Capítulo XIV

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Acordei com a luz do sol banhando o quarto. Estava tudo silencioso; me virei e Ian estava dormindo profundamente, com seu braço ao meu redor, como se não quisesse me soltar por nada. Me movi na cama devagar e ouvi a campainha tocar. Levantei-me cuidadosamente.

Abri o portão e uma mulher entrou. A mulher que Ian havia me trocado quatro anos atrás. Não gostei do que vi: ela era bonita e tinha um sorriso zombateiro enquanto me analisava. Fiquei com vontade de quebrar aquele nariz. Seu corpo tinha curvas que se destacavam ao longe.

— O Ian está aí? — perguntou ela, se aproximando.

— Acho que ele estava cansado depois do que fizemos a noite toda — menti, gostando de ver a raiva em seu olhar.

— E que noite maravilhosa tivemos, meu amor — disse Ian, se aproximando e me abraçando por trás.

Eu tinha um sorriso vitorioso no rosto e tentei disfarçar um pouco de vergonha ao imaginar o que Ian havia dito. A mulher que eu não suportava nem olhar o rosto se afastou descontente.

— Vim buscar minhas coisas que ficou aqui — ela disse me olhando, não deixei aquela frase me abalar.

— Você sabe muito bem que não tem nada seu aqui, veio apenas para ver se eu estava com a Marina, eu te conheço e sei do que é capaz — Ian suspirou e continuou. — Quero deixar bem claro que estou com a Mari, e espero que você encontre alguém e seja muito feliz. E a partir de hoje não quero que venha mais aqui, não vamos ter nenhum tipo de contato.

A mulher me fuzilou com o olhar, e se afastou sem se despedir. Espero que tenha entendido o recado. Mais espere aí, eu vou embora daqui um mês certo? Não preciso me preocupar com essa questão. E espero não estar mentindo para mim mesma.

Fomos para a cozinha preparar algo para comer, Ian ficou me olhando sorrindo, com certeza estava pensando em algo. Fiz uma pergunta silenciosa só pelo o olhar e ele entendeu.

— Eu não gosto de mentiras. Acho melhor provarmos para ela que estamos certos e fazermos o que acabamos de falar — disse Ian, sorrindo.

Comecei a rir e percebi que ainda estávamos abraçados. Me afastei sem graça e fui abrir a geladeira, estava com muita fome. Preparei um lanche e comi.

Depois, Ian sugeriu irmos ao parque. Miguel ia amar. Fiquei satisfeita e fui até a casa da minha mãe buscar meu filho. Ele não queria ir embora, mas quando falei em parque, mudou de ideia rapidamente.

Chegamos em casa e Ian já estava pronto. Miguel correu em sua direção, abraçou-o e lhe deu um beijo melado. Ian fingiu fazer uma cara de nojo e Miguel começou a rir.

Quando chegamos ao parque, havia muitas crianças correndo de um lado para o outro, todas com sorrisos estampados no rosto, assim como Miguel.

Compramos fichas e Miguel queria ir no avião primeiro. Não gostei muito do brinquedo, mas ele insistiu tanto que deixei. Em cada avião, só havia espaço para uma criança. Coloquei Miguel e, quando o avião começou a se mover, fiquei aliviada ao ver que não ia tão alto.

Havia outras crianças e outros aviões balançando, todas acenando para que os pais as vissem. Peguei meu celular e tirei algumas fotos de Miguel. Depois fui para o lado onde estava escrito "saída" para esperar Miguel quando o tempo do brinquedo acabasse. Vi-o descendo após dois minutos e acenei. Ele veio sorrindo, mas eu o perdi no meio das crianças. Me virei para Ian e ele parecia preocupado, já indo atrás de Miguel. Muitas crianças estavam saindo e eu não conseguia ver meu filho entre elas. Quando não havia mais nenhuma criança, fiquei com medo e Ian já estava do meu lado, assustado.

Comecei a gritar por Miguel e não o via. Ian andava de um lado para o outro procurando por ele, e nada. Andamos por todo o parque durante duas horas sem sucesso.

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