Capítulo XVI

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Poder estar em um lugar tão lindo e calmo foi ótimo para mim, ainda mais com os homens da minha vida. Estava tentando aproveitar ao máximo.

Só que ontem à noite eu exagerei um pouco, e quando percebi, já estava nos braços de Ian. Mas foi um beijo tão bom, cheio de carinho e desespero. Se pudéssemos viver sempre assim, felizes e à beira da praia, seria maravilhoso.

Às vezes me imagino vivendo em uma cidade tranquila, como no livro "A Escolha" de Nicholas Sparks, onde Gabby e Travis viviam. Chorei lendo esse livro, foi realmente uma lição de vida.

Como seria acordar todos os dias e ver o mar? Ou ouvir os pássaros? Sei que para muitos isso é bobo, mas eu trocaria rios de dinheiro só para ter uma vida tranquila.

Tento sair dos meus pensamentos e me levanto devagar. Ian e Miguel estão dormindo tranquilamente. Vou até o banheiro e faço minhas necessidades, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Pego meu celular, visto meu biquíni e procuro um vestido. Escolho um azul claro que vai até os joelhos. Ajeito o cabelo e vou até a praia. Deito-me em um lugar raso e relaxo com o vai e vem das águas. A água estava muito fria, mas não me importo.

Fecho os olhos e começo a lembrar dos livros que leio. Eu sou assim, gosto de viver os livros que leio, e meus favoritos até têm trilha sonora.

— Tá tudo bem aí, moça? — Abro os olhos e vejo uma senhora simpática.

— Claro. — Respondo, sorrindo.

Ela se afasta, e eu fecho os olhos novamente. Viro-me e vejo o sol nascendo preguiçosamente. Acho que acordei cedo demais.

É uma visão linda de se ver. Gosto de guardar essas imagens na memória para me lembrar de como o mundo pode ser lindo, mesmo com tanta crueldade.

Levanto-me e começo a caminhar pela água, que já está ficando mais clara. Decido ligar para minha melhor amiga, Amanda. Ela atende no quarto toque.

— Caramba, Mari, isso não é hora de ligar! — Ela diz, brava.

— Estava com saudade. — Digo, rindo.

— Hum, tudo bem. — Sinto sua voz amolecer. Era fácil fazê-la feliz.

— Como está todo mundo aí? — Pergunto.

— Estamos todos bem e com saudades. E você e o gato do Ian?

Sinto meu rosto ficar vermelho ao lembrar de ontem à noite.

— Estamos nos acertando. — Tento não demonstrar nada em minha voz, mas Amanda é muito esperta.

— Já que me ligou, preciso de uma ajuda. Uma mulher com um filho veio ontem ao meu consultório e me disse que o marido a trai regularmente. Ela é bonita, e me mostrou uma foto dele. Achei feio, mas gosto não se discute.

— E? — Indago.

— Bom, o filho que ela tem é de outro homem. E o marido não aceita a criança, maltratando-a psicologicamente e fisicamente. Eu não sei o que dizer. Falei que juntas acharíamos uma solução. Que tipo de psicóloga eu sou? Nem sei ajudar meus clientes.

— Essa profissão é muito bonita, mas é complicada. Eu diria para ela largar o homem, já que ele não aceita o filho. O que a criança tem a ver com isso? Nada.

— Mari, tá louca? Não posso falar assim! Além do mais, ela ama o homem. — Diz Amanda, séria.

— Então manda esse homem se tratar. Tem aquela terapia de casal, não é? Coloque os dois para fazer isso.

— Não tinha pensado nisso. Talvez resolva meus problemas. — Diz Amanda, começando a rir.

— Às vezes quero ir para casa, Amanda, mas às vezes... Só quero estar com Ian. Ele me faz sentir coisas que ninguém mais consegue. Isso está deixando meu coração aflito.

— Isso é tão fofo! — Diz Amanda, suspirando. — Ainda vou achar meu par perfeito.

— Espero que sim. É bom poder amar. — Digo, lembrando do sorriso de Ian.

Quando éramos namorados, Ian às vezes me passava tanta raiva. Mas bastava ele sorrir para mim, e eu já esquecia de tudo.

— Marina, ainda está aí? — Grita Amanda do outro lado.

Me assusto, tinha esquecido que estava conversando com ela.

— Estou sim.

— Boa sorte com Ian. Já que me acordou, vou levantar para trabalhar. Beijos.

Desligo o celular e o jogo em cima do meu chinelo, que está na parte seca da areia. Deito-me novamente. Gostava de psicologia, ajudava a entender melhor a mim e aos outros. Sempre que podia, lia livros de psicologia e acabei gostando muito do Augusto Cury. Ele tem uma inteligência impressionante.

Sinto minha barriga roncar de fome. Tento me levantar, mas a água está tão boa. Abro os olhos lentamente e depois os fecho, resolvendo apreciar um pouco mais a tranquilidade.

— MARINAAAA?

Ouço alguém me chamando, parece desesperado. Levanto-me assustada e procuro a voz. Era Ian. Nossos olhos se encontram e ele vem correndo em minha direção, me abraçando aflito. Seu abraço estava me machucando, mas achei melhor não reclamar, percebendo seu estado.

Ele beija meu pescoço, depois segura meu rosto e me beija na boca. Sua mão desce para minha cintura, enviando eletricidade para todo o meu corpo.**

Ele me abraça novamente, e ficamos assim, tranquilos, um nos braços do outro. Estou curiosa para saber o motivo do desespero de Ian, ele não é de demonstrar fraqueza, mas não quero forçá-lo a nada, então resolvo esperar.

Ele se afasta, receoso, e não para de me olhar. Tento identificar o que há em seu semblante. Parece medo, agonia, dor, e algo mais.

— Alguém me ligou. — Pronunciou Ian, passando a mão pelo cabelo.

— E? — Incentivo para que ele continue.

— Disseram que tinham raptado minha mulher e queriam muito dinheiro ou a matariam. Quando acordei e não te vi, eu... — sua voz sumiu.

Aproximo-me e o abraço novamente. Olho ao redor para ver se há alguém nos observando, pois, para uma pessoa ter ligado e dito que eu não estava lá, essa pessoa deveria saber onde eu estava. Meus pensamentos estão confusos. Afasto-me de Ian abruptamente e sinto o pânico se espalhar pelo meu corpo.

— E se isso for uma armadilha? Cadê o Miguel?*

Ian entende rapidamente e corremos para o apartamento atrás do nosso filho.

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