-Nossa como essa casa é linda! - Gaby disse com os olhos brilhando.
-Sim. - Sua amiga concordou.
-Acho que é a mais linda desse bairro. Deve ter uma piscina e tanto ein! Amei esse vermelho vivo... - Um barulho interrompeu sua fala, um carro se aproximava. Ela olhou para trás e uma linda máquina cor de rosa parou, uma loira bonita desceu de lá junto com um belo rapaz.
-Perderam alguma coisa? - A loira questionou para as meninas que não responderam. - Que foi? Um gato comeu a língua de vocês? - Ela disse achando graça e pelo visto o garoto ao seu lado também, já que riu alto prendendo a atenção de uma das meninas.
-Não olha não, querida. Esse aqui já tem dona. - A mulher falou antes de beijar o rapaz ao seu lado olhando direto para a menina que engoliu em seco.
-Vamos sair daqui, Gaby. - Uma delas disse e a outra lhe acompanhou em direção ao fim da rua, onde viraram.
-Que vaca. - Gaby falou nervosa.
-Fernanda? - As duas garotas olharam para cima e Gaby piscou algumas vezes, acordando de um sono profundo.
-Pai? - Eu disse.
-Meu Deus, Fernanda quer me matar de susto? - Meu pai questionou.
-O que houve? - Perguntei.
-Você desmaiou, queridinha. - Vaca. Pensei ao olhar aquela mulher.
-Pai vamos embora? Estou um pouco cansada.
-Mas o tour ainda não acabou. - Lamentou a vaca.
-O tour acaba quando eu quiser. - Disse nervosa me levantando, já indo em direção a saída.
Ah aquele ar fresco no meu rosto me fez tão bem! E me fez pensar. O que está acontecendo comigo? Porque estou tendo esses sonhos enquanto desmaio? Tudo parece tão real! É, acho que aquela vaca da professora estava certa, tudo o que está acontecendo anda mexendo comigo. Preciso sim ir naquele psicologo e urgente!
~...~
-Então ela está melhor? - Perguntei para Théo.
Assim que voltei pra casa ele me ligou me chamando para ir até a sorveteria que gostávamos, eu aceitei.
-Sim. Está toda doida fazendo até um caderno de nomes. Está pedindo sugestões pra todo o mundo. - Falou rindo. - Se prepara que ela vai te pedir opinião.
-Vou ficar pensando nos nomes.
-Como foi lá na casa?
-Ah foi sei lá. - Ri nervosa. - Ela é bonita e tudo o mais, mas não me senti muito bem nela.
-Como assim?
-Você lembra aquele dia em que desmaiei na sua casa? - Ele fez que sim- Então, aconteceu lá também. Todas às vezes em que isso acontece eu meio que vivi um momento que nunca vivi. Sou outra pessoa quando estou lá. Tudo é tão real e tão louco.
-Fer, não sei se entendi. Você desmaia e é outra pessoa?
-Falando assim parece que eu sou maluca. Mas é tipo isso, mas menos maluco.
-Você tem que é ir ao médico para ver o motivo desses desmaios.
-Tenho não.
-Tem sim. Ou você vai ou te arrasto até ele. Você escolhe.
-Muito mandão.
-E você muito teimosa. Eu me preocupo com você, não quero te ver mal.
-Eu sei. - Falei com meio sorriso. - E você? Como está?
-Ah estou meio preocupado com minha mãe. Ela parece bem, mas sei que corre risco e isso me mata. - Peguei sua mão.
-Vai ficar tudo bem.
-Eu sei que vai. Mas tem outra coisa que está me matando. - Quando olhei pra ele deu para ver aquela vaca garçonete atrás secando ele.
-O que? - Chegou até meu ouvido.
-O fato de sua boca não estar na minha. - Sorri um pouco e vi que ela ainda estava olhando.
-Vamos resolver isso. - O peguei e o beijei o mais demorado possível.
-Uol, meus problemas estão resolvidos! Alguém tem algum problema aqui? Por que eu não tenho! - Falou rindo e eu ri junto. Olhei para a garçonete e acenei mandando um tchau. Ela me olhou furiosa.
-Sua amiga? - Théo perguntou.
-Sim. Amiguíssima. - Ele me olhou um pouco desconfiado.
-Vamos? - Falou depois de pagarmos a conta.
Saímos de lá de mãos dadas caminhando.
-Quero te levar em um lugar. - Ele falou. - Fica perto daqui e ouso falar que é meu lugar preferido.- Continuamos andando de mãos dadas.
Leia ouvindo a música
A noite estava linda e para descobrir onde iriamos precisei ficar atenta ao meu redor. Estávamos perto do parque, até chegarmos nele e depois passarmos dele. Indo em direção as grades que fechavam o parque e separavam o parque de um matagal parecido com uma floresta. Ele afastou os vasos de planta que tinham lá e pude ver um buraco na grade que dava para alguém passar. Nunca tinha visto aquilo ali. Ele indicou com o braço para que eu fosse primeiro. Depois ele passou.
-Quando eu era criança minha mãe amava vir nesse parque com um grupo com as amigas dela e os filhos de cada uma. Quando ela me contou sobre as reuniões de terça no parque eu fiquei muito triste, nunca gostei de brincar com as outras crianças, mas minha mãe amava ficar com as amigas, então eu aceitei por ela. No primeiro dia eu fiquei olhando o parque, sempre fui curioso, então descobri isso. Passei por aqui e descobri esse lugar lindo. Desde aquele dia esse lugar se tornou o meu preferido do mundo. A vista aqui é incrível e sempre me senti feliz aqui. Costumo dizer que aqui é meu coração. Quando eu tinha 12 anis quis trazer a menina que eu gostava aqui, mas ela nunca me deu bola, então jurei que só traria pessoas que são especiais aqui. Hoje aquela menina gosta de mim e eu ainda gosto dela,então ela se tornou especial o bastante para estar aqui, no meu coração.- Uma lágrima teimosa escorreu do meu rosto, comecei a achar que aquela menina era eu. - Fer, hoje eu precisei de você e você estava lá. Você não tem noção do quão isso foi importante pra mim e do quão especial você é para mim. Quero gritar para o mundo todo que namoro a garota mais incrível desse mundo, mas como? Se nem te pedi ainda. Então... - Se ajoelhou. - Quer namorar comigo?
No meio daquela vista, que daria uma ótima foto, nós naquele lugar, o coração do Théo e o Théo na minha frente me fazendo chorar e agradecendo a Deus pela lua não estar tão iluminada para ele não ver o quão feia fico chorando, mas então percebi que ele não liga pra isso, ele só quer meu coração. Por esse motivo minha resposta foi:
-Claro que sim. - Pulei nele e o abracei, depois o beijei.
Ficamos ali sentados olhando para nossa cidade, abraçados. Só eu e ele. No meu mais novo lugar preferido do mundo. Seus braços.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Duas Vidas
RomanceSempre fui uma garota alegre e que gosta de viver ao máximo, conhecer o mundo e não sentir medo de nada, mas isso mudou. Uma coisa mudou tudo. Hoje não posso mais viver e sinto medo. Medo de tudo, medo de partir e medo de ficar. Se eu for e não ver...