20- Uma boa aluna vira professora

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Como de se esperar com a chuva avisando que chegaria o trânsito piorou. Recebi uma mensagem: "estou quase chegando". Eu também estava perto do ponto de encontro então achei desnecessário responder, afinal em minutos estaria lá.

-Mais dez minutos dona.- balancei a cabeça em um movimento curto e afirmativo, senti minhas mãos suarem um pouco, e meu coração acelerar, ela um grande passo, eu finalmente me veria livre desses demônios que consumiam minha mente e poderia deitar na minha cama em paz, chega de insanidade, chega de omitir fatos, chega de nunca pensar em mim mesma, já bastava de tudo isso. Agora eu quero ser eu, quero ser forte, e para isso teria que pedir ajuda de alguém que entende disso, por isso não me demorei em fazer contato com o melhor que eu poderia ter.

Finalmente quando cheguei, os trovões esbravejavam no céu, era como se algo me dissesse que hoje era o grande dia, e era mesmo, hoje eu tomaria meu banho de chuva. Paguei o taxista e fu em direção ao relógio no centro da praça, eu já avistava de longe meu ajudador, sorri com aquele maravilhoso momento se aproximando, tão perto, e tão longe.

Quando estava á poucos passos ele se virou e sorriu para mim, estava senta em um bando de madeira e eu o acompanhei.

- Quando ligou eu não acreditei.- Ryan dizia parecendo hipnotizado.

-Ora Ryan, você plantou a semente e ela floresceu.- eu disse ficando um pouco corada com seu olhar intenso.- Bom vamos ao assunto, você sabe o que eu preciso fazer.

-Agora está pensando em você finalmente.- ele sorriu orgulhoso.

-Não se anime, nada apaga o que passou.- disse dura.

-Sei que não, mas parece que agora entende então é tudo o que importa, não irei perguntar se tem certeza, eu sei que tem, você se negou por muito tempo- ele falava como se me entendesse, mas eu ainda o via como o mesmo psicopata que me prendeu.

-Não posso dizer que entendo, mas o que estou sentindo precisa ser domado.

-Emoções são falhas, ainda bem que aprendeu.

-Demorei, mas ás duras penas entendi o que queria dizer com isso.

-Está sofrendo?- como se ele se importasse.

-Não mais do que tudo o que passei naquela sala. Será que podemos ir logo? - Ele consentiu e se levantou, estendeu a mão para mim e me conduziu até o carro -Já sabe para onde? - perguntei enquanto colocava o cinto.

-Querida eu faço bem o meu trabalho.- ele riu gabando-se. Ligou o carro e fomos, eu olhava a paisagem ansiosa pelo por vir, animada, mas mesmo assim com um pouco de medo, não era uma decisão fácil, e minha mãe? bom ela teria que entender, eu tinha que me amar, eu tinha que me por em primeiro, e a partir de agora seria assim, ninguém em minha vida é mais importante do que eu, isso estava decidido, e eu ansiei por esse momento em toda minha vida, nunca admiti querendo ser boa para os outros e me destruindo por dentro, mas agora eu admitia. Acho que isso que Ryan quis dizer, eu quis tanto ser perfeita para os outros que eu estava me destruindo, eu estava fazendo coisas crescerem em mim me tornando mais fraca, eu nunca fazia o que tinha que fazer, eu fazia o que faria as pessoas mais felizes independente de mim, e agora eu via isso de maneira clara.

-Devo te dizer obrigada.- Falei baixo ainda olhando a paisagem que ia de urbana á algo mais rural lentamente.

-Que ótimo, sabia que te afastar e te deixar ir te faria avaliar melhor, ser mais forte.- enquanto ele falava eu mantinha meus olhos na janela e um silêncio pairou entre nós, durou alguns minutos até que ele decidisse falar de novo, não era medo, Ryan não tinha isso, era mais como se ele procurasse em sua mente o que realmente queria dizer, nada com ele era um fio solto, tudo tinha ligação. - Posso te perguntar algo?

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