Minha mente se abriu, agora as coisas faziam sentido, Ryan era o fruto de seu pai insano é apenas isso, embora a raiva sobre ele fosse grande, um sentimento novo surgiu, algo parecido com pena, percebi que em partes talvez a culpa não fosse totalmente dele. O vídeo continuou e dessa vez era uma câmera com a imagem parecida com uma de câmera de segurança, porém essa tinha áudio, ouvi um homem chegando pela sala e depois sua imagem apareceu, uma menina de mais ou menos cinco anos corre para dentro do quarto assim q o vê, ela parecia estar assustada e não brincando, logo depois o homem se dirige à porta de madeira do quarto, ele bate algumas vezes na porta de cor tabaco e dizia: "Abra a porta Joan." Até então parecia apenas um adulto tentando dar alguma bronca ou algo assim, ele bateu um pouco mais forte na porta e disse: "Joan, aqui é o Nick", ele insistiu em bater na porta: "Vamos Joan, você sabe que vai ser pior se for teimosa, me deixe entrar". "Não " ouvi a menininha dizer. " Joan me deixe entrar e aí eu te deixo fazer o que quiser e não vou contar pra sua mãe que você quebrou aquele vaso". "Não ", a menina manteve a resposta e ainda acrescentou "Vou contar pra mamãe ", "Você sabe q se contar para a mamãe ela vai ficar muito triste Joan, muito triste, e a culpa vai ser sua, você já traiu a sua mãe Joan", ouvi o choro de Joan e então ele entrou no quarto e a empurrou e a arrastou para o tapete, ela gritava e chorava e ele fechou a porta, a menina chorava muito e gritava muito, céus eu já imaginava o que estava acontecendo porém não podia ser verdade, Joan chorava com toda a agonia em seu coração ela pedia para q ele parasse, e aquilo durou intermináveis dois minutos olhando para aquela assustadora porta tabaco quando ela se abriu, não pude ver Joan, mas eu vi o homem saindo do quarto arrumando suas roupas, eu chorei com Joan durante todo o vídeo, eu sentia sua dor. Meus olhos estavam embaçados com as lágrimas e então eu vi um outro jornal, New York Times novamente, a manchete era clara "Padrasto é registrado abusando de enteada por babá eletrônica" e em seu subtítulo dizia : "Mãe declara que percebeu comportamento estranho de sua filha e decidiu colocar uma babá eletrônica, quando chegou em casa e viu sua filha ensanguentada depois de levá-la ao hospital viu as gravações ", um recorte de jornal surge dizendo: " A menina chorava muito sempre que sua mãe ia trabalhar, como ela nunca apareceu machucada as autoridades supõem que a menina fôra molestada anteriormente, e somente na data da filmagem foi efetivamente abusada" , não contive mais lágrimas descendo em meus olhos, eu me via em sua situação, eu sentia sua dor e sofria com ela, era como se tudo o que eu passei estivesse acontecendo de novo e ainda pior, pobre Joan, como eu queira abraçá-la, mesmo que aquilo já tivesse acontecido a tanto tempo como em todas as outras notícias, pobre Joan, eu queria que ela soubesse que não está sozinha, que ela é mais do que um objeto, que ela não é o que aquele monstro fez e que ela não tinha nenhuma participação ou culpa de nada do que aconteceu.
-Ryan por favor...- eu falei entre abundantes lágrimas e balbuciando nas palavras constantemente.
-Já está acabando querida, vamos você consegue.
-Eu não quero mais ver o que este monstro fez a ela, chega Ryan- eu mal conseguia pronunciar.
-Querida eu te entendo, monstros como este precisão de uma verdadeira lição de dor.- ele parecia determinado no que disse e eu concordava, se eu pudesse estrangularia aquele homem e veria sua vida se esvaindo por minhas mãos e sua impiedade e imundice junto e aí sim eu me sentiria muito melhor e segura, pela primeira vez eu concordava com Ryan e pelo quão grandes eram meus devaneios não percebi o quão assustador isso deveria ser para mim e para qualquer outra pessoa em seu estado mental perfeito de julgamento ético, ou talvez este seria a primeira vez que eu estaria em meu senso de julgamento perfeito? Para minha própria surpresa isto realmente era uma dúvida a ser levantada e com a qual eu gostaria de refletir, mas naquele momento toda a fúria e revolta me tomava de tal forma que eu tinha naquele momento me tornado um de meus ancestrais totalmente conduzidos por instinto animal e sanguinário, eu queria vingar Joan, queria vingar à todas nós! O vídeo continua, agora com o pequeno Ryan, o menino estava amarrado ao teto e de ponta cabeça e parecia ter apanhado, o pai dizia "Nunca mais minta Ryan, você me entendeu? " o menininho acenou com a cabeça consentindo, "mentiras matam Ryan e sua mãe morreu porque era uma mentirosa desgraçada, se você mentir mais uma vez Ryan as consequências seriam bem piores" o vídeo foi cortado e logo depois uma imagem do pequeno Ryan chorando, "Garoto não deixe suas emoções te dominarem, seja homem ou ninguém vai te querer, o que eu te mostrei hoje foram as consequências da mentira, não minta e tudo ficará bem" a câmera passou de relance na frente de uma tevê e vi quase como um borrão a imagem de algum tipo de violência explícita e cheia de sangue e o vídeo parou de novo, logo depois outro vídeo, neste Ryan estava um pouco mais velho, cerca de uns oito anos ele estava sem camisa e com um papel à sua frente, seu pai apareceu com uma vara em sua mão, parecia uma vara de bamboo ou coisa assim "Essas notas são aceitáveis Ryan?" "Não senhor" o menino nem se quer levantava o olhar "Então sabe o que acontecerá não é mesmo " e logo depois disso uma sequência de castigos sendo empregados usando aquela vara para bater no pobre menino, as marcas ficavam visíveis e ele chorava "Não chore moleque, seja homem ou nenhuma mulher vai te querer" e assim mais vezes ele bateu no pobre menino, as lágrimas escorriam,mas ele não dizia nada "O que você quer? Uma boa mulher ou uma mulher perfeita?", o menino tentava se recompor e aquelas imagens estavam acabando comigo "VAMOS!" "Perfeita pai" , o pai do pobre Ryan o rodeava "O que você tem que ser então ?" "Perfeito". O vídeo novamente para, e agora uma reportagem aparece uma mulher segurando seu microfone "Estamos aqui na rua de uma das famílias locais mais ricas, os Clewhite, onde foi descoberto que o menino menor de idade era mantido por seu próprio pai, em regime de tortura psicológica e física constante, foram encontradas na casa da família fitas que comprovam estas torturas, o processo doentio era totalmente filmado pelo próprio pai, o garoto era continuamente espancado, agredido com varas e fios, era suspenso no ar, obrigado a treinar lutas durante 10 horas por dia no mínimo e em alguns casos até que desmaiasse em cansaço. O garoto foi resgatado da casa com sérios ferimentos em suas costas e queimaduras em regiões que supostamente seriam fáceis de se esconder com roupas, infelizmente o malfeitor só foi exposto depois de sua morte que segundo a polícia seria um suicídio, é apenas quando o menino percebeu que seu pai já estava dormindo a muito tempo contatou a polícia mesmo com medo de que algo lhe acontecesse", logo depois vi uma ambulância na frente da casa e o câmeramen se dirigiu até lá, paramédicos estavam reunidos dentro de uma ambulância e se preparavam para partir para o hospital, naquele momento pensei o que poderia aquele monstro ter feito ao pobre menino, o que mais ele poderia ter feito para ele. A ambulância seguiu viagem e a câmera voltou para a repórter "aparentemente o pai do garotinho foi encontrado morto, ainda não foi dada a causa da morte, mas acredita-se que este psicopata finalizou seus abusos ao jovem com a imagem de sua própria morte fixada na mente do filho" a imagem ficou preta logo depois, pensei comigo que aquele homem louco devia ser um daqueles malucos que se mata depois que sente que seu trabalho está cumprido, logo depois outra reportagem, dessa vez outra repórter de um jornal que eu não conhecia, provavelmente outro jornal local, ela dizia que a morte foi finalmente apurada e a arma localizada, ele teria cometido suicídio, em seu sangue foi encontrado morfina, substância a qual ele era alérgico, e uma faca com suas digitais embaixo de sua poltrona, ele teria se esfaqueado por duas vezes em sua virilha, a repórter disse que os médicos acreditavam que provavelmente ele tentava acertar algum órgão vital, mas não conseguiu devido à alergia a morfina ter atingido suas funções motoras, e Ryan teria percebido q seu pai estava demorando a descer par a sala 10 minutos depois do suposto ocorrido. A repórter ainda fala que o jovem teria escrito apenas uma carta em proclamação ao jornal que pediu para fazer uma entrevista, porém o menino não quis, a repórter afirma que ele teria dito que faria isso apenas para que as pessoas pudessem entender nas entrelinhas o que teria ocorrido, que pudessem entender o que ele pensou. Então um bilhete escrito à mão com uma letra perfeitamente arredondada surgiu na tela e ficou parado por cerca de dez segundos para que os telespectadores pudessem ler.
"Estou no momento sem reação.
Um sentimento de que acabou?
Meu pai era um homem sem
amor, sem bondade, sem carinho.
Talvez minha vida melhore e eu
esteja forte para seguir, mas
infelizmente não acredito
mais na possibilidade de acabar
e esta ferida esta funda de mais.
Uma vez ele me disse para ser
perfeito, depois disso eu entendi
a razão pela qual ele fez aquilo
isso era importante é não acaba."
Logo depois de ler essa carta que me impressionou pela falta de sentimento, mas talvez seria devido o trauma. Quem sabe aquilo seria o rompante que causou aquilo que Ryan é hoje em dia e fazia sentido para mim, mas mesmo assim o dvd continuou e então não se tratava mais da reportagem, uma mensagem aparece na tela escrita em letras brancas. "Pobre menino, sofreu muito"- se tratava disso ? Apenas piedade própria ? Antes de que eu pudesse concluir outra mensagem surge na tela. "Mas tudo o que ele passou, foi um ensinamento, e este dia..." Percebi que era bem mais do que apenas um monólogo sobre sofrimento ou algum tipo de tortura psicológica "Foi o dia no qual ele aprendeu a ler nas entrelinhas" Fiquei confusa e temi ao mesmo tempo, sabia que com o Ryan não haveriam momentos tranquilos, nunca é só isso, nunca é só superfície. Outra mensagem surgiu "Não entendeu?". Aquilo me incomodou e me deixou inquieta, não pude me conter em não dizer nada.
-Ryan, porque ainda estamos vendo isso ? Já não foi suficiente? -ele se manteve em silêncio por alguns segundos totalmente imóvel e olhando para a tela preta e sem se mexer ele disse :- Acalme-se o fim está chegando, cumpra sua parte, não se esqueça.- eu tinha tantos sentimentos dentro de mim, tinha medo, tinha raiva, nojo e tudo isso em função daquele vídeo, ele me fez reviver meus mais terríveis e assombrosos dias, me fez reviver a vergonha e a dor é tudo o que eu passei rondou minha mente como se fosse uma espécie de filme doentio e cruel que estimulava algo que eu pensei ter enterrado. Palavras surgem no vídeo novamente "circule as primeiras letras do canto esquerdo do bilhete" alguns segundos depois o bilhete do pequeno Ryan ressurge e depois círculos vermelhos são feitos envolta de cada primeira letra de cada primeira palavra que estava no canto esquerdo do bilhete eu li o que formou, não sabia bem o que sentir, foi um misto de alívio, felicidade, vingança cumprida, medo, mas no fundo eu já esperava por tudo aquilo, a frase formada não me surpreendeu muito, o que realmente me surpreendeu foram os sentimentos despertados em mim devido à frase, tão simples e tão impactante "eu matei meu pai" uma confissão, mas que nunca perceberam, Ryan não mentiu em nem se quer uma palavra, as pessoas é que interpretaram como lhe era confortável, assim como eu já o tinha feito no começo. O vídeo acaba e a frase que surge na tevê é "é só o começo".
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A mulher perfeita
Mystery / ThrillerCapa por @larissamiranda_1 E quando você acha que encontrou a pessoa certa? descobre que ele é tudo o que você sempre quis, tudo. Isso não é estranho? tão perfeito que se torna assustador. E se a pessoa que você acredita ser o amor da sua vida se r...