A mulher perfeita

19- Chuva e tempestade

A menina em minha frente que chorava de medo estava nua, imunda e coberta por larvar que cavam orifícios por sua pele, uma cena que eu não esqueceria tão cedo, todos aqueles buracos feitos na pele da, as lágrimas misturadas á sujeira e tudo aquilo diante de meus olhos, eu não podei acreditar naquilo, era de mais para mim. Foi ali bem diante de meus olhos, eu estava com eles abertos, eu não dormi, não foi um pesadelo. Céus o que estava acontecendo? eu fui tremendo até o quarto, o caminho pareceu longo porque eu ia devagar, segurei na maçaneta e quando abri... não tinha nada, simplesmente foi como se nunca tivesse existido, fiquei tão confusa, não sabia o que dizer ou fazer, eu olhava para os lados procurando algo, mas não existia mais nada, era só eu e o silêncio do meu apartamento. Fui até o espelho e me encarei.

- Você está ficando louca Lizi.- eu disse quase em um sussurro, abaixei o rosto e me apoiei com uma das mãos na parede. Aquilo deveria ser coisa da minha cabeça "mas parecia tão real", mas não pode ser, tenho certeza que não é. Não é possível que seja. eu olhei para meu reflexo de novo, lá estava uma mulher maluca. No meio de minha reflexão notei algo estranho, uma sombra atras de mim, comecei a observar e ela se aproximou, aquilo me espantou, mas eu estava curiosa, e então a luz tocou o rosto e era o homem que eu via em meus sonhos sorrindo com um olhar assustador para mim, meus batimentos aumentaram e eu entrei em pânico. Olhei rápido para trás... Nada, não tinha nada, olhei de novo para o espelho, nada. Céus o que estava acontecendo comigo? Fui para a cozinha e tomei um copo de água gelado e fui para o banho, com certeza isso iria me acalmar.

Tirei minha roupa e liguei o chuveiro, olhei desconfiada para o espelho, mas não vi nada, então decidi entrar no box. A água estava tão agradável, morninha como eu gosto. Lavei meus cabelos com carinho sentindo sua textura, e logo depois me virei para pegar o sabonete. Abri os olhos para poder pegar e vi de relance algo estranho, olhei novamente e lá esta o homem de novo, me olhando com aquele olhar malicioso e terrível.

-SAAAAAIII- eu gritei enquanto desligava o chuveiro e pegava a toalha desesperada.

-É só um pouquinho Lizi- disse ele se aproximando de mim e desatando o cinto.

-SAI DAQUI SEU MONSTRO- eu gritei correndo para a porta do banheiro torcendo para ele não conseguir me pegar, corri até a cozinha e me abaixei no balcão, quando percebi estar sozinha comecei a chorar, um choro profundo de quem tinha encarado o seu pior monstro. E eu tinha. Eu me levantei e lá estava eu de novo sozinha em meu apartamento passei a mão pela cabeça como quem não sabia o que fazer e me sentei no chão, chorei desesperada.

-Saiam da minha mente, saiam da minha cabeça. - eu repetia esmurrando minha têmpora e chorando mais do que falava, eu só queria que aquilo acabasse. -Saiam, saiam.- dentro da minha mente eu ouvia a voz do homem que vi no banheiro, eu via e revia aquele a cena e escutava ele dizer a mesma frase, aquilo estava me atormentando e acabando comigo. Senti uma mão tocar minha cabeça, temi em olhar para cima, mas ouvi um choro, mesmo me lembrando do que acontecera antes eu olhei para cima, o choro de uma criança sempre deve ser atendido, eu olhei e ali esta uma menina, ruiva como eu, uns oito anos de idade e com uma tristeza enorme no rosto, suas roupas eram como as de uma princesa, um vestido branco cheio de babados, mas estava rasgado e sujo.

- Me ajuda- ela disse entre soluços, e eu a olhava hipnotizada. - me ajuda- ela repetiu em meio as lágrimas.

-O...O...O que eu posso fazer?- gaguejei

-Me afaste dele, ele me atormenta, ele nunca para, ele nunca vai parar- ela olhava com desespero para os lados como se alguém fosse aparecer.

-Me ajude.- ela disse de novo bem baixinho desta vez e se escondeu atras da minha estante, eu corri atras dela , mas quando olhei atras da cortina não existia nada mais, confusa fui para o quarto e vesti um pijama, esse era o programa do dia , eu tinha medo de ver as pessoas, não era o momento.