Thank you, daddy

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Oiiiiiiiiiiiiiiiiii, meu amores!

Beautiful Crime acabou ): Gostaram? 


- G


Os cantos de seus olhos e da sua boca estavam cobertos por flocos de sal ressecados do oceano.

Lauren esfregou o rosto e lembrou a última vez que ficara daquele jeito. Não foi uma tempestade que deixara aquelas marcas. Em vez disso, o resíduo branco fora deixado após a torrente de lágrimas que seguiu o enterro de seu pai. Naquela época, sua mãe havia esfregado os grãos de seu rosto, dizendo que eles eram uma lembrança de que as lágrimas e a água do mar haviam se misturado durante milhares de anos.

Lauren também estava com uma dor de cabeça horrível, e seu corpo estava cheio de manchas negras e roxas dos hematomas que conseguira. Na verdade, negro e laranja seriam cores mais adequadas, com grandes manchas nas cores do Halloween por toda a extensão dos seus braços, quadris e coxas. Mas os vergões e as marcas de contusão pareciam não importar nesse momento.

O mais importante em seu cérebro latejante era que ela havia voltado a terra firme, exatamente onde ela queria estar: no cemitério Waterside, perto do seu pai.

Ela se sentou à sombra do bordo, ao lado do túmulo. O gramado estava úmido, mas ela não se importava em se molhar um pouco. Lauren havia tirado os tênis, arregaçado as barras das calças e estava se deleitando com a sensação de estar inteira.

Seus dedos dos pés se agitavam na grama, e ela esticou as pernas, olhou para a lápide de granito que marcava o nome do seu pai. Ela sabia que devia sua vida a ele. Depois daquela tempestade miserável, ele a havia guiado para casa, para o seu porto seguro.

― Sabe, eu nunca parei de conversar com você lá no meio do mar, a noite inteira — ela disse. — Acho que você deve ter me escutado.

Claro, ela não acreditava realmente que ele estava ali com ela, debaixo da árvore. Isso era de uma tolice incrível, como as bruxas de Salem. Seu pai não ficava zanzando pelo cemitério, esperando ela vir visitá-lo. Não, ele estava por aí, em algum lugar, uma força, uma energia, ou algo do tipo. E se houvesse um céu, ele com certeza estaria lá, tomando uma cerveja, pescando atum em algum barco celestial.

Lauren deitou-se no gramado, colocou as mãos por trás da cabeça e olhou para cima fitando as folhas cor de ferrugem. Este era o lugar onde ela se sentia mais segura em todo o mundo.

Então, uma imagem da noite anterior tomou conta da sua mente: o Querência virando de cabeça para baixo, o mundo se invertendo.

― Jesus! — ela disse em voz alta, sentando-se. Esfregou um hematoma no seu antebraço. Ela definitivamente havia aprendido uma boa lição. Passar três horas no escuro dentro de um barco virado sem eletricidade ou rádio a deixara muito assustada. Agora ela tinha de cumprir a promessa feita ao seu pai.

Engatinhou pela grama e se apoiou sobre a lápide. Quando Lauren tocou suas costas doloridas nela, a pedra fria causou uma boa ideia. Ela virou seu rosto e pressionou sua bochecha na superfície. Correu os dedos pelo entalhe, onde o musgo começava a nascer.

Michael Jauregui

1941 — 2002

― Eu sabia que você viria me socorrer — ela disse, sentindo as lágrimas brotarem. Esfregou os olhos e espirrou. Ela tinha uma regra simples de não chorar, que vinha desde a infância. Nunca deixou sua mãe nem sequer outra pessoa a verem transtornada. Chorar era para os panacas, mas na frente de seu pai, as coisas eram diferentes. Quando ela estava triste, ele nunca se esquivava. Quando se sentia fraca, ele nunca vacilava. Na verdade, ele sempre fazia com que ela se sentisse mais forte. Ele a confortara zilhões de vezes, em suas decepções e desilusões. Claro, ele nem sempre aprovava suas decisões — especialmente aqueles rapazes da faculdade que falavam línguas estrangeiras e andavam de motocicleta —, mas ele nunca a julgou. Ele definitivamente não era um homem muito tranquilo, especialmente após alguns coquetéis; e ele também não era o homem mais introspectivo ou politizado do mundo, mas era a única pessoa que realmente a compreendia. Ninguém mais nunca nem chegou perto disso.

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