Thirteen years later

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Oi amores <3

Pra alegria dos curiosos de plantão, vou postar antes do que previa!

Amo você.

- G





20 de setembro de 2026


A mulher de vestido preto estava chorando.

Ela se ajoelhou em frente a uma lápide e segurou a placa de granito com uma das mãos. Seu corpo frágil tremia com cada soluço, e o seu cabelo grisalho, enrolado cuidadosamente em um coque, parecia desfiar cada vez mais.

Camila Cabello observava por trás de uma das árvores.

Ela reconheceu a mulher, mas se manteve afastada. Ela respeitava a dor. Haveria um momento certo para ir até ela e ajudá-la a se levantar, mas não era agora. Assim, ela colocou as suas luvas de trabalho no bolso de trás da calça, abriu a embalagem de chicletes, colocou o doce na boca e esperou, ela havia aberto aquela cova durante a manhã.

Camila retirara o caixão do carro fúnebre, levara até a sepultura, e cobrira—o de terra após o funeral.

Era o único enterro do dia no cemitério Waterside, um dos subordinados de Camila estava podando as cercas viva. Outro estava lavando os monumentos com uma mangueira de pressão. Um terceiro recolhia galhos que haviam caído durante uma tempestade. Setembro era sempre o mês mais calmo do ano no ramo de funerárias. Camila não sabia ao certo por que isso acontecia, mas ela sabia que dezembro e janeiro eram definitivamente os mais movimentados.

As pessoas faleciam com mais frequência nos meses mais frios, e ela se perguntava se era por culpa do gelo ou uma resposta natural aos excessos cometidos durante as festas.

Treze anos haviam se passado desde que Camila fora ao Waterside pela primeira vez.

Treze anos haviam se passado desde que os paramédicos não conseguiram reanimar sua irmã.

Treze anos haviam desaparecido desde que Sofia foi enterrada em um pequeno caixão perto da Floresta das Sombras.

Treze outubros.

Treze campeonatos mundiais de beisebol.

Treze anos mantendo a promessa.

Camila ainda era uma garota bonita, com uma franja castanha. Aquela covinha marota em uma das bochechas sempre aparecia quando ela sorria, e seus olhos cor de chocolate sempre encantavam a todos que conversavam com ela.

Camila havia crescido mais alguns centímetros. Seu corpo era definido de tanto carregar caixões e pedras. O único legado do acidente era um leve manquejar, que nem sequer era perceptível. Os médicos haviam dito que os pinos, os parafusos e as placas em seu fêmur e na fíbula iriam ativar detectores de metal — mas ela nunca teve a oportunidade de descobrir se isso realmente viria a acontecer.

Após o acidente, ela havia terminado o ensino médio, passado alguns anos na faculdade de Salem State e obtido um diploma em atendimento médico de emergência. Ela era uma paramédica licenciada, mas independente do quanto tentasse se afastar, nunca conseguiu ir para muito longe de Waterside. Até mesmo o amor de uma linda professora em Peabody não conseguiu tirá-la de lá, pois ela era sempre atraída por aquele lugar e pela promessa. Era o seu mundo, hectares de grama e granito cercados por cercas de ferro fundido.

Ela morava na casa do zelador, próximo da floresta, e administrava toda a operação — enterros, corte de grama e manutenção. Era um trabalho que requeria responsabilidade, e ela era uma jovem responsável — exceto por aquela noite na ponte quando tudo havia mudado.

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