Capítulo 25

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Fiquei ainda algum tempo ali, sentando na cama, tentando processar tudo que havia acontecido naquela última hora. Me levantei e fui pro meu quarto, onde continuei pensando. A Mariana chegou no quarto.

- O que foi, meu anjo? - ela me puxou pela cabeça pra um abraço.

- É mais fácil eu te falar o que não foi... aconteceram tantas coisas nessas últimas horas. O Joaquim me pediu em namoro e o Duda viu.

Ela fez cara de chocada.

- O QUE???? GENTEEEEEEEE - ela dizia, me olhando. - E você vai aceitar? - ela me perguntou.

- Não sei. Eu sinto alguma coisa por ele, você deve saber. - abaixei a cabeça.

- Amigo, que barra, hein? Olha, eu acho que você não deve trocar o certo pelo duvidoso. Se você escolher o Joca, pode estar enganado em relação ao que sente.. tesão, desejo e paixão acabam, o amor, não! O Duda você sabe que ama desde quando o viu pela primeira vez. Sabe como a gente sabe quando tá amando? - ela perguntou.

- Não - respondi.

- Quando pensamos na pessoa 24h por dia, quando sentimos ciúmes, quando queremos ficar com a pessoa o tempo todo, quando nos perdemos olhando pro nada, quando vemos a pessoa e não sabemos o que fazer e/ou como reagir, quando sentimos borboletas no estômago, quando cruzamos os olhares com a pessoa... esses são os sintomas do amor, meu anjo! E esses são os sintomas que a doença Eduardo te traz, não é verdade?

Fiz sinal que sim com a cabeça.

Não perde tempo, Enzo! O Joca também deve estar confuso com o que sente em relação a você, só deve ser amor de irmão... e caso o escolha, escolha porque o ama, não porque tem pena dele. Pena é o pior sentimento que o ser humano pode sentir. Siga o seu coração e arrependa-se do que fez, não do que não fez! Eu te amo e te apoiarei pro que der e vier - ela me abraçou.

Naquele momento me senti mais forte, mais confiante, mas infelizmente ainda não sabia o que fazer e como reagir. Se eu escolhesse o Eduardo, eu poderia perder o meu melhor amigo, uma das pessoas que mais amo no mundo; e se eu escolhesse o Joca, eu perderia o Duda, que é um dos motivos de eu viver. Aquela situação me deixava extremamente desconfortável e inseguro, então decidi pedir conselhos de uma pessoa que não costumava pedir conselhos: meu irmão.

- Eu já volto! - disse pra Mariana, saindo correndo do quarto em direção a casa. Sai gritando por todos os cantos.

- GUIIII, GUIIIII - eu gritava.

- Ele tá indo comprar algumas coisas, corre que ele já tá saindo - uma voz gritou. Na hora eu tava tão apressado que nem tive tempo de reconhecer a voz, mas acho que era do meu pai.

Sai correndo pra garagem e o portão eletrônico já se fechava. PUTA MERDA!

- GUIIIIIIIIIII - gritei!

Ele buzinou pra saber o que eu queria. Aleluia! Ele abriu novamente o portão pra que eu pudesse sair. Entrei no carro, estávamos só eu e ele, então o destino estava ao meu favor!

- Pra que esse desespero todo pra falar comigo? Sei que tô um pouco ausente, mas não é pra tanto! - ele disse, rindo.

- Preciso falar contigo, e é sério. - falei.

- Tudo bem - ele respondeu.

Fomos o caminho ouvindo Jorge & Mateus.

Já dei tempo ao tempo, mas o tempo não me ajuda

Se tento te esquecer, só faço te querer

Tá no meu pensamento, sentimento que não muda

Tô louco pra te ver, só quero amar você

Nós cantávamos esse trecho como duas crianças ouvindo uma música do desenho animado preferido. Paramos em uma sorveteria, pedimos dois sundae's e nos sentamos do lado de fora. A cidade estava um pouco vazia e só havia eu, ele e os funcionários da sorveteria ali.

- Então, o que tu queria falar comigo? - ele perguntou.

- O que eu tenho pra te falar não é muito fácil, então vou poupar nomes. Eu tô gostando de duas pessoas, e as duas querem que eu dê uma resposta até meia noite a respeito de quem eu quero ficar..

- O que você sente exatamente pelas duas pessoas? - ele perguntou.

- Pela primeira pessoa, a que eu conheço a mais tempo, eu sinto amor, paixão, vontade de tê-la em meus braços o tempo todo.. já pela segunda eu sinto desejo, atração, tesão...

- E você acha que felicidade é constituído de quê? - ele deu uma colherada no sorvete.

- De amor, confiança, vontade de estar junto... - respondi, não entendendo muito bem a pergunta.

- E esses requisitos se encaixam em qual das duas pessoas? - ele perguntou, dando outra colherada no sorvete.

- Na primeira... mas essa pessoa já fez muita burrada comigo. - falei, agora dando uma colherada no sorvete.

- Mas o que interessa dessa pessoa, o passado ou o presente? - Meu irmão perguntou, agora mordendo a casquinha que acompanhava o sorvete!

- O presente... - falei! Agora tudo se encaixava perfeitamente.

- Mas olha, pra você escolher amar alguém e pra você ter certeza da sua escolha, você tem que se amar e tem que saber o que você realmente quer - ele disse.

- Eu sei o que eu quero. Obrigado por tudo - dei um abraço nele.

- Agora vai lá e escolhe o Duda, porque o Joca nem é tão presença assim.

O QUE? COMO ELE SABIA?

- O-o q-que??? você ficou louco? - dei um sorriso forçado.

- Corta essa, Enzo. Sei que vocês tem alguma coisa desde quando ouvi vocês discutindo quem era o viado da relação - ele riu. - aliás, aquela desculpa do Duda foi muito tosca, vocês podiam fazer melhor - agora eu já ria também.

- Gui, por favor, n...- ele me interrompeu.

- Não precisa se preocupar, até porque se eu fosse falar pra alguém eu já teria falado. Mas olha, você sabe como o pai e a Marta são, não sei o que eles vão achar disso, mas eu vou estar sempre aqui pra vocês! - ele disse.

- Obrigado, você é o melhor irmão do mundo! - eu disse.

- Tá, agora que você me contou seu segredo, posso te contar um também? - ele disse.

- Claro - falei.

- Eu vou ser pai! - ele estava emocionado, e eu também.

- CARALHOOO, PARABÉNS MLK!!!!! HAAHHAHAHA - falei, dando outro abraço nele.

- Obrigado, mas vam'bora que ainda tempos que ir comprar as bebidas pra noite! - ele disse, entrando na sorveteria pra pagar a conta e em seguida saindo em direção ao supermercado. Compramos o que faltava e chegamos novamente em casa por volta de 19 da noite. Entramos em casa e a Mariana estava sentada na frente de casa, no gramado, conversando com o Duda. Sai do carro e falei bem alto, pra ambos ouvirem.

- Eu já sei o que vou responder hoje a meia noite.

Continua...

O certinho com o desleixado Onde histórias criam vida. Descubra agora