar na primeira carteira e começou a andar um pouco mais com a gente (bem, éramos da turma do fundão, mas não desvirtuamos o Matheus, eu juro!).
Marcia estava apaixonada pelo professor de educação física e até começou a praticar as aulas dele (coisa que ela não fazia de modo algum), Malu estava namorando um menino do segundo ano e Matheus (que era afim da Marcia) tentava de todo custo fazê-la o notar.
No intervalo, estávamos sentadas na mesa do centro do pátio (Nath, Malu, Marcia e eu) então começamos a conversar sobre os meninos.
“O Thiago me chamou para passar as férias no sítio do tio dele, mas minha mãe não quer deixar!” Falou Nath um pouco estressada.
“Por que será que ela não quer deixar, em?” Falei irritando a Nath um pouco mais.
“Até parece! Sou super comportada, ta?” Falou ela mordendo um pedaço do seu hambúrguer gigante.
“Gente, ele olhou para mim hoje e me deu uma piscadinha!” Disse Marcia viajando no mundo da lua, ou melhor, no mundo da Marcia.
“Amiga desencana. Ele tem 25 anos e você 17!” Falou Malu para Marcia.
“Mas Romeu e Julieta tinham uma grande diferença de idade também, e isso não atrapalhou no amor deles!” Marcia se defendeu.
“E no fim os dois acabaram mortos...” Comentei. As três me encararam e Malu e Nath gargalharam, mas Marcia permaneceu séria.
“Amiga, isso era uma peça de teatro lá no mundo de Shakespeare. Estamos no mundo real onde pedofilia existe.” Malu disse colocando a mão no ombro de Marcia.
Lucas chegou e se ajoelhou ao meu lado fazendo com que todos que estivessem perto parassem tudo para nos olhar. Eu olhei para ele que então pegou a minha mãe e me estendeu uma coxinha. Ele sabe mesmo me fazer feliz.
“Oh, musa do meu viver... Entrego-lhe o amor da sua vida!” Falou ele enquanto eu pegava a coxinha de suas mãos.
“Oh, quão amor eu sinto por esse pequeno tesouro!” Estendi a coxinha ate a boca e dei uma mordida.
Todos que estavam em volta já estavam gargalhando da nossa cara, mas não liguei, aliás, eu estava recebendo comida.
Assim que bateu o sinal de fim do intervalo, subimos para a sala e assistimos às últimas aulas do dia.
“Amiga.” Falou Nath baixinho me cutucando.
“Oi.” Respondi.
“Posso me arrumar para a festa do Luan na sua casa?” Sussurrou ela.
“Pode sim, se quiser, pode ir agora direto da escola!” Respondi no mesmo tom de voz.
“Ok!” Disse ela finalizando o diálogo.
Todos iriam à festa do Luan: Nath, Thiago, Marcia, Malu, Matheus e eu.
Assim que bateu o sinal fomos correndo para casa. A festa começaria 16h, pois seria a hora que o Luan chega da faculdade e como era churrasco o horário estava bom.
Já eram 14h, Nath e eu não tínhamos a menor ideia do que vestir.
Meu celular começou a vibrar então olhei o visor para identificar o número, desconhecido.
“Alô?” Falei ao atender.
“Oi, quem fala é a Amanda?” Falou a voz de homem.
“Sim. Quem é?” Perguntei um pouco assustada.
“Carlos Nunes, ou melhor, seu pai.” O homem respondeu.
“Ah, oi. Como conseguiu meu número?” Perguntei um pouco aflita.
“Maria Clara me passou. Ela já me explicou a história toda desde a gravidez. Sei também que estão morando no recreio. Eu moro atualmente em Nova York, mas estou no Brasil a negócios. Estou no Leblon e gostaria de te conhecer. O que acha?” Falou um pouco cauteloso.
“Hum, eu não sei o que dizer. Você fica no Brasil até que dia?” Ao me ouvir falando isso, Nath deu um pulo da cadeira e queria saber quem era.
“Até o final do mês!” Respondeu ele.
“Bem, hoje não dá pois estou indo na festa do meu cunhado, mas posso amanhã, porém, não vou sozinha. Minha mãe vai comigo!” Falei. Estava com medo de ir ao encontro de um homem que realmente podia ser meu pai sozinha.
“Claro! Iria sugerir exatamente isto. Podemos almoçar em algum restaurante só marcarem que encontro vocês lá!” Falou ele agora um pouco animado.
“Hum... Podemos marcar por whatsapp? Aliás, você tem whatsapp?” Perguntei.
“Tenho sim, é desse número que liguei. O ddd não é do Brasil, claro, porém te mando uma mensagem para que você salve o número.” Disse ele.
“Tudo bem! Estou um pouco atrasada mas combinamos tudo certinho hoje ainda!” Disse por fim.
Um silêncio pairou na ligação.
“Você está aí?” Perguntei.
“Estou sim, é que a sua voz é muito parecida com a da sua mãe quando ainda namorávamos...” Disse com um tom nostálgico. “Desculpa te atrapalhar, nos falamos mais tarde. Beijos!”
“Nada! Beijos!” Eu desliguei.
“Queeeeeeeem era?????” Nath quase pulou no meu celular para ver o nome, porém logo ficou murcha pois havia apenas número.
“Meu pai.” Respondi me sentando na cama.
“Oi? Da onde surgiu o pai que eu não conhecia?” Nath se sentou ao meu lado.
“É uma longa história, te conto no caminho da casa do Lucas. Agora, vamos nos arrumar se não chegamos atrasadas!” Respondi já levantando e puxando Nath pelas mãos.
“Ah, essa eu quero mesmo ouvir!” Respondeu ela abrindo meu guarda-roupa para escolher uma roupa.
Nos arrumamos e saímos de casa 15:50h. Teríamos que correr para chegar na casa do Lucas às 16h. Contei toda a história do ‘aparecimento’ do meu pai para Nath que ficou maravilhada.
“Parece filme, Manda!” Disse num tom apaixonado.
Eu apenas ouvi. Nath e eu éramos poucas por filmes e séries.
Chegamos atrasadas, como sempre, na casa do Lucas. A nossa sorte era que o Luan estava preso no engarrafamento e não chegou em casa no horário de sempre. Todos já estavam lá, inclusive a ridícula da Luna e a irmã dela.
Nath também não gostava muito da Luna, mas o ódio mortal era apenas meu.
“Oi amor! Estava quase ligando para vocês!” Disse Lucas me beijando.
“Meu pai me ligou.” Respondi. Ele me encarou sério.
“O que ele queria?” Perguntou. Nesse exato momento ouvimos barulho da sirene de garagem que indicada que o portão estava sendo aberto.
“Te explico depois!” Falei para Lucas e corremos para nos esconder.
Ficamos em um silêncio sinistro até ouvirmos barulho de passos que eram do Luan. Quando ele chegou no quintal todos gritamos em coral:
“Surpresa!”
Ele ficou com uma cara de espanto mas depois riu. Abraçou todos e agradeceu pela presença.
A noite logo caiu e passou rápida. Já eram 20h e todos um pouco alterados pelas bebidas.
Estava conversando com minhas amigas quando olhei para os lado para procurar Lucas, ele havia sumido. Pedi licença e fui procura-lo.
Quando cheguei na cozinha ouvi vozes então, curiosa como sou, fui ver de quem eram. Não precisei nem entrar na cozinha para distingui-las.
Uma era inconfundível: Lucas e outra da nojenta da Luna.
“Ah, Luck. Sinto tanto sua falta...” Falou aquela ridícula.
“É, Luna, então. Agora eu tenho namorada que por sinal, eu amo muito. Nada que você diga ou faça vai mudar isso. A Amanda é incrível e digo isso porque já conheci e fiquei com meninas que nunca chegaram nem aos pés dela. Me desculpe, mas você vai ter que procurar um menino que esteja solteiro de preferência...” Lucas disse por fim.
“Concordo plenamente!” Falei entrando na cozinha. “Solteiro caso você não saiba, significa não estar namorando.”
“Você estava ouvindo escondida?” Luna gritou comigo. “Sua paranoica! Está vendo, Lucas, como sua própria ‘namorada’ não confia em você a ponto de ter que ficar ouvindo suas conversar escondida!”
“Você está pedindo para apanhar, não é?” Falei já voando pra cima dela, porém, uma mão (a do Lucas) me segurou no ar.
“Parem as duas!” Lucas deu um berro. “Luna, nos dê licença por favor!” Lucas apontou para a porta.
“Não acredito que você estava ouvindo escondida...” Lucas disse com uma voz de decepcionado.
“Claro que não, está louco? Eu estava te procurando porque você sumiu então vim para a cozinha, porém, ouvi a voz dela. Eu cheguei quando você estava falando para ela procurar um garoto solteiro. Eu juro!” Falei em súplica.
“Vou te levar em casa!” Disse Lucas me puxando pela mão.
Merda!
Assim que passamos pelo portão (ele não deixou eu me despedir), eu falei novamente:
“Lucas, eu juro que não estava ouvindo, mas se eu estivesse ouvindo, qual o problema? Por acaso havia algo a esconder?” Perguntei para logo me arrepender. Lucas se virou para mim com uma fúria que eu nunca havia conhecido.
“Eu ODEIO quando desconfiam de mim. Eu nunca te dei motivo para sentir ciúmes e não estou entendendo esse seu comportamento agora. Eu acredito que você não estava ouvindo escondida. Mas que coisa é essa de querer bater na Luna. Ficou doida? Você nunca foi disso.” Disse Lucas que me fez estremecer. A voz dele cortou tudo dentro de mim.
Abaixei os olhos e chorei. Ele nunca tinha falado comigo com essa raiva toda.
“Me desculpa. Eu não gosto da Luna porque me sinto ameaçada por ela. Ele é bonita, inteligente, simpática, gostosa...”
“Mas ela não é você!” Falou Lucas me cortando.
Chorei mais.
“Que merda, Amanda, você sabe que sou louco por você. Você acha mesmo que qualquer coisinha que a Luna falar vai interferir em algo que sinto ?” Ele me perguntou levantando meu rosto pelo queixo.
“Me desculpa, Lucas. Eu não sei o que deu em mim...” Ele me abraçou.
Ficamos abraçados por um tempo.
“Você ainda vai me levar em casa?” Perguntei chateada pela festa ter acabado para mim.
“Vou.” Acho que o choro viria de novo. “Mas vou ficar lá com você, posso?” Perguntou ele.
Sorri e me joguei no pescoço dele.
“Te amo!” Falei.
“Eu te amo Amanda Ferraz!” Disse ele me puxando para me beijar.
Fomos andando de mãos dadas até a minha casa.
Subimos e fomos direto para o quarto. Nos deitamos e ficamos vendo série ate apagarmos.
Só acordei dia seguinte no susto. Esqueci do meu pai!
Rapidamente entrei no whatsapp e marquei com ele a hora do nosso almoço. Chamei minha mãe e Lucas para irem comigo, os dois aceitaram.
Eram 12:45h e nosso encontro seria às 13h na porta do shopping.
Chegamos pontualmente na porta e minha mãe automaticamente reconheceu meu pai.
“É aquele de camisa polo azul...” Falou ela sussurrando para Lucas e eu.
Era ele. Ele me reconheceu também e veio em minha direção.
“Meu Deus! Você é linda!” Falou me abraçando.
Fiquei meio paralisada na hora e então percebi que tinha que retribuir o abraço.
“Você não se parece com o velho, baixo e barrigudo que eu imaginei que fosse!” Falei tirando sarro. Ele era totalmente o oposto de tudo que citei.
Era alto, pele branca e tinha um cabelo muito liso e castanho. Tinha olhos verdes e sardas em cima do nariz. Tinha um corpo malhado e aparentava ter uns 28 anos e não 39 que era sua verdadeira idade.
Assim que ele me soltou, viu minha mãe e a abraçou também. Minha mãe o abraçou de verdade, com amor.
“Carlos, meu Deus... Quanto tempo!” Disse minha mãe ao soltar meu pai.
“Nem fala, Clara. Você está tão jovem e bonita. Parecem irmãs e não mãe e filha!” Falou sorrindo ao nos olhar, só então reparou que tinha mais um conosco.
“E você, rapaz?” Falou estendendo a mão para Lucas.
“Esse é meu namorado Lucas. Lucas, esse é meu pai.” Falei apresentando os dois.
“É um prazer conhece-lo, senhor!” Falou Lucas apertando a mão do meu pai.
Ele pareceu um pouco constrangido.
“Me sinto tão mal por não ter participado da sua vida, Amanda...” Falou ele abaixando a cabeça.
“Está tudo bem, a culpa não foi exatamente sua!” Assim que falei isso, todos sutilmente olhamos minha mãe que já estava vermelha de vergonha.
“Então, vamos entrar?” Eu disse por fim.
Entramos e fomos ao um restaurante que estava bem na entrada do shopping.
Sentamos em uma mesa que estava no fundo do local. Veio um garçom e anotou nossos pedidos. Eu, pela primeira vez na minha vida, comeria lagosta.
“Então, Amanda, o que você pretende fazer ano que vem?” Perguntou meu pai.
“Eu sempre amei teatro e cinema. Na verdade, tudo que está incluso na arte. Eu quero fazer cinema!” Respondi empolgada.
“Bem, e em qual faculdade você planeja estudar?” Perguntou verdadeiramente interessado.
“Ah, aí que mora o problema. Cinema no Brasil é pouco explorado...” Falei um pouco cabisbaixa.
“Porque você não conta a ela, Carlos, em que você trabalha?” Falou minha mãe observando meu pai com canto de olho.
“É, bem... Eu sou fugurinista de um estúdio de filmagens em Hollywood...” Respondeu ele um pouco baixo demais.
“VOCÊ O QUE?” Berrei quando entendi o muxoxo.
“Mãe, porque você não havia me dito isso?” Perguntei com um tom de decepção.
“Desculpa, filha. Acho que esqueci...” Falou ela pegando o cardárpio novamente, mesmo que já tivéssemos feito o pedido.
“Mãe!” Ela estava escondendo algo...
“Olha, eu sempre ouvi você dizer que queria ser atriz ou diretora de cinema quando crescesse, desde quando era criança. E sempre soube também que a proposta de emprego que o seu pai recebeu quando estávamos namorando e eu já estava grávida de você, era para trabalhar com figurinos em um estúdio no Canadá. Era óbvio que se você soubesse, iria querer ir morar com ele para que tivesse mais chances. Eu sei que isso soa egoísta saindo da boca de uma mãe que não deve medir esforços para ver seu filho realizado e bem, mas não estava preparada para ser deixada por minha única filha!” Saiu uma lágrima dos olhos da minha mãe.
“Olha, eu não quero que vocês discutam! Viemos para comemorar nosso reencontro. Depois falamos nisso... Por favor...” Falou meu pai vendo o clima que estava surgindo.
“Nossa, que demora para trazer nossa comida...”Falou Lucas nitidamente desesperado para mudar de assunto.
“E você, rapaz? O que pretende fazer de faculdade?” Perguntou meu pai ao Lucas.
“Letras!” Respondeu Lucas sem rodeios.
“Então você gosta de escrever?” Perguntou meu pai.
“Amo!” Isso era verdade. Quase todos os dias eu recebia uma poesia ou poema no final do dia. Eu amava isso em Lucas! Ele tinha uma facilidade para escrever que, nas redações da escola ele sempre tirava nota máxima. Tanto pela criatividade, tanto pela ortografia mais que correta.
“Só fazer dramaturgia e pronto, vai poder escrever os roteiros da Amanda!” Falou meu pai rindo.
Novamente, todos rimos, exceto minha mãe.
“Pedido pronto!” Falou o garçom ao colocar uma tábua de lagosta em nossa mesa. Tinha também alguns camarões e outras coisas do mar que eu não estava muito interessada em saber o nome, apenas o gosto.
Conversamos durante a refeição inteira. Depois de um tempo, a minha mãe foi começando a entrar no papo e interagiu.
Na hora de ir embora, nos despedimos com abraços e beijos.
Lucas foi para a casa dele e minha mãe e eu fomos andando devagar até nosso prédio.
Assim que entramos na sala, eu soltei:
“Você nunca mencionou que o meu pai trabalha com filmes...”
“Amanda, por favor, não estou afim de falar sobre isso agora!” Falou ela com uma tristeza na voz. Eu olhei uns minutos para ela que pegou o telefone (provavelmente ligando para o Rennan) e começou a digitar.
Assim que a pessoa atendeu, tive certeza que era Rennan. Ela estava o chamando para dormir aqui em casa. Me virei e fui para o meu quarto.
Fiquei um tempo deitada olhando para o teto pensando em tudo que aconteceu no dia de hoje.
1-Conheci meu pai.
2-Descobri que ele trabalha em um local onde sempre sonhei trabalhar.
3-Minha mãe tinha medo de me perder para ele.
4- Lucas iria fazer letras.
Eu nunca havia perguntado para o meu namorado o que ele pretendia fazer na faculdade. Me senti um pouco egoísta.

Amor Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora