Ainda te amo

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Hoje já fazem sete dias desde que tudo aconteceu. Uma semana em que estou evitando o Théo. Uma semana em que evito olhar na direção onde ele senta. Uma semana em que não respondo suas mensagens ou ligações. Uma semana que eu mal como e durmo de tanta saudade e me mato por dentro para não correr para seus braços.
Às vezes cogito a hipótese de que não aconteceu nada e a história que eles contaram é verdadeira, mas então vem a hora da fúria, tenho tanta raiva que juro que mataria ele se estivesse na minha frente. 

Durante esses dias meu pai se decidiu e está disposto a comprar aquela casa, mamãe está saindo mais, as minhas amigas me vêem quase todos os dias, desisti do psicólogo, pois nem tenho mais as memórias, o que é bom. Enquanto não estou na escola é mais fácil de esquecer, mas são momentos como o de agora, onde estou dentro da sala, que me sufocam. Tento prestar a maior atenção no professor, mas ainda sinto os olhos do Théo em mim.

-Quero um trabalho sobre um filósofo que vocês gostam. Pode ser qualquer um, mas quero um seminário completo e queto sentir que vocês estudaram mesmo sobre ele ao apresentar. Esse vai ser o último trabalho antes das férias, por isso é o mais importante. Mas quero duplas. - Quando ele diz isso todos já se viram para o amigo e mentalmente os vejo formar duplas, alguns falam "Dupla de três" ou "Dupla de quatro", mas então o professor diz o que todos temem. - Eu escolho as duplas. - Nesse momento bate uma aflição em todos que reclamam. - Rafael com Camila... - Assim ele forma as duplas, não dou importância até ouvir o nome dele. - Théo com... - Nesse momento eu torço para não ser meu nome. - Fernanda. - Então meu mundo caí e não escuto o que ele termina de falar.
No final da aula, Théo me procura e dessa vez não posso fugir.

-Oi. - Ele diz.

-Oi. - Falo sem olhar para ele.

-Tudo bem? - Ele tenta puxar assunto.

-Olha, na boa. Não estou afim de conversar. Depois me fala qualquer cara que eu pesquiso um pouco e te mando tudo. Não precisamos ficar juntos, nem nada. Um dia antes a gente conversa depois da aula o que vai falar e pronto. - Falo dura e sem querer olho para ele. Me corta ver o quanto o machuco com minha frieza.

-Se está bom pra você, então está para mim. - Ele diz e eu me viro para ir embora, quando sinto seu braço me tocar e me viro. - Você pensou sobre nós? - Pergunta.

-Não. - Minto. Penso todos os dias sobre nós.

-Então você não quer mais?

-Não. - Ainda respondo direta e ainda mentindo. Ele me solta e quando vou embora me puxa novamente, mas dessa vez me da um beijo. 

Nos beijamos lentamente e quase choro ao perceber o quanto senti falta do seu toque. Suas mãos passeiam por minhas costas e eu me aperto mais nele, como se o pouco de distância que sobra entre nós, não fosse suficiente. Minhas mãos se enterram nos cabelos macios de Théo e ouço um gemido dele na minha boca. Milhares de emoções se explodem ali e por um momento esqueço tudo e só quero dizer SIM. Sim Théo, eu senti saudades. Sim eu quero voltar. Sim ainda te amo. Então ele me afasta, continuamos com as testas encostadas, nos abraçando. Mas então, me sinto gélida quando seu toque se afasta de mim. Abro os olhos e ele me olha, antes de dizer.

-Eu sabia que você estava mentindo. - Ele diz antes de se afastar e ir embora, me deixando ali. Fria e morta, louca para sentir seu toque novamente. Com as palavras presas na garganta.

~...~

-Como ele pôde fazer isso comigo? - Reclamo com a Glenda ao contar sobre o que acabou de acontecer.

-Nossa! Eu não dava nada pro nerd, depois disso vou até mandar fazer uma camiseta escrita "Fã do Théo". - Ela diz rindo e eu cruzo os braços.

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