Implacável Vingança

Capítulo XXV

Depois de dizer tudo que era preciso a seus familiares e declarar seu amor Karina, Marcos foi para um hotel e agora estava livre para continuar sua vingança, mas era extremamente necessário que calculasse cada passo que daria a partir desse momento para que nada saísse do controle, pois bastaria um erro para que isso acontecesse. O advogado não sabia como ir atrás de Rogerinho, ou como se defenderia, já que este estava atrás dele, e mesmo com toda fúria que se encontrava dentro dele, Marcos sabia que precisava ser racional e estudar seus atos, pois agora ele não possuía o trunfo de ser um elemento surpresa. Outro fato a se considerar era que não era possível atacar diretamente o inimigo, por dois simples motivos, o primeiro, levando em conta o susto que Rogerinho tomou no ataque a casa, era que sua segurança estaria muito mais bem preparada e em maior número, e segundo que o advogado não poderia entrar de "peito aberto" no território do traficante e ataca-lo, isso seria uma viagem só de ida. Apesar de a ideia de que tal viagem seria viável, ou seja, ele se sacrificar para atingir sua meta, ter sido considerada, depois de tudo o que ocorreu na delegacia, ela se tornou ridícula, Marcos precisava voltar, agora alguém o esperava, e ele não poderia errar.
A mente do advogado se confundia a cada novo pensamento que aparecia em sua cabeça, nenhuma ideia construtiva, nenhum plano de ação que tivesse a mínima chance de dar certo, nada surgia, a cada minuto que passa, ele se desesperava ainda mais, a solução não aparecia, mas algo que ele não podia fazer era desistir dessa vingança, até porque nas últimas semanas, toda sua vida era em função disso. Marcos passou mais algumas horas nessa dúvida do que fazer, até que decidiu dormir e pensar em algo somente no outro dia.
Pela manhã, o advogado continuava em dúvida sobre os seu próximos passos, então decidiu se aconselhar com seu amigo André, que com certeza pensaria em algo para lhe auxiliar. Como de costume, chegou a Igreja algum tempo antes de o culto terminar, se sentou no último banco do salão, e observou cada palavra e cada movimento de seu recém amigo, todos os gestos e frases dele convenciam os fiéis a segui-lo, era uma característica a se admirar naquele homem, ele tinha o poder de controlar as pessoas, mas mesmo admirando essa virtude do pastor, Marcos temia que pudesse estar sendo ludibriado por ele, assim como aquelas pobres pessoas. Cada palavra de André causava duas reações instantâneas no advogado, a primeira de admiração, pela lábia daquele nordestino "arretado" usava para conseguir convencer os frequentadores de sua humilde igreja, e a segunda, era o medo, um calafrio subia todo o seu corpo, e se ele estivesse mancomunado com Rogerinho, se aproximando de Marcos para atrai-lo para alguma armadilha. Passados alguns minutos, que foram como horas na confusa mente do advogado, o pastor veio em sua direção, sentou ao seu lado e disse:
- Sabe qual a característica que eu mais admiro em uma pessoa, meu caro amigo? - Marcos fez que não com a cabeça e André prosseguiu - A perseverança, aquele instinto que vem lá do âmago e nos diz para não desistirmos, a vontade de vencer que não se esgota, para mim, isso é mais importante que qualquer outra característica humana, um homem que persiste em seu desejo, é um homem realizado de corpo e espírito, e você tem esta perseverança em seu interior, por isso, e só por isso, estou me disponibilizando para te ajudar em sua vingança, não diretamente, mas darei algum suporte.
Marcos, apesar de chocado com as palavras do pastor, aceitou de bom grado a ajuda, e permaneceu ali por mais uma hora, ouvindo os conselhos e diretrizes do amigo, e a primeira decisão foi que esperar a poeira baixar era o melhor a se fazer, já que o ataque frontal fôra um ato extremamente chocante para seus inimigos, que deviam estar sobreaviso recentemente.
Marcos saiu da igreja tarde e foi direto para casa, deitou em sua a cama e ficou imerso em pensamentos sobre tudo que ele passou desde a morte de seu irmão, foram tantos os momentos que parecia que haviam passado meses. Mas antes de pegar no sono, seu último pensamento foi de felicidade, agora, além de ter alguém para voltar depois do fim de sua luta, ele adquiriu um aliado para ajuda-lo.