-Escolhi- afirmei olhando em seus olhos
-E o que escolheu ?- ele tinha um olhar delicado e sua voz era doce, mas eu não podia me deixar enganar. Engoli em seco, será que eu realmente estava pronta para isso? Será que conseguiria ir sem olhar para trás?
- Eu vou.
- Vai me deixar então? -ele parecia desapontado, mas eu não o devia nada.
- Sim.- eu afirmei e o afastei de mim, não poderia deixar que uma ilusão me fizesse jogar a vida fora. - Não lhe devo nada Ryan, você sim me deve, fez minha vida virar um inferno e eu nem sei quanto tempo dela eu perdi nos seus jogos cruéis. Eu quero distância de você- eu fui dura e precisa, sem misericórdia por que ele nunca teve nenhuma de mim. Ele engoliu em seco e ficou ainda mais decepcionado. Acenou com a cabeça e mordeu os lábios.
-Tudo bem. Eu entendo, como eu disse eu sou um homem de palavra, só espero que esteja escolhendo por você .- ele virou as costas com uma expressão corporal de fracasso. -Vamos arrume isso e vamos. - ele não olhou para mim enquanto falava isso, quase parecia que ele sentia realmente, quando virei as costas para arrumar a bagunça que fiz tive medo de ser atacada, mas não fui, ele ficou imóvel até que eu acabasse.
- Você disse "vamos", onde ?
-Você tem que tomar um banho e se arrumar, vou te dar algum dinheiro e chamar um táxi se preferir.- o clima ficou muito desconfortável.
- Bom eu terminei.
-Então me siga .- ele caminhou até a porta e eu fui logo atrás, ele abriu a porta e entramos em um corredor bem claro com piso de madeira, uma porta bem na frente que dava acesso ao banheiro, um quarto e do lado esquerdo uma porta de metal com um controle diferente do lado. Ele me pediu para esperar um pouco, o choque da luz incomodava meus olhos, Ryan entrou no quarto, levou algumas coisas dobradas para o banheiro, não me olhou se quer por um segundo, quase me fez sentir culpada por querer me libertar.
-Bom pode entrar.- ele disse indo pro quarto e fechou a porta com força. O baque chegou a me assustar.
Que saudade que eu sentia da pressão de uma boa água quente no corpo, me sentei no chão e deixei a água correr pelo meu corpo, lavei meu cabelo, passei condicionador, escovei meus dentes, e curti cada segundo. Depois me sequei com uma toalha preta e me enrolei, respirei fundo, nossa como me sentia bem. Passei as mãos pelos meus cabelos e me olhei no espelho, limpei o vapor do espelho par me ver melhor, "você está péssima ". E mais uma vez a consciência ataca. Como seria? As coisas, como elas seriam depois disso? E Ryan, como ele ficaria? Fui me vestir, era um vestido florido amarelo, com uma saia rodada, a lingerie era feminina e delicada, eu tinha que admitir, ele se apegava em detalhes, deixou para mim um secador de cabelos e aquilo foi quase como uma noite de Natal.
Eu me sentia mais mulher, limpa, cheirosa e até um pouco arrumada se desconsiderarmos as olheiras, sai do banheiro e de estrema felicidade eu fui a extremo desconforto, inevitavelmente eu tinha que falar com Ryan, coloquei minha mão na maçaneta e girei prendendo a respiração, ele estava lá parado olhando para a cama de casal antiga, um quarto com mobílias de décadas atrás, mas limpo.
-É... Então, como faremos? - ele se virou e finalmente olhou para mim.
-Lá fora tem uma bolsa com dinheiro e seus pertences, tem também o endereço de um outro lugar e uma identidade se quiser recomeçar, se não, está tudo certo para voltar para sua vida, passe em uma delegacia e delate o que aconteceu.- sua voz era melancólica mesmo que com um discurso direto, e pude ver naqueles dois olhos negros talvez uma tristeza, eu acenei positivamente e me virei para sair do quarto e esperar no corredor, ele segurou de leve meu braço e eu olhei para trás.- Meu telefone será o mesmo por mais sete dias.- seu olhar agora era apelativo e eu acenei com a cabeça novamente.
-Tudo bem.
- Vou morar no mesmo lugar então se quiser chamar a polícia não irei fugir.- eu apenas acenei com a cabeça e mordi o lábio, as coisas estavam muito confusas naquele momento, eu não sabia muito bem o que estava acontecendo, ele se aproximou de mim, mas dessa vez eu não tive medo. -Posso?
-Tudo bem. -engoli em seco e ele me abraçou como quem dizia "adeus" de certa forma aquilo mexeu comigo e eu quebrei, retribui o abraço como quem dizia "adeus" também, ele se distanciou um pouco e olhou nos meus olhos, fez uma suave carícia em meu rosto e juntou nossas testas, eu não sabia como reagir, só consegui dançar conforme a música, e a maneira com ele estava me fazia viver apenas aquele momento, era como se existisse isso é nada mais do que aconteceu foi verdade, naquele momento ele era o cara da internet de novo, eu fechei os olhos e vivi aquilo, senti seus lábios tocarem com suavidade nos meus e depois uma lágrima de seu rosto cair no decote do vestido e como quem dizia "o que passou, passou" eu o beijei, com toda a delicadeza que pude, um beijo inocente , ele me segurava com tanta ternura e eu comecei a beija-lo como se nunca mais fosse vê-lo, o tipo de beijo que você vê em um aeroporto ou estação de trem, cheio de saudade e tristeza, mas que era necessário. Ele juntou nossas festas de novo.
-Não vai.- ele sussurrou.
-Depois de tudo, eu tenho.
-Mas eu fiz por que eu te amo.
-Então me deixe escolher o que acho melhor.- senti outra lágrima cair, será que ele realmente me amava? Não era possível, esse homem era doente.
-Podemos dizer adeus? -Ele sussurrou com dor na voz
-Podemos.- ele me beijou mais intensamente porém com a mesma conotação de partida, me deitou na cama e voltou a me beijar, era um momento muito doloroso, mas aquele homem não me traria nada de bom. "Quando o príncipe aparece ele é pancada né Lizi", ah consciência, como você é oportuna. Ryan beijou meu pescoço com carinho, me mirou com aqueles olhos negros e sentou na cama, me trouxe para perto e voltamos a nos beijar, ele buscou meu zíper e encontrou, o abaixou e me olhou.
-Posso?
-Pode.- por mais maluco que ele fosse ele tinha alguma coisa que eu não sei o que era, ele me tirou o vestido e com carinho lhe tirei a camisa, botão por botão, com toda a calma e serenidade que não tivemos da primeira vez, ele acariciou meus cabelos e me deitou na cama. Um olhar.
- Vou sentir saudades.- ele me beijou e eu o abracei, sentia seu corpo, e a pulsação do seu coração acelerado, ele beijou meu pescoço e eu desabotoei sua calça, Ryan me acariciou o rosto e ficamos nos beijando de roupas íntimas sem pressa. Os beijos não esquentavam como o de um casal apaixonado, a dor dele estava lá em cada segundo, e diferente da primeira vez ficamos em silêncio eu acariciei suas costas e ele desabotoou meu sutiã, beijou meu pescoço lentamente e desceu por entre meus seios até o cós da minha calcinha, tirou-a e voltou para minha boca, eu tirei sua cueca e ele então me penetrou devagar e eu me senti arrepiar, os movimentos eram lentos e delicados, como se ele quisesse que cada segundo ficasse gravado em sua mente, ele acariciou minha cintura e meu seio, beijou meu corpo e depois meu rosto. Chupou um de meus seios e fazia carinho no outro, e eu me sentia como se fosse minha primeira vez, Ryan não me pediu nenhuma posição, não me mandou ficar de costas e nem disse que eu era sua, ele só olhava para meus olhos e eu para os dele, eram olhadas que se cruzavam e diziam "isso é um adeus " eu passei minhas pernas por cima de suas costas em "x" e ele me penetrou devagar, acabei arranhando seus braços e ele beijou entre meus seios, aquele era um momento único e delicado, algo que eu não viveria mais. Ele beijou entre minhas coxas e começou a me lamber, abriu os grandes lábios e me lambeu por dentro, e eu sentia como se uma corrente elétrica passasse por mim e deu tímidos gemidos, ele chupou e lambeu por alguns momentos e depois voltou a me penetrar, até que ele gozou, e devo dizer que esse foi um dos momentos mais bonitos que já tive com um homem, tão sincero e doce, ele deitou quase sobre mim, cansado e triste, passou a mão por meus cabelos e me olhou.
-Podemos ficar mais um pouco?-uma voz rouca e baixinha.
-Podemos- eu coloquei minha mão sob sua cabeça e o acariciei olhando para o teto, e por mais mágico que aquilo tenha sido, eu ainda tinha minha mesma posição, o que ele tinha feito era inesquecível, inalterável e eu deveria seguir em frente.
Acabamos dormindo um pouco, ma ainda era dia quando acordamos, nos vestimos e nenhuma palavra, ele abriu a porta com um sorriso triste eu eu passei por ela, olhei para trás e nossos olhos se encontraram.
-Obrigada por um último momento,- ele disse eu só acenei com a cabeça. Fomos até a porta de ferro e ele digitou uma senha no controle, ela abriu e saímos em uma casa grande e antiga, tudo em mogno é uma sala enorme de um tamanho que eu nunca tinha visto no canto um piano de calda e a bolsa que Ryan me disse, olhei dentro da bolsa roxa e tudo o que ele disse estava lá. - Eu irei chamar um táxi e você decide para onde quer ir. -ele adentou a sala e passou por uma larga porta, enquanto isso eu olhava tudo o que ele deixou ali, tinha mais que dois salários meus na bolsa, e um bilhete com o endereço da casa dele caso eu me esquecesse, achei também meu celular, estava desligado, eu estava com receio de ligar, mas o segurei e olhei por um tempo, até que Ryan entrou novamente.
-Acho melhor se preparar, em poucos minutos o taxista chega.
-Tudo bem.
-Não se esqueça, sete dias, é tudo o que tenho.- eu assenti, queria voltar para minha vida, voltar a ser a Lizi, eu não queria ser outra pessoa, mas como eu lidaria com isso eu não sei.
O táxi chegou, entrei e Ryan ficou na porta do casarão o taxista arrancou, e depois de passar o endereço eu olhei para trás, ele já tinha entrado, meu coração estremeceu, engoli em seco, eu não podia me permitir, ele era maluco e acreditava em justiça com as próprias mãos, seguia instintos e não média esforços para um objetivo e isso fazia dele perigoso de mais.
O trajeto foi um pouco longo e acabei dormindo no meio do caminho, quando acordei já estava perto de casa, pensei que nunca mais veria vizinhança , mas lá estava eu de volta. Quando desci do táxi vi o portão do meu prédio é um papel colado." Desaparecida" e minha foto no centro, aquilo fez tudo ainda mais real, eu segurei as barras de ferro e respirei fundo, eu tinha muito para enfrentar, ainda não tinha acabado na verdade. Apertei o interfone e por algum milagre ele estava funcionando.
-Pronto- Era o Zé, com aquela voz meio sonolenta de quem está perto do fim do expediente.
-Oi Zé, é a Lizi- eu tentei parecer o mais natural possível, logo depois ficou mudo e eu achei estranho. -Zé? Você está aí?- vejo ao longe Zé com suas perninhas curtas correndo o máximo que podia e se atirou no portão.
-Dona Lizi a senhora tá viva, meu Pai eterno isso é um milagre, aí me deixa abrir pra senhora- ele procurava estabanado a chave para abrir o portão, quando consegui, abriu e me abraçou como um pai, e admito que lágrimas escorreram de nossos olhos.
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A mulher perfeita
Mystery / ThrillerCapa por @larissamiranda_1 E quando você acha que encontrou a pessoa certa? descobre que ele é tudo o que você sempre quis, tudo. Isso não é estranho? tão perfeito que se torna assustador. E se a pessoa que você acredita ser o amor da sua vida se r...