Capítulo 06.

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aquele momento fiquei branco, transparente, azul, roxo.. todas as cores possíveis. Pensei que ia levar um tapa na cara pela reação que a Larissa tinha no rosto, mas algo me surpreendeu

- SEU FILHO DE UMA.. Enzo???? Nossa, é você? Me desculpa, olha, não precisa se preocupar, tá? Acidentes assim acontecem, hoje mesmo vou comprar outro material! - Disse Larissa.

O QUE???? Como assim, gente? Eu derramei café em >>>TODO<<< o material da menina e ela disse que eu não precisava me preocupar? Bom, me preocupar eu tinha me preocupado e, apesar de não ter entendido bem o motivo da gentileza dela, não ia me expor mais ao ridículo no meio de várias pessoas no primeiro dia de aula.

Subi no elevador junto á 3 meninos em direção ao corredor do 2 ano do Ensino Médio, era um corredor imenso, com várias salas e uma porta no fundo, que dava até as escadas de emergência. Todos os alunos estavam conversando no corredor estreito da escola, comentando sobre as férias e tudo que eu queria era achar meu nome nas listas de chamada. Finalmente achei, minha sala era a última do corredor.. todas as cadeiras da frente estavam ocupadas. Enquanto procuro um bom lugar, avisto o Alexandre, apontando pra cadeira ao lado dele, na 3ª fileira.

- Senta aqui do meu lado, mano!

- Claro.

Coloquei minha mochila, tirei os fones e coloquei meu celular no modo Avião. O Alexandre veio na minha frente e me deu um selinho, gente, oi???

- TU PIROU? - Gritei, fazendo com que várias pessoas me observassem.

- Relaxa, Enzo. Ninguém viu, todos estão prestando atenção no duda. - E fez um gesto apontando pra frente da sala, me fazendo perceber o quanto ele era lindo..

- Enzo? Enzo? Enzo?

- Hã? Que? - Respondi. Eu tava viajando, pensando na noite passada, em tudo que aconteceu..

- Então, o que será de nós? - Perguntou o Alexandre, com aquela carinha de cachorro pidão dele.

- Sinceramente eu não sei, mas eu sei o que não será de nós, e nós NÃO seremos namorados - fiz questão de soletrar cada letra do "não" pra ele.

- Coé, En. Sei que tu gosta e eu também gosto, por que não tentar? Aliás, eu te amo de verdade, e é assim que meu coração fica quando tô perto de ti - e colocou a minha mão sobre o seu coração, que batia rápido, como o meu quando via o Duda.

Antes que eu pudesse responder alguma coisa, a professora de biologia A entrou na sala e fez todo aquele discurso de primeira aula letiva, fez todos se apresentarem (as turmas se misturavam todos os anos) pra nos conhecermos melhor. Chegou a minha vez.

- Bom, meu nome é Enzo Arcanjo, eu morava em outra cidade e vim morar com meu pai aqui após o falecimento da minha mãe, e espero poder fazer medicina, assim como meu pai e meu irmão.

De repente, todas as atenções que estavam voltadas no Duda, se viraram pra mim, fazendo com que todos perguntassem de que forma minha mãe havia morrido e tal. Me incomodou bastante, mas me mantive calmo e tentei responder todas as perguntas sem me emocionar. Posso não ter mencionado, mas minha mãe era muito importante pra mim.

No decorrer das perguntas (até a professora tava interessada na forma em que minha mãe morreu), ouço uma voz conhecida vindo do fundo da sala "a mãe dele morreu de desgosto, porque ele é uma biba.. até meu pai tem vergonha dele!". Aquilo foi como uma facada bem em cima do meu peito. Enquanto eu tentava me recuperar daquilo, o Ale praticamente voou em cima do Duda. Todos separaram os dois da briga e "abriram alas", que me deixaram de frente pro Eduardo.

- Minha mãe não morreu de desgosto, morreu com uma infecção, você bem sabe! Mas ela não teve desgosto de mim, muito pelo contrário, ela morreu orgulhosa de mim! Agora acho que você tá confundindo a minha mãe com a sua, que teve que dar pro meu pai pra sair da miséria.. ah, e não se esqueça que esse seu sobrenome no qual você e esses seus amigos tanto honram é emprestado pra você, até porque o Dr. Otávio Arcanjo não é o seu pai, e sim meu, hein, Eduardo Silva? (Nada contra os Silvas, gente, não me levem a mal). Não se esqueça que seu pai é um açougueiro, e não um doutor como você bem diz. - Disse eu, com lágrimas nos olhos.. lágrimas não de tristeza, e sim de ódio. Naquele momento, percebi e decidi que Eduardo "Arcajo" estava realmente morto pra mim.

O certinho com o desleixado Onde histórias criam vida. Descubra agora