Num dia de chuva amarga

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Num dia de chuva amarga

Numa terra longínqua

Quando o vento uivava

E o céu latia

Nasceu um rapaz

Que sentia demais

Mas não tinha sentidos


Não tinha nome porque ninguém se importava

Não tinha casa porque era ninguém

Não tinha família ou amigos

Porque não sentia mas amava

Esta é a história de dor e perda

Mas de encontro e salvação

Porque o rapaz era real

E a história semi ficção


Mas comecemos pelo inicio

Pois não devemos pôr a carroça à frente dos bois

Já sabemos quem é o rapaz

Falta saber a sua história

O rapaz não sentia

Mas tinha todos os sentimentos

Amava, chorava e ria

Mas não recebia

A felicidade alheia ou o amor de alguém

Vivia numa eterna dor

E ardente amor que o queimava

Pois era quente como as estrelas

O rapaz não sentia e vivia

Numa eterna solidão

Porque não tinha amigos, nunca os teve

Porque ninguém gostava dele

Não era interessante, bonito ou falador

Era apenas um rapaz sozinho

E em dor


O que o torturava mais

E a que todos tortura

É que amava sem fim

Mas não sentia amor

Esperava a vida toda

Mas não era esperado

Queimava-se como uma vela

E não era apagado

E ninguém lhe alumiava o caminho

Quando acendia velas para todos


Gosto de acreditar que alguém o amava

Caso contrário é uma história muito triste

E parte-me o coração

Que o pequeno e indefeso rapaz

Não conseguisse sentir esse amor

Talvez fosse azar, ou castigo

Talvez fosse sorte, ou o destino

Mas o rapaz chorava os olhos

E morria cada noite

IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora