Capítulo 13 - Autocontrole

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Acordei antes que o despertador tocasse, e ao contrário de alguns dias antes, meu corpo estava relaxado. Eu me sentia de alguma forma mais leve. Não podia deixar de ignorar aquela sensação que estava sentindo. Depois de várias semanas sentindo aquele peso sob as costas - depois da morte dos meus pais -, eu me sentia... feliz.

Virei-me, ficando de barriga para cima e fitei o teto pouco iluminado. Podia escutar o barulho de gotas batendo no vidro da janela do meu quarto e nas telhas da casa. Sabia que lá fora estava caindo um temporal pelo barulho que fazia, mas nem por isso meu humor mudou.

Senti meus lábios se curvarem para cima sem eu ao menos perceber.

Estava sorrindo como uma idiota.

Eu podia me ver na ansiedade de chegar no colégio e poder vê-lo. Meu coração já dava sinais de palpitação ao lembrar-me do meu corpo colado no dele, de suas mãos em minha cintura, e de nossos lábios se tocando.

Eu estava terrivelmente apaixonada pelo Sasuke Uchiha, e nem tinha percebido quando eu consegui essa façanha. Não lembrava. Parecia que os sentimentos sempre estiveram ali trancados, esperando a hora exata para despertar e deixar a minha cabeça numa confusão.

Fechei meus olhos e mordi o lábio. Eu precisava vê-lo. Mas não podíamos dá na pinta, ninguém podia ver a gente e nem sonhar que estávamos juntos, principalmente Tsunade que desde o início deixou claro que era contra.

Nada podia ser perfeito, não é? A minha má sorte adorava andar ao meu lado.

Resolvi sair da cama antes que me atrasasse para o colégio. Não podia perder o ônibus e muito menos me atrasar para a aula do senhor Sarutobi. Havia um trabalho para ser entregue e uma prova para ser feita.

Saí do quarto e entrei no banheiro, fiz toda a minha higiene do dia e tomei um banho sem molhar os meus cabelos. Voltei para o quarto enrolada na toalha. Procurei minhas roupas no guarda-roupas e as vesti. Resolvi prender meus cabelos num rabo de cavalo, e passei um pouco de brilho de morango nos lábios. Dei uma checada nos materiais na minha mochila, constatando está tudo ok, saí do quarto.

Desci as escadas rapidamente, fazendo barulho dos meus passos sob os degraus de madeira ecoar por toda a sala. Joguei minha mochila no sofá e caminhei para a cozinha, encontrando Tsunade como todas as manhãs preparando o café da manhã, vestida impecavelmente com seu terninho azul-marinho.

— Bom dia, vó. - Meu tom havia saído um pouco mais humorado do que costume, e ela percebeu.

Tsunade virou seu corpo para mim, sua sobrancelha levemente arqueada, mas mesmo assim um pequeno sorriso estava em seus lábios pintados de vermelho.

— Bom dia, querida. Vejo que acordou de bom humor.

Sentei-me na cadeira e peguei uma torrada.

— Acho que sim - murmurei.

Tsunade terminou de colocar a mesa e sentou-se de frente para mim.

— Dormiu bem?

Ergui meus olhos para ela enquanto passava a geléia de uva na torrada.

— Como uma pedra.

— Isso é bom. - Ela disse, colocando café em sua xícara. - Uma noite bem dormida o nosso corpo amanhece descansado.

Apenas assenti, enquanto mastigava a torrada.

— Vai querer carona para escola? - Ela perguntou, dando um gole de seu café.

— A senhora não vai se atrasar para o trabalho? Pelo que eu saiba, hoje não é o dia que a senhora entra tarde.

— E não é, mas andar na linha sempre às vezes não é bom. Eles estão me sacaneando e me liberando meia hora depois do expediente. Não estou gostando disso.

Lua de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora