Agradeci muito a nossa senhora da bicicletinha quando finalmente pude sair do metro quadrado em que estava presa com Augusto.
Maria reclamava horrores por eu a excluir e não contar mais as coisas para ela. Aquilo já estava enchendo minha paciência e a cada passo que eu dava, tinha vontade de levantar as mãos para o céu para Deus me levar.
Ela continuava tagarelando, mas eu não fazia a menor ideia do que fala, talvez porque não conseguia parar de pensar em como desperdicei meu tempo com Augusto dando chances mesmo sabendo que ele iria estragar tudo.
Eu estava feliz e muito. Ele fazia com que me sentisse bem, era como se tivesse borboletas dentro de meu estômago e que a qualquer momento elas iriam sair pela minha boca, mas ao invés disso elas morreram... Morreram dentro de mim junto com o amor que sentia por Augusto.
Maria berrou em meu ouvido e eu felizmente ou não entrei para a realidade. Ela queria saber o que aconteceu, então eu olhei em volta para ver se Augusto estava por perto e eu contei tudo. Desde a praia, a festa, no carro depois do sequestro, no apartamento, no shopping e no corredor do nosso andar.
Vi em seu olhar a fúria que sentia, ela bufava como se aquilo fosse aliviar a raiva que percorria em suas veias, seus punhos se fecharam, então ela procurou algo em sua volta e se virou para mim.
- Não acredito. – berrou em meu ouvido, nunca tinha visto Maria desse jeito, ainda mais por mim – Eu vou matar esse imbecil.
Olhei sem entender para ela e a mesma continuava bufando, agora seus passos estavam pesados e eu começava sentir medo da mesma.
- Por que alguém faz de tudo pra conquistar uma pessoa e no final sempre acaba estragando tudo? – Maria me perguntou, eu fiquei sem resposta e ela continuou – Faz um tempão – ela estala os dedos – que ele vem me enchendo a paciência para saber de você, sobre você, do que você gosta, do que não gosta e ele estraga tudo.
- Quanto tempo mais ou menos? – agora foi eu quem perguntou, por que ela nunca teria comentado sobre isso? Ou será que ela comentou e eu não prestei atenção?
- Ah! Uns sete quatro meses ou mais. – solta dando de ombros, então logo depois põe a mão na boca insinuando que não deveria contar isso e depois dá de ombros de novo pensando alto – Ele nem merece que eu guarde esse segredo. Já estragou tudo.
Agora eu entendi o porque de Maria não desgrudar dele, a um tempo atrás achei ela estaria até furando o meu olho, mas eu sei que ela não faria isso. Eu acho, acho porque minha meia-irmã fez isso, por que Maria não faria?
Bianca. Bianca. Bianca. 3, 2, 1... esquece isso, ela é sua melhor amiga e muito diferente de Mands. Ela tem liberdade, seus sonhos são enormes, suas expectativas são altas e ela não sente medo do tombo que pode levar por isso. Agora Mands, ela é irracional, não tem sonhos porque ela pode ter tudo na mão dela em instantes e eu acho que é por isso que ela tenta destruir os das pessoas próximas ou até de pessoas que não são próximas.
- Esquece isso, pipoquinha – disse para Maria a chamando pelo nosso apelido. – Mas e aí? O que aconteceu com o Bray?
Falei entrando pelo primeiro portão do colégio, ela demorou um pouco para responder, mas assim que entramos fomos direto para o pátio. Algumas pessoas veio me perguntar coisas como "Como é passar por um quase ritual?" Na verdade, eu nem teria pensado nisso, ainda tinha sim algumas cicatrizes a mostra e uma maior na minha barriga.
Nem tive tempo para pensar se isso for bom ou ruim, pois por um lado, eu passei o maior trauma de minha vida e por outro, meu pai voltou e eu pude enxergar que Augusto não era tudo aquilo que eu imaginava.
Por falar nele foi ele que apareceu interrompendo Maria que dizia algo sobre o bray estar quase namorando o alisson. Algo assim...Eu não fiz questão de levantar minha cabeça para olha-lo, continuei fitando meus pés que batiam no chão com o ritmo da música que lembrará para esquecer o que estava em minha frente.
Maria então levantou-se e começou berrar atraindo olhares, eu até tive que levantar a cabeça porque ela nunca tinha agido assim. Maria não era de brigar, ela era contra isso, preferia sempre uma conversa civilizada do que um barraco ainda mais em público.
Ela dizia a ele o quanto ele era canalha por fazer sofrer que o amava, por fazer de trouxa, por enganar, por mentir sobre seus sentimentos. Ele a contrariava dizendo que me amava, que nunca mentiu e nunca quis me enganar.
Assim que eu me levantei, eles pararam e se viraram para mim esperando que eu falasse alguma coisa, mas eu só sai de lá. Não tinha lugar para ir, só andava vagamente. O prédio em que eu estava era o A havia quatro andares. Cada andar eram duas matérias e a agora eu iria ter Inglês no segundo andar.
Só que eu estava encantada aqui no primeiro andar vendo os alunos se preparem para aula de teatro.Quando eu entrei na escola me deram umas listas de matérias para escolher, uma das listas eram aulas só do prédio B, a outra eram só aulas do prédio A, a terceira eram aulas separadas. Eu escolhi as aulas separadas porque pensei que seria legal ter aulas nos dois prédios, mas na verdade eu tinha mesmo era que correr um pro outro para não perder as aulas.
E eu ainda tive a brilhante ideia de trocar teatro por biologia.Nesse momento eu já havia me esquecido do que aconteceu no pátio.
De Augusto, de Mands, de Maria e de Lucas, mas algo dentro de mim me fez pensar que eu deveria perdoar por uma última vez Gus. Só que eu não podia fazer isso, iria me machucar mais uma vez... ou não? Está bem. Já decidi o que devo fazer.---------------------****------------------
N: Leia Não solte minha mão de @medellynsabrina
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Desastre
Teen FictionA vida para Bianca não é nada fácil, ainda mais acompanhada com seu velho amigo Desastre. Diário pessoal (ou não) de Bianca.