A GABI DE VOCÊS TA VIVA
VIVAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!
Hunter corria como cachorro possuído, por toda a praia Devereux.
Lauren estava na areia fria, e chamava pelo cão, mas ele a ignorava. Corria pela areia e molhava-se na arrebentação das ondas. Desde que ela abrira a porta, ao nascer do sol, ele havia disparado pela rua sem que ela conseguisse acompanhá-lo. Ele estava velho, surdo e tinha artrite, mas ainda podiam correr juntos todas as manhãs de domingo, passando pelas ruas tranquilas da parte velha da cidade, pela orla, dando uma volta pelo Neck, e terminando sempre no cemitério.
Normalmente, ele ficava preso pela guia, trotando ao seu lado, latindo para os gatos da família Blaneys, na Rua Merritt, e fuçando nas latas de lixo atrás do Shipyard Galley. Mas não hoje. Ele estava bem ansioso. Lauren sentiu o vento vindo do oceano enquanto observava Hunter se aproximar de um pescador sentado em uma cadeira de jardim. Ele estava a uns bons 150 metros, mas ela sabia que era Dubby Bartlett, com suas preciosas varas de pesca enfiadas na areia, as linhas vibrando com a arrebentação das ondas. Ele sempre pescava ali nas manhãs de domingo, enquanto sua esposa estava na igreja rezando pelos dois.
— Dubby! — ela gritou. — Segure o Hunter para mim! Preciso colocar a guia na coleira dele. — Ele fez um carinho no cão, depois olhou para a rua, como se esperasse que ela estivesse por perto. — Dubby! — ela gritou novamente. — Deste lado!
A brisa estava forte, levantando uma nuvem de areia, e a voz de Lauren se perdeu no vento. Hunter pulou no colo de Dubby, esfregou o focinho no seu rosto, latiu e saiu correndo de novo. Por um momento ele observou o cachorro indo embora, e depois voltou sua atenção para os seus molinetes. Lauren correu atrás dele novamente, gritando para que o retriever parasse. Ela estava perdendo a paciência. O que aconteceu com ele? Ele estava se comportando como um filhote novamente, totalmente incontrolável, pulando e correndo pela orla, andando outro quilômetro sem sequer parar.
— Hunter! — ela berrou. — Volte aqui agora! — Mas o cão trotou pela trilha que terminava nos bancos rochosos da enseada do Waterside, e subiu a colina, passando pelos portões dos fundos do cemitério. Lauren o perdeu de vista, mas ela sabia que ele estava indo em direção ao topo da colina, onde havia muitos túmulos. Passando pelas várias lápides, ela viu Midge Summer do outro lado do gramado. Ela era uma das amigas de sua mãe. Agasalhada em sua velha jaqueta roxa, equilibrava-se em uma escada, limpando a estátua em tamanho natural da sua irmã Madge, que falecera devido a uma pneumonia quando criança. Midge vinha ao cemitério todos os fins de semana para limpar as orelhas de gesso de Madge com cotonetes e o resto do corpo com sabão de sândalo. Midge estava muito concentrada na limpeza da estátua para notá-la e, assim, Lauren continuou em direção ao túmulo do seu pai, onde ela sabia que Hunter estaria esperando.
— Você é um cachorro muito malcriado — ela disse. — O que deu em você? — Hunter rolou no chão, cocando as costas na grama. — Não pense que o seu charme vai te tirar dessa — Ela disse. — Estou furiosa. Que loucura! — Ela se sentou ao lado dele e ignorou seus latidos. Em vez disso, Lauren olhou para o ancoradouro e ficou maravilhada com o estranho brilho daquele dia.
O azul do oceano parecia mais vivido do que nunca, e as velas dos barcos brilhavam como espelhos contra o sol. O espaço do Querência estava bloqueado por uma bela escuna de 42 metros, que provavelmente havia parado ali para pegar equipamentos da loja de velas náuticas Doyle. Lauren inalou o inconfundível aroma de isca de arenque que vinha das armadilhas para lagostas empilhadas no ancoradouro. Até mesmo o seu olfato estava mais apurado hoje, e a fragrância de peixe a fazia lembrar de seu pai voltando do mar para casa todas as noites. Então, ela ouviu risos e gritos atrás dela, e viu um beagle saindo a toda velocidade das árvores, perseguido por uma garota magricela que vestia jeans e um blusão cinza.
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Butterfly
Fanfiction― Confie em seu coração se os mares explodirem em chamas... ―...e viva pelo amor ― Lauren continuou -, mesmo que as estrelas se movam para atrás.