Como é possivel?

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Estou completamente surpresa. Como é possível aquilo ser verdade? Que habilidades tem ele? E até onde poderá ir?...

- Antes que te comeces mesmo a passar...Deixa-me expiar-te tudo com calma... - começa ele - Pouco tempo depois de eu fazer 18 anos, aconteceu-me uma situação que colocou a minha vida em risco, uma vez que eu não tinha ninguém para me salvar avivida, o gene revelou-se, é assim que normalmente acontece... As pessoas que têm o gene revevelam-no quando a sua vida é colocada em perigo por alguma razão... Depois do gene se revelar foi bastante confuso, apareceram pessoas que me treinaram e me ajudaram a controlar as minhas habilidades... Nós temos um sítio próprio de treino, é como se fosse uma escola...

Ele pára para me deixar absorver a informação. É na verdade complicado assumir que tal coisa pode acontecer mas a verdade é que pode... E se isto tudo é mesmo verdade entao eu tenho uma proteção muito especial... Dou por mim a perguntar-lhe:

- Mas afinal quais são as tuas habilidades?

- Bem... As alterações que ocorrem com a revelação do gene são muitas... Passei a poder saber o que as pessoas sentem ou pensam se quiser, a não ser que estejam treinadas para se protegerem disso, mas por norma não me é permitido nem gosto de invadir assim a privacidade de uma pessoa... Sou capaz de mover e manipular tudo o que se encontra à minha volta, incluindo moléculas, o que significa que as posso fazer reagir de modo a criar novos compostos... Isso significa também qua por vezes posso contrariar as leias da física, como rexemplo mover as partículas de ar de modo a reflictam a luz em direções diferentes permitindo-me ficar oculto da vista de outras pessoas... Por fim... Surgiu-me um par de asas que apenas aparecem quando eu quero...

Ele termina e olha para mim como se eu fosse fazer um escandâlo ou fugir dali a correr, mas eu limito-me a ficar ali parada a olhar para ele com um ar completamente perdido. Aquilo não podia ser possível...

Mas é pequena... Ouço no meu pensamento, e sei que ele entrou na minha cabeça para me dizer aquilo.... Desculpa, estou preocupado e só queria saber o que se está a passar no teu pensamento, não te chateies comigo... Ouço mais uma vez... Sim, aquilo está mesmo a acontecer, e eu não o culpo por tentar saber o que penso neste momento, afinal estou simplesmente parada, sem falar...

- Mais algumas vez entraste na minha cabeça pra saber o que eu estava a pensar? - pegunto-lhe.

- Não, nunca te fiz isso e não pretendo repetir a menos que seja extremamente necessário... Entre nós costuma-mos usar isso, mas vocês não o conseguem fazer, nem se sabem proteger, pelo que eu não vou fazer isso...

- Obrigada... Algumas vez aproveitaste o que consegues fazer para ouvir conversas ou algo do género?

- Muito poucas vezes quando te via mesmo mal, apenas para saber se havia algo que eu pudesse fazer... Acabou sempre por ser frustrante pois eu era inútil... Eu sei que tu não me conheces, mas eu conheço-te um pouco e sendo a minha função proteger-te, tornaste-te numa pessoa importante... Gostava que agora conseguíssemos criar uma boa amizade, talvez pudesse passar a ajudar-te naquilo que fui inútil em tempos... Não gosto nada de te ver sofrer. - e vejo nos seus olhos o carinho que tem por mim.

- Hmmm... Sim, acredito que criamos... Mas deves saber muitas das coisas que me magoaram... Coisas que eu não conto a quem não conheço...

- Confesso que sim, e desculpa se sentes que invadi a tua privacidade... - mostra estar verdadeiramente arrependido...

- Tudo bem... Eu só espero não me vir a arrepender de saberes essas coisas... - e olho-o nos olhos para ele perceber a responsabilidade de que é saber determinadas coisas sobre mim - Sabes que agora não terás desculpa de certas atitudes que me possam magoar, porque já é suposto saberes o que não me podes fazer...

- Sim eu sei...

Ficamos os dois calados a olhar um para o outro por momentos... Depois eu digo-lhe que tenho de ir para casa, na verdade tenho aquilo tudo para digerir e é melhor fazê-lo sozinha... Não é fácil acordar num dia como uma "pessoa normal" e acabar o dia como alguém que tem uma espécie de anjo da guarda...

**

Os dias foram passando e eu e o Carlos estávamos cada vez mais próximos, passávamos muitas tardes juntos e eu sabia que mesmo quando ele não parecia estar ali , estava prensente na mesma. Assim se passou um mês... Estamos perto das férias de Natal, que na verdade não vão ser ferias para mim, pois tenho exames logo a seguir... Combinei hoje passar a tarde com o Carlos, ele disse-me que tinha algo para me mostrar e vem buscar-me à faculdade às 16h pelo que fico na biblioteca a estudar até essa hora, depois vou ter com ele ao mesmo sítio onde nos tínhamos encontrado no dia em que me contou tudo... Vejo-o novamente encostado à mota e reparo que se alegra quando me vê, pois apesar de ser o meu anjo da guarda continua a ter de treinar, e aproveita para o fazer enquanto estou na faculdade, pois sabe que aqui estou segura.

- Olá pequena! - diz-me com um sorriso enorme no rosto.

- Olá anjinho! - é uma piada nossa que as pessoas costumam achar super foleira, mas nós sabemos a ironia presente naquela alcunha - Vamos onde afinal?

- Já vais ver... - responde-me com um sorriso matreiro que se estende até aos olhos.

Sinto-me verdadeiramente bem com ele... A segurança que me transmite é inexplicável e talvez se deva à função que ele tem na minha vida mas eu começo a suspeitar que não é apenas isso. Montamos na mota e seguimos caminho até à serra de Sintra. Paramos quase no topo, e apesar de ter passado a manhã toda com frio na faculdade neste momento sinto-me bem, pelo que suspeito que ele arranjou maneira de nos aquecer... Ele olha para mim, aproxima-se:

- Estás preparada para viver a melhor experiência da tua vida? - sussurra-me ao ouvido. Aquele gesto prpvoca-me um arrepio pela coluna, mas é um arrepido que me faz sentir bem... Ele pede-me para me virar de costas para ele e encostar-me, fico com a minha cabeça cinco centímetros a baixo do queixo dele, até ali não me tinha apercebido da altura dele... Sinto o ar fazer pressão à minha volta encostando-me completamente ao corpo dele, e começo a sentir calor apesar do frio de inverno... Depois começo a ver o meu corpo e o dele a desaparecer... O que estaria ele a tramar... E por fim ele diz-me:

- Podes falar que as pessoas também não nos ouvem - e ri-se matreiramente - preparada?

- Para o quê?

Não me responde e simplesmente salta levando-me com ele. Espero sentir o meu corpo descer mas mantemo-nos no ar e aí percebo, ele ia voar comigo. Começo por sentir algum medo, mas acabo por descontrair, ele nunca faria nada que me pusesse em perigo, e olho pela primeira vez à minha volta. Fico deslumbrada, a vista é espectacular! A serra com a sua vegetação verde esmeralda passa por baixo de nós, mais à frente estão prédios e nós dirigimo-nos em direção ao mar. O mar... Azul profundo e imenso... Um dos meus amores...

- Algo que aprendi sobre ti ao longo de um ano foi que amas o mar...

Seguimos calados, a aproveitar a vista do sol que se começa a pôr.

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