Capítulo 8 - Decisões: Ela.

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Eu estava bêbada ? Estava. Falando muita besteira? Também. Mas me lembro muito bem da Luna puxar o Lucas pela camisa e ele ir para o quarto com ela. Foi horrível.
"Amanda olha para mim. Você está solteira e ele também. Achei ridículo? Muito. Mas vocês não são mais um casal. Você vai ter que começar a desapegar amiga..." Falou Nath quando viu lágrimas rolando pelas minhas bochechas.
"Amiga vai ficar tudo bem. Ele está bêbado demais para qualquer coisa." Falou Malu.
Então chorei mais. Se ele estava bêbado, com certeza não pensaria duas vezes antes de fazer qualquer coisa.
Idai? Ele não é mais meu namorado, não é verdade? Por que me importo tanto?
Deitei e peguei no sono. Chorando.
No dia seguinte, acordei bem tarde.
Todos já estavam acordados e inclusive arrumando as coisas para irmos embora, aliás, já era domingo. Gostei bastante da viagem apesar das crises.
"Você está melhor?" Perguntou o Átila quando viu meus olhos abrirem.
"Estou sim. Crise de álcool no sangue." Falei forçando um sorriso.
"Tem certeza?" Ele me olhou dentro dos olhos. Aquele olhar penetrou minha alma de um jeito que me deixou sem ar. Balancei a cabeça de um lado para outro. Ele entendeu.
"Bora. Levanta que temos que deixar tudo organizado para irmos embora." Falou Thiago ao ver q eu já estava acordada.
Levantei e percebi que ainda estava com roupa de ontem. Fui ao banheiro, lavei o rosto para tirar toda aquela maquiagem, troquei de roupa e escovei os dentes.
Quando voltei, estavam almoçando então me sentei para comer também.
Nosso dia foi arrumar as malas no carro e organizar a casa para devolve-la do jeito que pegamos.
Saímos de lá às 17h. Dentro do carro, voltamos nos mesmos lugares.
Não brincamos, nem cantamos. Fomos quietos como mortos. Uns dormiram, outros mexiam no celular, outros de fone e outros, encaravam o ex que estava olhando pela janela.
Será que realmente aconteceu alguma coisa entre eles? Eu estava com nojo só de imaginar. Voltei a olhar para frente e acabei dormindo.
Chegamos no Recreio as 20h, dessa vez, não paramos na estrada.
Cheguei em casa e me joguei na cama e fiquei lá, rezando para que ela me engolisse. Mas isso não aconteceu. Pena.
Minha mãe veio ao meu quarto me perguntar sobre a viagem. Não podia contar para ela o que havia acontecido com Lucas e Luna, se não, ela iria sair pela rua vestida com camisola para bater nele.
Contei para ela apenas as partes boas. Como dançar muito, ir a praia e fazer guerrinha de água, jogar vôlei... Sobre dormir todos no chão da sala e como foi legal. Ela pareceu feliz de ver que eu estava melhorando da bad pelo término. Mas ela não sabia de nada.
Ela disse que estava cansada e que precisava dormir pois trabalhava no dia seguinte. Então se foi me deixando sozinha no quarto.
Chorei de novo. Dessa vez, aquele choro de soluçar.
Dormi chorando. Acordei de madrugada para beber água e voltei a dormir. Quando acordei novamente, já eram 13h. Essas férias estavam me estragando.
Olhei para o celular para ver se tinha notificação. Tinham algumas mensagens no whatsapp, outras no Facebook... Mas nada que realmente eu quisesse ver.
Essa seria minha última semana do recesso, então eu precisava fazer algo.
Levantei e comi um pouco de macarrão que minha mãe havia feito no dia anterior. Coloquei um biquíni, peguei meu óculos de sol, meu long e fui para a praia.
Remei uns 3 postos, até chegar no posto 6. Estava um pouco cheio pelo fato da maioria das pessoas estarem de férias.
Então fui em direção ao posto 5 que estava um pouco mais vazio.
Sentei na areia e só existi. Eu havia mudado bastante desde o ano passado. Nunca na minha vida que eu iria sozinha para a praia. Só por ir.
Eu estava me sentindo sufocada. Não conseguia pensar em nada e ao mesmo tempo, pensava em tudo.
Me peguei olhando para o mar e vendo a incrível semelhança dele com o amor.
As vezes, a maré está baixa o que não provoca muitos acidentes e não deixa ninguém ferido. As vezes, está agitada, o que é um pouco perigoso para crianças ou pessoas que não sabem nadar. Ou até mesmo aquelas que acham que sabem. As vezes, a maré está "nervosa" onde ninguém entra. Não podemos esquecer os "caixotes" que tomamos que nos machucam e nos deixam sensibilizados e traumatizados fazendo-nos querer sair da água. Tem também as ondas que são brutas e podem nos afogar. Existem os "bancos de areia" que nos dão uma falsa confiança de estar tudo sob controle. E por último, a correnteza, que sem a gente perceber, nos puxa cada vez mais para o fundo, para longe...
Esse misto de coisas, nós adolescentes principalmente, encontramos nos relacionamentos. As vezes, o relacionamento é tranquilo como uma maré baixa mas isso não quer dizer que a qualquer momento as coisas possam mudar.
Eu estava aprendendo a lidar com isso. Tomei um caixote horrível que foi ser traída, mas não podia simplesmente deixar isso me abalar e desistir de tentar outra vez. Estava arrasada, sim estava mas não podia me fechar para o mundo a minha volta. Eu sempre gostei de olhar para o mar e simplesmente esquecer de que eu tinha uma vida. Aquela imensidão azul era incrível e um tanto assustadora.
Quando me dei conta, já haviam passado 3h que eu estava lá, o sol já estava quase se pondo. Levantei para ir embora.
Fui caminhando até o posto 7 devagar. Queria que aquela brisa me tomasse e me revitalizasse para que eu conseguisse pelo menos tirar a cena dos dois entrando no quarto bêbados.
Pus o long no chão e comecei a remar. Chegando ao posto 8, encontrei Aria que caminhava ao lado de seu irmão.
Eles eram incríveis juntos. Ela era super mente aberta e acreditava nas forças do universo. Era inteligente, divertida, perspicaz e extremamente sedutora.
Ele era calmo, simpático, carinhoso e fazia de tudo para ver sorrisos em pessoas, mesmo que isso custasse alguma dor nele.
Era estranho conhecer tanto eles e não conhecer. Não havia nem 3 semanas que nos conhecemos, mas eu já sentia uma paz inenarrável quando estava com eles.
"Que genética em!!" Falei ao parar do lado deles.
"Olá senhorita solteira. Como vai a vida? Não nos vemos há tanto tempo..." Falou Aria irônica.
"Estou voltando para casa. Passei a tarde sentada no posto 5. E vocês?" Perguntei.
"Viemos dar um 'cabum' porque esse calor não tá dando." Falou Aria colocando os óculos escuros.
Mesmo que o sol já estivesse se pondo.
Átila não falou nada. Apenas sorria quando falávamos algo engraçado. Chegamos no nosso andar e ele se despediu com um aceno de cabeça. Achei muito estranho.
Entrei no meu apartamento e vi minha mãe sentada na poltrona com Rennan. Eles estavam abraçados vendo TV. Formavam um casal diferente, mas fofo.
Entrei, cumprimentei os dois e fui para meu quarto. Tomei banho e me joguei na cama.
O resto da semana passou voando e logo chegou a segunda que voltariam as aulas.
Saco.

Amor Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora