Eu ainda me sentia um pouco abalada com os acontecimentos de ontem, quando sentei em meu lugar na aula de biologia. O dia estava ameno, pois não estava chovendo, mas aquele frio chato e irritante fazia a minha pele ficar fria. E eu amaldiçoava internamente aquele lugar atrasado.
Ontem, depois que Tsunade chegou em casa com a roupa amarrotada e com vestígios de sujeira e a mão enfaixada, nós ficamos ainda um tempo abraçadas no sofá. Eu fazia de tudo para que aquela angustia de perder um entequerido passasse, pois eu não sei se aguentaria perder mais alguém que amo.
Vovó não quis jantar e preferiu ir logo se deitar, pois ela alegava estar extremamente cansada. Eu ainda perguntei se ela estava bem, mas ela disse que estava. E mesmo ela agindo normalmente, eu percebi um brilho diferente em seu olhar. Um brilho de preocupação. E mesmo achando aquela história um pouco estranha demais, eu resolvi deixar quieto, pois aquilo poderia ser paranoia minha, um tipo de trauma que eu peguei depois de perder meus pais.
Eu não queria perder mais ninguém.
Subi para meu quarto depois disso, e de dar um beijo de boa noite em Tsunade. Deitei-me em minha cama, mas não consegui dormir. A frase estranha de Hinata ainda ecoava em minha cabeça, como uma vitrola quebrada. E pensei comigo mesma; o que será que aconteceria se eu tivesse saído com Ino e Tenten? E mesmo achando aquilo estranho vindo de Hinata, eu resolvi segui minha intuição e não pagar para ver, pois minha sorte não andava aquelas coisas. Mas tinha aquela hipótese de Hinata ser uma louca sem noção que só queria zoar com a minha cara.
Enquanto esperava o professor chegar, fiquei olhando a movimentação na entrada da porta enquanto minha mente estava longe. Eu formulava diversas abordagens de como eu deveria fazer em Hinata. Eu queria saber o motivo dela ter me dito aquilo.
Vi Rock Lee entrar depois que um grupo de garotas que tinha entrado primeiro. Ele me procurou com um olhar, e sorriu animado assim que me viu. Sorri forçado, e o vi se sentar numa carteira mais a frente, a duas filas do que a minha que eu estava sentada.
A próxima que entrou foi Karin, ela estava com aquela expressão tediosa no rosto, enquanto o garoto ao seu lado, Sai, falava com ela e os dois se sentaram na carteira da frente. Lembrei-me de Sasuke e me perguntei se ele teria vindo hoje.
O professor logo entrou na sala, mandando todos se sentarem em seus lugares, que ele iria começar a aula. Logo atrás entrou Hinata, vestida como sempre, jeans escuro e casaco com capuz na cabeça. Senti minhas mãos soarem de nervosismo enquanto Hinata se aproximava com sua cara de indiferente. Ela sentou-se ao meu lado, como sem eu nem existisse, como se o que ela me dissera ontem não tivesse acontecido.
A aula começou e o Sr. Sarutobi começou a explicar outra matéria, mas eu estava novamente em meu modo automático, pois minha mente estava longe mais uma vez. Olhei Hinata ao meu lado, vendo-a copiar o dever, tão tranquilamente que me deixava incomodada. Eu pensei em chamá-la, mas como ontem eu escutei o chiado vindo do capuz. Ela estava novamente com os fones de ouvido, que estava sendo ocultados pelo capuz e o cabelo, ignorando o mundo a sua volta.
Quando a aula acabou e os alunos começaram a se levantar e sair da sala para sua próxima aula, Hinata se levantou de seu lugar, terminando de jogar suas coisas na mochila.
Tinha chegado a hora.
— Hinata. - A chamei, mas como eu esperava, ela não me escutou, e se escutou estava me ignorando. Mas eu não iria desistir, eu iria até o fim.
Agarrei seu braço, fazendo-a olhar para mim. Seus olhos claros me fitaram com frieza, mas logo desviou para a minha mão que segurava seu braço. Soltei-a rapidamente, me sentindo um pouco acanhada com aquela garota estranha.
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Lua de Sangue
FanfictionDepois de perder os pais num acidente fatal, Sakura Haruno vai morar com sua avó Tsunade. Ela tentará conviver com o clima frio de uma cidade pequena como Konoha, onde todos se conhecem. Mas Sakura nunca poderia imaginar que o destino fosse reservar...