Lembranças inexistentes

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Corri até chegar em uma rua deserta, uma parte de mim ainda quer acreditar que isso tudo não aconteceu. Precisava tirar esse peso de mim, preciso conversar com alguém, mas nem posso ligar para Glenda, ela provavelmente já sabia de tudo isso e deve pensar que meu pai é um canalha, já que sua mãe sempre sai como vítima. Alice, mas ela provavelmente iria jugar também e dizer para todos. Então me lembrei de alguém que seria perfeito para me ouvir.

Em dois toques fui atendida.

-Alô? - Disse.

-O que aconteceu? - Théo perguntou preocupado.

-Como sabe que aconteceu alguma coisa? - Disse quase sorrindo. Quase.

-Eu pedi para você ligar caso acontecesse algo e você normalmente atende dizendo "Oi".

-Han. Então eu não quero te incomodar, mas eu preciso falar com alguém sobre isso.

-Onde você está?

Olhei para os lados e não vi nada, mas lembrei que não devo estar tão longe.

-No Mc do centro. - Disse já voltando para perto do mc.

-Já chego ai.

-Obrigado. - Eu disse e pude imaginar ele sorrindo ao desligar.

Estava andando até o mc quando senti alguém pegar mo meu braço, me virei rapidamente.

-Hey gatinha, o que você acha de vir comigo até minha casa?

-Não. - Respondi nervosa tentando soltar meu braço.

-Odeio que me digam não. - O homem alto e magro me disse nervoso.

-E eu odeio que idiotas me dirijam a palavra. Mas não podemos ter tudo né? - Desta vez ele rosnou.

-Não brinca comigo mocinha.

-E você me larga. - Puxei meu braço e fui andando, mas desta vez ele me agarrou, então bati com o cotovelo em seu rosto e lhe chutei, assim que me soltou sai correndo.

Quando cheguei no mc já estava sem fôlego e o Théo estava em frente a um Uber estacionado, o abracei aliviada.

-O que houve? - Ele perguntou usando aquele tom preocupado que tenho ouvido muito ultimamente.

-Um idiota me agarrou.

-Quem? Eu vou matar ele. - Desta vez ouvi um tom furioso e olhei no rosto dele pousando as mãos nele.

-Hey, ele já foi. Não fez nada eu sei me defender. Não se preocupe com isso. - Ele ainda estava nervoso enquanto eu acariciava seu rosto.

-Tem certeza?

-Sim. - Vi seu semblante mudar, mas a preocupação ainda estava lá. - Fica tranquilo enquanto a isto. - Disse dando um selinho nele.

-Vamos?

-Claro.

Fomos no Uber abraçados no banco de trás e o motorista foi muito simpático, conversando sobre seus filhos e etc. Tanto que nem percebi que estávamos em uma rua que não conheço. Ele parou em frente a uma casa roxa linda.

-Tenham um bom dia. - Disse sorrindo.

-Igualmente. - Eu e Théo dizemos juntos recebendo um sorriso largo ao sair.

-Onde estamos? - Perguntei.

-Na minha casa. - Está palavra casa me fez lembrar o motivo que liguei para ele e minha tristeza foi evidente. - Se não quiser conversar aqui não tem problema.

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