43- Uma grande perda.

1.6K 179 49
                                    

Gustavo.

Quando o cartão do velório da dona Clara chegou em casa, eu cai no sofá com um aperto horrível no peito.

Como se já não bastasse os acontecimentos do dia anterior com a Kyara, que me deixaram bem... Fora de mim, agora eu recebo essa noticia.

Ela era a única para quem eu conseguia me abrir e falar da minha mãe. Ela era a única pessoa que não ficou me dizendo blá blá blá sobre ela, mas me mostrou algo de bom.

Se teve uma coisa que eu sempre vi como vantagem foi o fato de ter poucos familiares,  e com isso não me preocupar com a "partida" de nenhum. Eu criei dentro de mim um pensamento que aquela pessoa que se foi está salva e assim não dói tanto. Pois quem morre com Deus, tem a eternidade para viver!

Mas nesse caso, mesmo sabendo que ela estava salva, meus olhos se encheram de água e um sentimento de "Não pode ser" tomou conta de mim.

- Gusta! - a tia Nadia chamou. - Está tudo bem?

Neguei.

- A dona Clara morreu.

Ela arregalou os olhos, e depois se sentou ao meu lado.

- A mãe da Clarisse?

- Sim. O cartão do velório chegou faz pouco tenpo. -mostrei o envelope preto. - Vai ser amanhã, as 8h.

- Que pena, a dona Clara podia te ajudar muito com a sua mãe. R também era uma pessoa muito boa. - falou. - Eu tive a oportunidade de conhece-la.

- Ela já estava me ajudando, me deu o álbum de foto da minha mãe. -disse. - Eu fiquei meio surpreso com as coisas que tinha nele. Eu sou a cara dela!

- É sim! -deu um sorriso fraco. - Você é a cara dela.

Se fez alguns instantes de silêncio. Ela parecia a melhor pergunta e a melhor resposta.

Logo fui para o meu quarto e mandei uma mensagem para a Karla, não que isso fosse ajudar  muito, mas me senti na obrigação  de saber como eles estavam.
Rapidamente ela respondeu e disse que estava tudo bem, que o baque havia sido grande, mas que com o tempo a dor passaria.

Feito isso folheie as páginas do álbum que estava guardado no fundo da gaveta.

Os últimos dias tem se resumido a surpresas, e mais surpresas, algumas boas, como o album, mas a maioria confusas ou tristes.
A Duda sendo alguém bem mais "especial" do que eu imaginava, a Kyara sendo a garotinha do parque, eu sendo a cara da minha mãe, a dona Clara morta... É muito para minha cabeça.

Mas o lado bom de tudo isso, é que estou mais perto de Deus,  as minhas orações são mais sinceras, são mais fortes. Há coisas em nossas vidas que não são obra de Deus, mas que o próprio permite para nós testar, para que Ele tenha provas que confiarmos n'Ele, que cremos n'Ele e que não vamos murmurar,  ou cupa-lo. Os momentos difíceis tem que ser vistos como uma forma de aprender, de nós tornar mais fortes, e de nos aproximar de Deus. Muita vezes a gente não entende, até acha que Deus nós abandonou, mas não, ai e que Ele está mais próximo de nos para nos ajudar a vencer tudas as dificuldades. Todavia nosso "dever" e não murmurar, muitos perdem benção grandes porque murmuraram, o povo hebreu demorou quarenta anos para chegar a terra prometida porquê não creram e viviam murmurando, culpando a Deus.
Vamos experimentar a confiança absoluta n'Ele, mesmo que o mundo todo te aponte, te Culpe, te acuse, caia em cima de você,  confie!

Aos olhos de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora