The darkness is gone

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Quem é que tinha um único capítulo gigante o dividiu pra fazer maratona surpresa? Quem, quem?

Amo você.

- G




Uma névoa encobria o chão, abafando os sons do mundo. Camila, Sofia e Oscar estavam abraçados no escuro. Não havia ninguém por perto. Eles poderiam estar em qualquer lugar ou em lugar nenhum. Não importava. Eles estavam juntos.

— A mamãe vai nos matar por causa disso — disse Sofi, tremendo. Ela socou a sua luva. — Ela vai ficar uma fera. Vai mesmo.

― Não se preocupe, Borboleta — disse Camila. Ela afastou a franja castanha da testa da sua irmã. — Eu dou um jeito.

Ela conseguiu imaginar a decepção da mãe: a testa ficando vermelha, as veias das têmporas pulsando, a sua expressão furiosa, com aquelas pequenas linhas que marcavam seus lábios.

— Eles vão nos botar na cadeia por causa disso — falou Sofi. — A Sra. Pung vai nos fazer pagar, e não temos nenhum dinheiro.

Ela virou a cabeça e se concentrou em uma forma retalhada no meio da escuridão. Lá estava — a carcaça do carro. O que não havia sido destruído na batida fora cortado em pedaços pelo pessoal do resgate.

— Você não vai para a cadeia — disse Camila. — Você não tem idade. Eles não mandariam uma garota de 10 anos para lá. Talvez eu, que estava dirigindo, mas não você.

― O que vamos fazer? — disse Sofi.

― Eu vou pensar em alguma coisa.

― Desculpe — disse Sofia. — Foi minha culpa.

― Não, não foi.

― Eu distraí você com a lua.

— Não, nada disso. Eu deveria ter visto o caminhão e desviado dele.

Sofi socou sua luva. O som parecia um estalo em meio ao nada. Outro soco.

— E agora, o que fazemos? — ela perguntou.

— Me dê um minuto — disse Camila. — Estou pensando. 

Ela olhou em volta, tentando entender o que estava acontecendo na paisagem. Não havia sinal da ponte, nem da curva do rio, nem do contorno dos prédios da cidade. O céu estava todo negro. Ela buscou Polaris, a estrela do norte. Procurou por qualquer constelação que pudesse indicar uma direção. Mas tudo que conseguiu ver foram formas movendo—se ao longe, sólidos no fluido da noite. E assim, através da escuridão, ela começou a perceber onde estavam. De alguma forma, misteriosamente, elas haviam sido transportados para uma pequena colina, de onde era possível ver o porto. Ela reconheceu a curva da enseada, com o amontoado de mastros balançando sobre a água e o brilho verde do farol.

― Acho que estamos em casa — ela disse.

― Como isso aconteceu?

― Não faço ideia.

Ela apontou, mas Sofi não demonstrou interesse.

― Mamãe vai nos matar.

— Não, não vai — disse Camila. — Estou pensando em um plano neste momento. Confie em mim.

Mas ela não tinha a menor ideia do que fazer ou de como sair dessa encrenca. Então, ela viu outra luz a distância, fraca à primeira vista, mas que pouco a pouco ficava mais brilhante. Talvez uma lanterna ou um grupo de resgate. Oscar começou a latir, no início amistosamente, mas depois ele deu um longo ganido.

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