Caos de corpo, paz de alma

26 3 0
                                    

A noite abraça-nos com toda a sua beleza de mulher

Beija-nos na boca com paixão

Despe-nos o corpo com fúria

Rasga a pele com amor

Arranca os cabelos com as mãos frias

É o fim, a morada final

Uma gare fria e vazia, escura e silenciosa

É a definição de paz, nada dever, nada temer

Não depender de ninguém nem de nada

Apenas nós e mais nada

Dizem que somos feitos de estrelas

E é verdade, e também é verdade que

À noite tornamo-nos estrelas de novo

Canta o coro a última musica

Reza a esposa o último avé Maria

Fecha-se a porta da cama

Põem o pai à costas e vão

Deitá-lo num buraco que há de ser

Novo templo, nova casa

Paz de alma, paz de alma

E Deus deita-se sabendo

Que o Homem nunca há de compreender

Os desígnios da vida.

-JM


IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora