Capítulo XVII

37 6 0
                                    

Estava em um sono bom, quando de repente escuto algo tocando e penso que estou sonhando. O som não para, e percebo que é meu celular. Demoro um pouco para encontrá-lo.

— Alô? — falo meio grogue.

— Sua mulher está comigo, vai ter que me dar muito dinheiro para tê-la de volta, camarada.

Sento-me rapidamente. Viro e não vejo Marina. Levanto e vou até o banheiro, mas não a encontro. Começo a entrar em desespero. Cadê a minha mulher? Isso não pode estar acontecendo.

Abro a porta, olho ao redor, e entro no elevador. Quando a porta abre, corro rapidamente em direção à praia. Olho em busca de Marina.

Não a vejo. Começo a gritar seu nome com toda a força. Não posso ficar sem ela, ainda mais agora que temos um filho.

— MARINAAAA?

Grito novamente, desesperado. Finalmente a encontro. Ela parece assustada, mas eu estou aliviado em saber que era mentira. Ela está ali, e isso é o que importa. Preciso beijá-la. Nossos olhos se encontram, e continuo correndo em sua direção, abraçando-a aflito. Meu abraço é apertado, mas não quero soltá-la, tenho medo de ela desaparecer.

Beijo seu pescoço. Depois, seguro seu rosto e a beijo na boca. Minha mão desce até sua cintura.

Abraço Marina novamente, e ficamos assim, tranquilos, um nos braços do outro. Estou tentando pensar na melhor maneira de contar para Marina o que aconteceu, mas está difícil. Não quero que ela fique assustada.

Me afasto, receoso, e não paro de olhar para Marina. Por que ela tinha que ser tão importante assim para mim? Eu a amo tanto.

— Alguém me ligou — digo, passando a mão pelo cabelo.

— E? — ela me incentiva a continuar.

— Disseram que tinham raptado a minha mulher e queriam muito dinheiro, ou a matariam. Quando acordei e não te vi, eu... — minha voz some.

Marina se aproxima e me abraça novamente. Fecho os olhos e me concentro no calor do seu corpo. Seu corpo se encaixa perfeitamente ao meu, e começo a sorrir, lembrando dos velhos tempos em que éramos namorados. Paro de sorrir abruptamente e sinto o corpo de Marina ficar tenso. Ela se afasta de mim de repente, e sinto o pânico se espalhar pelo seu corpo.

— E se isso for uma armadilha? Cadê o Miguel? — Marina pergunta, preocupada.

Olho para Marina e entendo o que ela quis dizer. Começamos a correr em direção ao hotel.

Entramos rapidamente e não encontramos Miguel. Marina aperta minha mão e vejo lágrimas se formando em seus olhos.

— De novo não, Ian, por favor — ela diz com a voz chorosa.

De repente, Miguel sai de dentro do banheiro segurando um ursinho, com os cabelos bagunçados. Quando vê eu e sua mãe, percebe que algo aconteceu e arregala os olhos.

— O que foi? — Miguel pergunta, preocupado.

Eu e Marina começamos a rir. Não sei se era por causa do espanto de Miguel ou de alívio ao ver que nosso filho estava bem. Marina me abraça ainda rindo, e logo em seguida começa a chorar.

— O que foi, meu amor? — pergunto.

Por que as mulheres são assim? Choram por qualquer motivo e ficam felizes por coisas bobas? E o que mais me confunde é quando choram e riem ao mesmo tempo. Isso não é normal. Como elas têm a capacidade de chorar e rir ao mesmo tempo? São mistérios da vida.

— Só estou feliz — ela se afasta, e vejo lágrimas se misturando com seu lindo sorriso.

— Tô com fome — diz Miguel.

Além do amor Onde histórias criam vida. Descubra agora