Capítulo 29

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A noite estava tenebrosa. A típica camada de neblina, comum para aqueles dias, se espalhava por toda a floresta. Izzat andava sozinho pela estrada que levava à guarita do Laboratório de Genética Avançada levando um pequeno pendrive no bolso do seu casaco. Quando faltavam apenas alguns metros, luzes de um potente refletor acenderam-se sobre ele. Nesse instante, sua visão ficou comprometida e, em um gesto automático e involuntário, pôs as mãos sobre os olhos para tentar não perder por completo a visibilidade. O portão automático fora ativado, abrindo lentamente, fazendo-o entender que deveria prosseguir.

Assim que atravessou o portão, quatro homens armados se aproximaram. Não eram os seguranças habituais que resguardavam a propriedade. Eram terroristas mal-encarados, desejos de sangue e guerra. Eles o cercaram de modo agressivo. Ordenaram que ele colocasse as mãos atrás da nuca e o jogaram contra a parede da guarita para revistarem-no. Conferiam os bolsos da calça e da jaqueta em busca de arma ou qualquer outro artefato ameaçador. Não encontraram nada além de um celular e um pendrive onde estava armazenado a pesquisa.

— Isso me pertence — Izzat falou com a voz firme.

O homem que portava os objetos sorriu da ousadia.

— Não mais. — o acertou nas pernas com a coronha da sua metralhadora, fazendo-o cair no chão de joelhos.

Em seguida, outro homem se aproximou e o puxou pela gola da jaqueta e ordenou que caminhasse com as mãos atrás da cabeça, escoltando-o para o interior do edifício.

Dezenas de viaturas policiais cercavam a propriedade. Drones sobrevoavam a região e atiradores estavam espalhados por todo o perímetro. A rodovia que dava acesso à mansão e ao laboratório havia sido interditada e mais de uma centena de policiais e agentes estavam em posição para agir.

— Izzat está dentro do prédio e estamos prontos para invadir. Aguardamos apenas o comando — disse um oficial a Gabriel, diante da porta da ambulância onde Mohra recebia cuidados médicos. Gabriel a acompanhava de perto desde que a resgatara. Ele voltou seu rosto para oficial e disse:

— Está bem. Vamos agir em instantes.

— Não! — Mohra falou enquanto se erguia sobre a maca. — Não será necessário. Eu posso ir ao laboratório. Sei que não farão nada contra mim.

— Obrigado por sua disposição em nos ajudar — Gabriel falou com o olhar sereno —, mas não posso permitir que faça isso. Você já se arriscou demais. Além disso, não creio que Kalache queira negociar.

— Uma invasão será um verdadeiro banho de sangue. Se eu entrar, posso convencer meu pai. Eu sei que posso. Ele vai se entregar e esse pesadelo vai acabar.

— Mohra, não desconfio dos seus poderes de persuasão, mas não se trata de um problema familiar. Eu lamento, mas quero que fique aqui e descanse. Depois do que ocorreu, você precisa relaxar e se acalmar. — ele soltou o ar com força — vou ter que deixá-la agora. Precisam de mim para agir. Fique aqui. Aqui é seguro — ele se levantou e sorriu — não deixarei que nada de ruim aconteça com você, está bem?

Mohra abaixou a cabeça e consentiu com uma leve sacudida. Gabriel saiu e seguiu o oficial. Eles entraram em uma tenda montada às margens da estrada.

Deu alguns passos e parou diante de uma mesa. Nela estava estendido um grande mapa da propriedade, bem como plantas do laboratório. Além disso, um plano fora elaborado para invasão. Após percorrer seus olhos sobre a papelada, considerou razoável a estratégia, mas, ainda assim, discutiu alguns aspectos com os demais oficiais que estavam juntos e em seguida fez algumas sugestões. Depois de alguns minutos de intenso debate, entendeu enfim que estavam preparados, no entanto, não poderia agir antes de Izzat negociar a retirada de Melissa do laboratório. Havia feito essa promessa a ele: agiria apenas depois que Melissa estivesse a salvo. Ele olhou para o relógio e percebeu que ainda era cedo. Que precisaria aguardar mais um pouco. Coçou a cabeça, preocupado. Confiava em Izzat, mas temia que algo fugisse do controle; temia que ele se precipitasse. Ele só precisa seguir o plano — pensou. Enquanto estava tomado por preocupações, outra vez sua atenção foi voltada para um homem fardado que se aproximou dizendo:

IZZATOnde histórias criam vida. Descubra agora