Capítulo 27 (Final)

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Sem rodeios, a pessoa que eu vou escolher, é o... Nenhum dos dois.

Ambos se olharam com uma cara de "o que ele acabou de dizer".

- Vocês devem estar se perguntando, "o que deu na cabeça dele?", então vou respondê-los: eu simplesmente não sou um troféu. Vocês parecem que estavam me disputando, como se eu fosse um objeto qualquer, um prêmio, e eu não sou. Posso ter parecido frágil nesse ano que passou, mas a partir de agora eu não sou mais. Eu mudei. Agora eu sei quem eu quero ser. Eu quero ser aquele cara que não tem vergonha de ser quem ele é. Quero ser o cara que dá mais atenção a família, aos estudos, e que não vive somente em função de um amor. Eu quero ser alguém que está sempre disposto a perdoar, a ouvir e a aconselhar as pessoas próximas, e até as não próximas. Eu quero ser alguém que desista de tudo pelo motivo certo. Eu quero sempre ver o melhor das pessoas. Eu quero aprender com meus erros, e aprender com meus acertos também. Mas acima de tudo, se eu seguir pelo menos um pouco de todas as coisas que quero ser, eu sei que finalmente serei o cara que não precisa de um outro cara pra dançar, porque eu finalmente vou saber dançar sozinho. - disse, dando um beijo no rosto de cada um.

- Bom, então é isso. Um feliz ano novo pra nós - dei um sorriso e saí em direção a Mariana, que assistia tudo de longe.

Ela me deu um abraço forte.

- Vai passar migo - ela disse.

- Vai passar o quê? Você acha que eu tô sofrendo - falei, indo em direção a área novamente.

- Não está? - ela perguntou.

- Não - respondi.

E pela primeira vez eu realmente não estava dando uma de durão pra parecer bem, eu realmente estava feliz com a minha "escolha". Eu estava cansado de ser tratado como o frágil, e aquilo teria que mudar.

Quando olhamos no relógio, faltava apenas um minuto pra meia noite. Logo começamos a contagem regressiva. Olhei no rosto de cada um e pude ver a felicidade em seus rostos. Pude ver a esperança de um futuro novo. Até mesmo o Duda e o Joaquim estavam aparentemente felizes.

- En, se você fosse escolher mesmo alguém, quem seria? - a Mari perguntou.

- O Duda - falei bem alto, pra ele ouvir. Ele me deu um sorrisinho discreto e abaixou a cabeça. Aquilo significaria o começo de alguma coisa novaA voz de meu pai se destacava no meio da multidãoA voz de meu irmão agora se destacavaAgora a voz da Mariana era perfeitamente ouvidaJoca gritavaDuda gritou, abrindo uma garrafa de champagne.

Ele correu e me deu um abraço. Não um abraço de "feliz ano novo", mas um abraço de "eu tô aqui, tudo vai ficar bem". Me senti protegido.

- Feliz ano novo - falei alto em seu ouvido devido ao barulho.

- Feliz - ele falou.

- Vamos brindar a nós - ele falou.

- A nós não. Ao futuro - falei. Brindamos.

Depois fomos cumprimentar a todos.

- FELIZ ANO NOVO PERI - gritei, dando um abraço na Mari (eu não dava pinta, mas ali era necessário né hahah).

- FELIZ CACHORROOO - Mariana retribiu meu abraço. - Migo, vou só ligar pro meu pai e já volto!

- Ok. - respondi.

Senti alguém me puxando, era o Joca.

- Feliz ano novo - ele falou no meu ouvido, me dando um abraço. Aquele fdp sabia me deixar louco também.

- Felizzz - falei.

- Um brinde - ele disse.

- A quê? - perguntei.

- A um novo começo, quem sabe? - ele fazia uma carinha de cachorro pidão.

- A fortificação da nossa amizade! - falei, cortando todas as suas expectativas. Era melhor assim. Era visível quem eu amava, e quem eu amava me encarava de uma forma tão... linda, sentado em uma cadeira e bebendo um pouco de champagne. Como eu o amava.

- Vamo ali conversar - Mariana me puxou.

Entramos no quarto dela.

- O que foi isso? Por que você não escolheu nem um, nem outro? - ela perguntou.

- Eu quero ter certeza do arrependimento do Eduardo. - respondi.

- Mas você desperdiçou a chance da sua vida! - ela disse.

- Não. Se for pra ser, será! Se eu tivesse aceitado e ele não tivesse mudado, eu não teria que perdê-lo de um jeito ou de outro?

- Sim. - ela respondeu.

- Então. Se ele não tiver mudado realmente, vou perdê-lo também. Então tô confiando no destino. - falei.

- Hummmmmm, todo filósofo, só porque é ano novo! - nós rimos.

Sai do quarto e a música já rolava solta. Tocava Tik Tok, da Kesha na "área de dança" ou "na beira da piscina" (como preferirem), e aí finalmente pude fazer "jus" a frase "eu quero ser o cara que não precise de outro cara, porque eu sei dançar sozinho". Dancei tudo que tinha pra dançar com a Mariana e deixei os dois babando, afinal de contas, se eu não desse valor a mim mesmo, quem me daria valor, não é mesmo?

O certinho com o desleixado Onde histórias criam vida. Descubra agora