Capítulo 28

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Dentro de uma van estacionada na rodovia às margens da propriedade Kalache, Izzat tirou os fones do ouvido e se levantou. Abriu a porta do veículo e viu Gabriel do outro lado da estrada, falando ao telefone. Respirou fundo e foi até ele. Sem pestanejar, interrompeu a conversa.

— Gabriel, temos problemas.

— O que houve? — desligou o telefone.

— Mohra foi descoberta. Pierre apareceu no escritório. Ele a trancou lá depois de saber que nós temos a pesquisa. Também a agrediu. Temos que tirá-la de lá o mais rápido possível.

— Ainda podemos falar com ela?

— Não. Ele levou a escuta.

Gabriel ficou em silêncio por alguns instantes, como se tivesse montando um plano em sua cabeça.

— Vamos Gabriel, comece a dar as ordens para a invasão.

— Calma, Izzat. Não podemos cometer erros.

— Calma? Conseguimos o que queríamos, agora temos que salvá-la.

— Eu sei, e vamos salvá-la. Mas não poderá ser assim, pois... outra coisa terrível aconteceu.

— Eu não sei o que pode ser mais terrível.

— Melissa não embarcou. Ela foi sequestrada.

O olhar de Izzat petrificou. Foi como se de repente ele tivesse sido atingido por uma descarga elétrica que rasgava a sua carne. Ele fechou os olhos e cerrou os punhos para tentar controlar a sua ira.

— Como isso aconteceu? — ele falou lentamente, puxando o ar com dificuldades.

— A escolta foi interceptada pelo coronel Burnier e sua gangue. Aparentemente já a vigiavam há bastante tempo.

A ira que até então estava sendo, com demasiado esforço, controlada, explodiu como uma ogiva nuclear comprimida e Izzat usou toda a força para socar a porta da van enquanto gritava inconformado:

— Miserável! Burnier vai me pagar...

— Não podemos nos precipitar. Precisamos manter o controle.

— Controle?

Izzat mostrou-se indignado e visivelmente transtornado. Ele tirou uma pistola da cintura e conferiu a carga. Depois, recolocou o carregador no interior da empunhadeira. Enquanto estava assim, em completo estado de revolta, pensava no sofrimento que outra vez provocara na vida de Melissa, e, em contraponto, na situação imprevista pela qual Mohra passava. Sua cabeça parecia que explodiria de raiva. Olhou para Gabriel com o olhar encolerizado.

— Vou encontrá-la.

— Calma, Izzat... você não entende que não podemos dar um passo em falso. Tudo indica que há uma ligação entre Burnier e a Resistência. E ambos não sabem o que é piedade ou compaixão — Gabriel o segurou no braço — Tudo o que conhecem é terror e crueldade. Não hesitariam em acabar com Mohra e Melissa...

— E o que quer que eu faça? Que fique aqui parado? Com medo.

— Não. Mas precisa entender que para vencê-los, teremos que ser frios e calculistas pois as surpresas desagradáveis podem está só começando.

— Você não entendeu, Gabriel... para a Resistência, não haverá surpresa pior do que eu.

Nesse instante, eles escutaram uma voz vinda de dentro do veículo.

Izzat Hassan — a voz era firme, porém extremamente calma —, atenda.

Gabriel o fitou surpreso e falou:

IZZATOnde histórias criam vida. Descubra agora