-Hey garoto! - Gaby exclama quando um menino derrama suco em seu vestido novo.
-Ai meu deus! Desculpe. Nossa mil desculpas. - Ele não para de pedir desculpas enquanto limpa a sujeira, porém mal percebe que só está piorando.
-Caramba justo hoje? - A menina se pergunta.
-O que eu posso fazer para você me desculpar?
-Me dar um vestido novo ou me arranjar outro encontro?
-Fechado.
-Oi? O que? - A garota faz cara de desentendida.
-Um vestido novo e outro encontro. Sexta à noite? - O menino sorri, enquanto ela apenas o olha confusa.
-Esse encontro seria com quem?
-Comigo.
-Haha eu não vou sair com você.
-Porque não?
-Os garotos que fico não costumam sujar meu vestido.
-Sempre tem uma primeira vez e vou te dar outro. - Depois de um tempo observando o garoto ela sorri de leve.
-Espero que seja muito lindo.
-Eu sou. - Ela ri.
-Estou falando do vestido!
-Ah, pode deixar. - Ela anota algo no bloquinho que o garoto carrega.
-Aqui está meu telefone e o endereço que você vai mandar o vestido na quinta e me pegar na sexta às sete em ponto.
-Pode deixar. Ah eu posso saber seu nome?
-Gaby.
-Mas isso não é apelido?
-Mas gosto dele como se fosse um nome.
-Então ta. - Ele sorri. - Sou Gustavo.
-Hum... Gostei do nome. - Gaby pega sua bolsa e se vira para ele novamente - Não esquece, Gus. - Ela diz saindo do lugar.
-Fernanda? Ai meu deus, Fer acorda. - Abri os olhos e Théo estava me segurando me olhando quase chorando. Tentei levantar a cabeça, mas está doendo muito.
-O que aconteceu? - Perguntei.
-Ah. - Ele suspira aliviado - Você desmaiou. Não lembra? - Neguei. -Vai ficar tudo bem. Vamos no hospital e...
-Não precisa. - Disse. - Já me sinto bem.
-Mas você desmaiou do nada. - Stela diz. Até me esqueci que estou na casa da família dele.
-Juro que estou bem. - Eu disse me levantando.
-Eu acho melhor você ir, querida. -Dona Malu diz simpática.
-Você tem medo de hospitais? - O senhor Gustavo questiona.
-Não é isso, é que provavelmente foi só um mal estar.
-Tem certeza que não quer ir? - A boca mais linda do mundo diz.
-Amor eu to bem. - E ele sorri, assim do nada. Pera, eu disse amor? Realmente não estou bem.
~...~
-Vamos tomar uma água. Vem. - Dona Malu me ajudou a ir até a cozinha, o Théo queria vir junto, mas ela mandou ele ficar.
-Obrigado. - Respondi bebendo um pouco da água.
-Você tem pressão baixa ou algo assim? - Ela pergunta.
-Não que eu saiba. Eu nunca desmaio, foi estranho.
-Pode ser estresse. Você anda passando nervoso?
-Um pouco.
-Deve ser isso então. Quando eu tinha sua idade sempre que passava por algum estresse grande eu desmaiava.
-Nossa! Devia ser horrível!
-E era, mas então fui ao médico e ele me deu dicas. O Gustavo que me acalmava. - Ela diz sorrindo. Que fofa! - Você gosta do Théo? - Engasguei um pouco com a pergunta direta que ela fez.
-Gosto, ele é um grande amigo.
-Amigo? Pensei que eram algo a mais.
-Sinceramente eu não sei o que somos. - Disse me surpreendendo em falar sobre isso com a mãe dele.
-Porque você não pergunta pra ele?
-Não sei, acho que é meio pesado perguntar isso. Tenho medo de estragar o que seja lá que temos.
-Acho difícil. O Théo nunca foi de gostar de alguém. Nunca trouxe ninguém aqui, eu achava que ele era gay. - Rimos. - Mas hoje ele trouxe você, eu acho que ele realmente gosta de você. Eu gostei de te conhecer, é uma garota linda e especial.
-Muito obrigada, a senhora que é. Ops, você que é. - Eu disse quase emocionada.
-Se você quiser eu posso dar uma forcinha para vocês.
-Obrigado por oferecer ajuda, mas acho que não precisa. - Sorri
-O que você sente quando ele está perto?
-Não sei explicar, mas eu sempre esqueço todos os meus problemas, ele me faz sorrir e me da uns ótimos conselhos. Sempre que preciso ele está lá. Sabe, nós não nos conhecemos a muito tempo, mas é como se já nos conhecêssemos a anos. Semana passada eu assisti Star Wars pra poder entender o que ele gosta! Nunca fiz isso por ninguém.
-O que achou do filme? - Alguém pergunta atrás de mim e vejo a Malu sair da cozinha. Me viro envergonhada.
-Ouviu tudo? - Pergunto ao Théo.
-Acho que sim. - Ele está sorrindo.
-Nossa! - Não sei o que dizer.
-Nossa! - Ele chega mais perto e mais perto até ficar com a boca na minha orelha. - Eu também gosto muito de você, talvez seja amor. - Me arrepiei toda quando ele disse isso.
-Talvez seja amor. - Repito antes de beijá-lo.
...
Fiquei repassando tudo o que aconteceu no meu dia enquanto estava deitada olhando para o teto com fones de ouvido escutando uma música qualquer.
Hoje meu dia passou de agitado para uma calmaria reconfortante. Jantei com a família do Théo, que depois me trouxe para casa. Minha mãe não estava, então corri para o quarto, onde ainda estou.
Théo me fez esquecer todos os problemas, o que de certa forma é bom, porém agora longe dele posso pensar com mais clareza e chego a conclusão de que tenho que conversar com meus pais e minha melhor amiga. Também que preciso fazer aquelas fotos e vou sozinha, não é justo chamar a Glenda se eu sei que ela não vai e nem levar a Alice que vai me fazer mil perguntas nas quais não sei a resposta.
Ouvi uma batida na porta antes de minha mãe entrar com uma sacola de chocolates e um sorriso triste.-Precisamos conversar. - Ela disse e eu bati na cama ao meu lado para que ela se sentasse. Guardei o celular e olhei para ela esperando. - Eu e seu pai não estamos bem.
-Me passa o chocolate e conta tudo.
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Duas Vidas
RomanceSempre fui uma garota alegre e que gosta de viver ao máximo, conhecer o mundo e não sentir medo de nada, mas isso mudou. Uma coisa mudou tudo. Hoje não posso mais viver e sinto medo. Medo de tudo, medo de partir e medo de ficar. Se eu for e não ver...