1- Tropeçando nos mesmo erros

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-Eu não sei como pude acreditar em você- disse com a voz tremula e engolindo seco.

- A Lizi, não seja tola, foi fácil te trazer até mim, não tive que me esforçar! afinal você estava desesperada não é mesmo?!- aquele sorriso, como pude não perceber? Aquela risada contida que ele fazia enquanto se aproximava de mim me trazia arrepios, eu engolia seco. As cordas em meus pulsos estavam tão apertadas que começavam a ferir minha pele, e eu só queria poder voltar no tempo e não ter sido tão cega. Buscava em minha mente algum detalhe que me indicaria que eu chegaria neste local escuro e úmido onde estou agora, e o pior é que nem sei se ainda estamos na mesma cidade ou se ele me arrastou para outro lugar. Ele toca meu rosto com aquelas mãos geladas, e aquele sorriso cheio de malicia estava lá em seu rosto. O suor frio escorria pelo meu rosto. Ele notou e passou a ponta dos dedos em minha testa para limpa-la. -Não tenha medo Lizi, eu quero apenas que seja minha, apenas minha, e de mais ninguém- sua voz era calma, mesmo assim meu coração disparava de pavor. - Se você for perfeita, ficaremos juntos para sempre. -aquelas palavras penetravam minha mente, eu estava estática, não conseguia mover um músculo. Fechei meus olhos com força na esperança de que fosse um pesadelo. - Querida eu não entendo, essas palavras sempre te deixavam tão animada.- veio então sua risada alta que ele estava segurando e então senti ele se afastar de mim, não sei se isso me aliviava ou se me assustava mais, afinal, para onde ele ia? o que ia fazer? iria buscar algo para usar em mim? Perguntas passavam pela minha mente enquanto meus músculos começavam a tremer, como eu queria que não fosse verdade.

                                                                       -Cinco meses antes-

Mais um namoro acabado, mais uma vez me deixei enganar, tenho que parar de apostar nesses caras que pagam bebida no bar, quando acaba eu fico pensando " sério Lizi que você pensou que ia pra frente?" o pior, é que pensei mesmo, mas chega de caras, faz um tempo que eu procuro "o cara", sabe? aquele que te leva flores de manhã e que te manda mensagens apaixonadas. Esse tipo de cara está extinto.

Não é novidade para mim me enganar com os caras, sou romântica a moda antiga, e fico esperando meu príncipe encantado chegar, mas provavelmente ele só existe nos contos, ou mesmo já morreu antes de eu ter nascido.

Mais um dia de trabalho, o chefe sempre deixando trabalho extra, as conversas chatas e minhas amigas enchendo meu celular com mensagens solidárias pra que eu enfrentasse o fim de mais um relacionamento, as vezes penso que elas só copiam as mesmas mensagens das últimas vezes, levanto da minha cadeira e uma de minhas colegas me chama.

- Lizi meu aniversário vai ser amanhã, você vai né?!- ela me empurrou um convite colorido, francamente pensei que ela faria doze anos e não trinta, dei um sorriso torto para ela, não estava com vontade de responder. - A vai Lizi vai ser legal, e leva aquele carinha gato que você ta namorando, vai ser legal pra ele conhecer o pessoal. - a voz enjoada dela e aqueles óculos ultrapassados estavam me tirando do sério, quando ela me falou sobre meu ex, quase a fiz engolir aqueles óculos, eu sabia muito bem o que ela quis dizer, ela queria poder espalhar pra Deus e o mundo que eu terminei mais um relacionamento, aquele olhar sínico dizia tudo, então apenas respirei fundo e apertei minha pasta de documentos contra o tórax. - A tá, já entendi, sinto muito... sabe Lizi você devia tentar aqueles sites de relacionamento, ver se alguém dá certo com você.- arranquei aquele convite idiota da mão dela.

- Não preciso dessas porcarias, estou bem. Quanto ao seu aniversário, veremos. - Sai andando pisando firme no chão e com os dentes rangendo e ainda pude ouvir algum cochicho sobre eu ter terminado de novo.

O dia não foi fácil, todos aqueles olhares para mim, uns de pena, uns de deboche e sinceramente eu não sabia qual era o pior, francamente, sou uma mulher independente e rumo a ser bem sucedida, por que um cara é tão importante? porque eu tenho essa necessidade de conhecer alguém e de me apaixonar? Me joguei no meu sofá, o chenille já estava um pouco velho, o vermelho já não estava mais bonito, estava na hora de trocar. Liguei a tv para me distrair, e como sempre varias novelas e filmes cheios de pessoas felizes em seu relacionamentos, gruni de raiva e fui para o banho. Meu pequeno banheiro de azulejos brancos iria ser compreensível comigo, a maravilhosa água quente bem pressurizada do meu chuveiro faria tudo sumir. Joguei o salto alto preto e as meias longe e me preparei para o meu maravilhoso banho.
Hora de dormir, chega para mim.

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