Coisas ruins acontecem...

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-Mãe! - Glenda disse em um tom acusador.

-Glenda nós podemos conversar um minutinho? - Ela bufou e seguiu a mãe até um canto longe de mim. Naquele momento eu pensei que ela não fosse me ajudar, ela não precisava me ajudar, ainda mais depois do que aconteceu, mas então ela voltou e me encarou por um tempinho me fazendo ficar aflita.

-Só quero que saiba que sei que você não tem culpa do que houve, mas ainda assim não sei como te olhar. - Engoli em seco. - Vou te ajudar, porque você já salvou a Gle de muitas, mas depois daquele portão não me fale mais nada. Espero que entenda. - Assenti.

-Obrigado. - Eu disse e ela só balançou a cabeça.

Fomos em direção do portão e ao chegar lá fora tínhamos que seguir direções opostas.

-Mais uma vez obrigado. - Eu disse.

-Melhoras pra sogrinha. - A Gle disse me dando um abraço.

-Boa sorte e seja forte. - Sussurrei em seu ouvido.

Logo após nos despedirmos, fui andando o mais rápido possível até o hospital. Chegando lá não sabia o que fazer, então fui até a recepção. Uma mulher que deveria estar atendendo, aparentemente, gostava muito do telefone.

-Mas me conta, menina. Aquela garota é uma piranha mesmo. Huhum. - Ela dizia enquanto mascava chiclete. - Nossa aqui está um saco, é. O Doutor José está na sala dele todo doído, coitadinho. Eu também queria. Sim.

-Da licença. - Falei pra ela, que me olhou e silibou "Um segundo"

-Que babado!  Conta tudo. - Ela disse ao telefone.

Argh agora chega! Peguei o telefone da mão dela e bati no gancho.

-Pronto, o segundo passou. - Falei.

-Você não pode fazer isso, mocinha.

-E você está sendo paga para atender as pessoas e não fofocar.

-Se quer tanto ser atendida, fala logo.

-Eu queria saber onde se encontra a Família da Malu Silva.

-Peraí. - Ela verificou no computador e depois voltou a me olhar. - No terceiro andar, tem um elevador logo ali. - Ela apontou para o lado esquerdo.

-Obrigado. - Sai correndo para o elevador. Assim que entrei e a porta se abriu consegui ver aquele garoto lindo e quase que esqueço o que estava fazendo ali, mas rapidamente voltei para a realidade e corri para abraçá-lo.

-Como você está? - Falei em seus braços.

-Bem melhor agora. Sua maluquinha, como conseguiu sair?

-Longa história.

-Estou feliz que está aqui. - Ele disse.

- E eu feliz de estar aqui.

-Fernanda! - Stela disse vindo em minha direção.

-Oi princesinha. - Falei a abraçando.

-Porque você está aqui? - Ela perguntou e eu olhei para o Théo.

-Ela veio brincar com você. - Olhei para ele assim que disse aquilo e ganhei um breve sorriso que me fez esquecer por um segundo tudo aquilo.

-É, vim brincar com você. Você quer brincar comigo?

-Quero! - Stela disse cantante. - Toma essa é sua e essa minha. - Ela me entregou uma boneca que provavelmente ela trouxe quando veio ou então pegou da salinha infantil.

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