Duas Vidas

Quarteto maravilha

Ontem eu trouxe o Théo com muito esforço para minha casa, coloquei ele pra dormir como uma criança e já fiquei com o coração apertado por saber que ele vai acordar com uma ressaca daquelas. Não faz muito tempo que acordei, minha mãe foi trabalhar, já que quando vão lançar coleção nova até no sábado ela precisa ir trabalhar, o que ela não reclama já que ama o que faz. Ela me deu uns remédios para dar ao Théo quando ele acordasse, o que está demorando até demais, já são quase meio dia e ele nem sinal de que vai acordar agora.
Durante o tempo em que ele dormia eu fiquei o observando, dormindo tão tranquilo e calma que nem parecia que estava passando por uma barra daquelas. Comecei a fazer cafuné naqueles cabelos macios sem o acordar, mas depois de alguns minutos eu vi um sorriso seguido por olhos abrindo bem devagar.

-Posso acordar assim todos os dias? - Ele me perguntei com aquele sorriso lindo.

-Bom dia. - Sorri de volta e depositei um beijo rápido nele.

-Porque estou aqui? E porque minha cabeça dói tanto? - Ele perguntou agora fazendo careta.

-Você ficou bêbado ontem.

-Como assim? Eu nem bebo. Me lembro da Glenda me desafiar e eu bebi um copo, talvez dois ou será três? Estou confuso agora.

-Isso se chama ressaca, vou ser boa e deixar você melhorar antes de jogar um sermão em você por fazer burrada.

-Virou minha mãe?-Ele revirou os olhos e depois riu. - Falando em mãe, ela ligou?

-Ainda não.

-Nossa ela deve estar doida lá em casa!

-Imagino, eu estou aqui.

-Meu Deus!

-Calma que ainda nem comecei. - Como se ouvisse o filho falar dela, Malu liguou para ele, qie atendeu com um olhar baixo, depois de se explicar pareceu que ela queria falar comigo, pois ele me passou o celular.

-Alô. - Digo.

-Queria preciso falar com você sem ele por perto. - Olhei para Théo e sibilei um "Já volto", assim saindo do quarto.

-Pode dizer.

-O que realmente aconteceu? Ele bebeu né, meu Deus ele nunca faz isso! Isso tudo é culpa minha que fico aqui chorando por um filho e esqueço os outros. - Sua voz mudou, aparentemente estava chorando, o que me partiu o coração.

-Malu, eu sinto muito, muito mesmo pela sua perda. Eu nem sei o que dizer além de meus sentimentos, ainda hoje vou aí te dar meu abraço, sei que não é muito, mas...

-Querida você é um anjo. - Ela diz me interrompendo. - Temos muita sorte de te ter em nossa família, perdi um filho que sempre vai estar em meu coração, mas ganhei de presente uma filha linda e especial demais. Agora deu de momento fofo. - Ela riu e eu a acompanhei. - Assim que ele melhorar pede pra ele vir pra casa.

-Okay. Vou cuidar dele.

-Obrigado. - Dizendo isso a Malu desligou o telefone e eu voltei para perto do Théo.

-Ela está melhor? - Meu namorado perguntou.

-Está sim e você já passou a dor?

-Mais ou menos. - Dizendo isso dei um tapa no braço dele que logo disse um "ai" e depois dei um selinho.

-O tapa é pra você parar de ser idiota e cair na da Glenda e o selinho foi só porque eu te amo.

-Até parece fofa.- Ele riu.

-Sou fofa mesmo. - Cruzo os braços e tento sorrir de uma forma fofa, mas pelo visto não deu muito certo.

-Estou com medo, Fernanda volte. - Rimos.