Ela.

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Meu mundo parou de girar quando Luna anunciou para a mesa que estava grávida. Do Lucas. Senti toda a bebida subindo então forcei-me a engolir novamente.
Lucas se levantou e foi em direção ao banheiro. Acho que ele sentiu a mesma coisa.
Acabou. Se havia alguma chance de que as coisas voltassem a ser como eram antes, ela acabou de morrer. Dizem que a esperança é a última a morrer, então, quando morre a gente simplesmente desiste?
Levantei e fui em direção a porta.
Nath veio correndo atrás de mim junto com Aria e Átila.
Quando me alcançaram, me abraçaram. Chorei. Outro caixote.
"Que merda! Por que será que não posso ter um relacionamento saudável onde ninguém é traído?" Explodi.
Eu estava com raiva, com saudade, confusa e isso estava acabando comigo.
Todos se afastaram com exceção de Átila que continou a me abraçar.
Ele se tornou meu melhor amigo. Nós ficávamos quando bêbados ? Quase sempre, mas eu não tinha nele mais que um amigo. Me sinto péssima ao pensar que talvez ele gostasse de mim de outro jeito, mas eu ainda amava Lucas.
"Vai ficar tudo bem?" Perguntei a ele enquanto fungava.
"Não. Vai ficar uma merda. Sua vida vai virar um caos, e, quando esse bebê nascer, a atenção dele vai ser voltada de um jeito ou de outro para ela. Mas você supera. Vai chorar muito ainda? Vai. Mas nada como um dia após o outro..." Falou enquanto acariciava meus ombros.
"Obrigada, eu acho." Respondi me afastando.
"Vamos para casa?" Perguntou Aria.
"Vamos." Respondi.
Fomos andando os três em direção ao meu prédio. Quando chegamos no 12 andar, encarei a porta do meu apartamento. Como iria falar isso para minha mãe ? Gelei. Eu não acredito que isso esteja realmente acontecendo.
Que merda de ex eu sou.
"Não posso te convidar para entrar porque minha mãe tá com namorado novo, mas, se quiser podemos ficar sentados aqui no corredor..." Disse Aria enquanto se sentava no chão.
Sentei ao lado dela e Átila se sentou ao meu lado.
"Sabe Amanda.. Nunca te contei minha história de verdade... Eu nunca fui uma pessoa muito fácil de lidar, sabe? Já errei muito nessa vida mas também ja apanhei. Também já fui traída e sei como é essa dor. Meu irmão bateu no cara? Bateu e isso até que ajudou com a minha raiva mas não com o meu coração despedaçado. Aprendi que nenhum outro cara faria isso comigo e então, aqui estou eu. Recebo alguns títulos muito feios mas nem ligo. Não vou me apegar a ninguém que não seja recíproco. Sorriso bonito e dizer coisas como 'quero só você' não é tudo. Tem que ter conteúdo, e não ser apenas a embalagem com a propaganda. Entende?" Ela disse. Percebi que ela havia bebido um pouco no bar, mas de tudo o que ela falou eu pude sim extrair algo: não adianta o quanto tentamos, um coração despedaçado demora a cicatrizar. E esse processo de cicatrização não é fácil.
Apenas assenti. Não tinha muito o que dizer. Ela estava se abrindo mas já sabia tudo sobre mim. O que não é muito difícil já que eu costumo dizer que 'sou um livro aberto gritando : me leia'.
"Nunca namorei." Disse Átila por fim.
"Mentira??" Perguntei assustada. Eu não acreditava. Como assim?
"Não. Acho o namoro algo tão complexo e relativo ao mesmo tempo. Não queria entrar nessa com qualquer uma. Ela tem que saber dividir minha loucura e problemas. Uma menina que saiba ser forte quando eu precisar, assim como serei forte para ela. As pessoas estão perdendo um pouco da 'humanidade" e estão ficando juntas só para não ficarem sozinhas. Isso é ridículo." Respondeu ele revoltado.
Tive que concordar. Tantos casais juntos que não se amam, nem ao menos se gostam mais. Não conseguem ter um diálogo, mas não desistem um do outro porque não querem ficar sozinhos.
Depois de 1h de conversa jogada fora, já estava um pouco mais leve, decidi entrar. Me despedi de meus vizinhos e entrei.
Fui para meu quarto e me joguei na cama de novo.
'Estou grávida.'Ficava ecoando na minha cabeça.
Chorei.

Amor Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora