Capítulo 08.

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uando saí do elevador, dei de cara com meu pai, que estava abraçado com a Marta. Ela estava orando com um terço na mão, o que me deixou bem preocupado, já que ela não parecia ser uma mulher religiosa..

- Pai, o senhor quem tá cuidando do caso do Duda? Como ele tá? - Perguntei preocupado.

- Não, meu filho, mas é um amigo meu, o Dr Henrique, que é tão ou até mais competente quanto eu. Por ser da minha família, eu não posso cuidar do caso, infelizmente. - Respondeu meu pai.

- Me deixe ir vê-lo, papai. - Pedi com uma voz chorosa.

- Você pode ir, mas tem duas coisas que tenho que te avisar primeiro. A primeira coisa é que você tem que ser forte, a segunda é que você só pode ficar 5 minutos com ele.

- Entendi.

Meu pai apontou o caminho e segui em direção ao quarto de número 4, que era o quarto dele. Parei em frente a porta e uma descarga de sentimentos caíram em mim: dor, raiva, ódio, remorso, amor, preocupação.. tudo de uma vez só. O Alexandre tinha vindo atrás de mim a pedido do meu pai, mas me esperaria do lado de fora, já que só um podia entrar na sala.

- Eu to contigo pra o que der e vier, e vamos superar isso juntos! Eu te amo - Disse o Ale, me dando um beijo na testa.

Entrei na sala e fiquei horrorizado com o que vi: o Duda tava deitado em uma cama com vários fios ligados a ele, estava com escoriações no rosto e ele parecia péssimo. Segui até próximo a maca e, apavorado, dei um selinho nele e me abaixei até as suas mãos, e comecei a chorar e a orar, pedindo pra que Deus o tirasse daquela situação. Em meio aos meus choros, sinto uma mão nos meus ombros e dizendo que tudo iria ficar bem. Me virei e vi que era uma enfermeira que estava dentro da sala.

- Calma, Enzo, tudo vai ficar bem - Exclamou ela.

- Como você sabe meu nome? E como você entrou aqui sem eu ver? - Perguntei.

- Bom, o seu nome eu sei porque antes de colocarmos o Sr. Eduardo em coma, ele gemia o seu nome, falava coisas do tipo "Eu quero o Enzo, eu quero o Enzo", então, quando vi você o beijando, liguei os pontos e lembrei.. Já como eu entrei aqui, bom, eu já estava aqui antes mesmo de você chegar, você quem deveria estar tão desnorteado e não me viu aqui.

- Eu a abracei e comecei a chorar

- Calma, ele vai ficar bem - Disse calmamente a enfermeira.

- Como você me garante isso? - Perguntei, enxugando as lágrimas na camisa.

- Ele esta em coma induzido, já que ele tem um coágulo no cérebro. A medida que o coágulo for se dissolvendo, vamos diminuir as drogas e ele sairá do coma. - Explicou.

- E os movimentos das pernas? - Perguntei.

- Isso provavelmente foi consequência do baque que ele levou na cabeça.. ele também poderá ter a visão prejudicada por alguns dias após sair do coma, já que ele vai passar um tempinho em coma.

Fiquei observando o Duda ali e falei pra enfermeira:

- Eu o odeio, mas o amo, sabe como é? Foi tudo muito diferente, eu nunca havia ficado com homens antes dele e nunca tinha tido nem vontade, mas ele soube roubar o meu coração.. e agora não sei se consigo viver sem ele, mesmo com ele me chamando de bixinha, me batendo e me odiando! Isso parece tão estranho, ainda mais por ele ser meu meio irmão, por isso peço pra senhora, por aquilo que a senhora mais ama na vida, não contar nada do que viu e ouviu aqui pra ninguém. - Pedi quase chorando.

Meu pai apareceu na porta e pediu pra eu sair, que já tava na minha hora. A senhora, bem simpática por sinal, me deu outro abraço e disse que nosso segredo estava guardado. Senti que podia confiar nela.

O certinho com o desleixado Onde histórias criam vida. Descubra agora