COMO ASSIM?

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Estávamos no parque Ibirapuera em uma parte onde não tinha ninguém, já estava anoitecendo, por isso o por do sol estava incrível. O Théo havia preparado um piquenique e envolta estavam velas com corações no chão, estava lindo demais! Não pude evitar de me emocionar. Tenho o melhor namorado do mundo!

-Gostou? - Ele perguntou tímido e eu só consegui olhar para ele com a boca aberta.

-E--e--eu-- - Fui incapaz de dizer qualquer coisa, por isso me joguei em seus braços e o beijei.

-Isso foi um sim? - Ele perguntou rindo quando paramos o beijo, mas continuamos abraçados.

-Isso está demais! Nossa como te amo! 

-Fico feliz em saber isso.

Nos sentamos e ficamos ali abraçados olhando o por do sol por um tempo, depois comemos um pouco e ficamos conversando.

-Nossa se essa foi a de um mês imagina a de um ano! - Falo.

-Vou roubar o céu e te dar em um potinho, acho que supera. - Ele ri.

-É acho que sim. Deixei o seu presente na sua casa, não chega nem perto disso, mas... 

-Você é meu maior presente! - Gente como esse garoto é fofo! 

Ficamos nos beijando um pouco, até que ouvimos alguém passar, olhamos para ver quem era e me surpreendeu.

-Alice? - Perguntei e ela me olhou assustada. Alice estava de mãos dadas com uma garota! 

-O--Oi Fer. - Ela gaguejou um pouco, claramente nervosa com a situação.

-O que está fazendo aqui? - Perguntei, mas não com a voz elevada.

-Estou caminhando com minha... É... Minha amiga. - Ela disse com um pouco de dificuldade. A palavra pareceu ofender a garota, pois ela engoliu em seco e seu rosto antes feliz, agora ganhou um brilho triste. A Alice não deveria ter vergonha de se esconder! Eu nunca a jugaria!

-Prazer sou Fernanda. - Falo para garota. - Esse é o Théo, meu namorado. 

-Olá. - Théo cumprimenta.

-Sou a Clara. - Ela diz com um sorriso de lado.

-Bom, nós vamos indo... - Alice diz.

-Tudo bem. Depois eu te ligo. Bom passeio. - Digo sorrindo. - Prazer em conhece-lá, Clara.

-Digo o mesmo.

Elas continuaram andando e quando elas sumiram de vista me virei para o Théo.

-Porque ela não me disse que era lésbica?

-A Clara é amiga dela. - Ele disse simplesmente.

-Amor você é muito lento. - Dou uma risadinha. - A Clara e a Alice estão claramente juntas.

-Nossa! Porque ela não te contou?

-É exatamente o que te perguntei! Eu nunca jugaria ela, nunca! 

-Mas amor, vamos pensar bem. Deve ser difícil para ela. É algo novo, quem sabe nem ela saiba o que sente direito! A Alice deve ter ficado com medo de contar, ela sabe que você não ficaria contra ela e nem nada, mas entenda o lado dela.

-Eu sei, mas queria estar ao lado dela nesse momento, somos amigas. - Me encosto nele deitando em seu ombro. 

-Ela vai dividir isso com você quando ela estiver pronta.

-Huhum. - Murmuro por fim.

~...~

Ontem eu e o Théo ficamos mais um pouco e depois já voltamos para casa. Agora estou a caminho da escola e só consigo pensar em ontem, sobre a Alice. Me sinto de certa forma mal, pois eu sempre conto tudo para elas e uma coisa tão importante elas não me contam! Eu coloco a Glenda também no meio, pois se não tivesse passado mal sabe Deus quando ia nos dizer sobre a gravidez! 

-Oi Fer. - Glenda diz quando me vê entrar na sala.

-Oi.- Falo um pouco grossa, essas coisas mexem com meu humor.

-Tpm?

-Cala a boca. - Digo me sentando.

Não demora muito e a Alice chega se sentando atrás de nós, quando ela passa por mim da um sorriso sem graça. 

-Podemos conversar? - Ela sussurra no meu ouvido.

Me levanto e ela me segue até lá fora, vamos no banheiro que está vazio.

-Eu ia te contar. - Ela diz.

-Sério, Alice? Quando? Caramba você acha que eu sou o que? Homofóbica?

-Não é isso. Fiquei com medo.

-Medo de que? Somos amigas há quanto tempo? Amigas dividem segredos, Alice! Não é uma relação onde uma pessoa só conversa.

-Eu sei. - Ela diz limpando uma lágrima. - Isso é tenso pra mim, Fernanda.

-Você deveria ter me contado! A Glenda sabe?

-Não. E nem vai ficar sabendo por enquanto, você sabe como ela é com segredos. - Disso ela tem razão, a Glenda nunca guarda um segredo dos outros!

-Mas e eu? Alice iriamos passar por isso juntas! 

-Isso não é algo que se passe junto, eu queria descobrir sozinha. 

-Como que é?

-Eu queria passar por isso sozinha, Fernanda. - Ela chora e eu também.

-Você não deveria! Alguém sabe?

-Tentei conversar com minha mãe, mas ela me disse coisas horríveis! A Clara já sabia que ela era assim e a família dela aceita, eles são gente boa comigo e eu não posso nem levar ela na minha casa! - A abraço e a deixo chorar nos meus ombros.

Ninguém deveria passar por isso, muito menos alguém como ela. A Alice é uma das melhores pessoas que já conheci, ela nunca fez mal a ninguém! 

-Sou um monstro, Fer.

-Hey, você não é. Você é uma pessoa comum se descobrindo.

-E se eu for mesmo lésbica?

-Não tem problema algum!

-E se não for?

-Pelo menos você teve certeza! Isso provavelmente iria acontecer na faculdade. - Faço uma piada para anima-la.

-Obrigado por me apoiar. - Ela me abraça novamente.

-Você não precisa me agradecer, é o que amigas fazem. 

~...~

-Eles deveriam nos dar um desconto de tanto que vimos aqui. - Comento com o Théo. Estávamos no nosso lugar novamente.

-Concordo. - Ele comenta.

-Vou perguntar quando acaba o turno dessa garota e a gente só vai vir quando ela ir embora, é impressionante que ela nunca tira os olhos de você! - Falo a respeito da garçonete vaca.

-Você não vai mesmo com a cara dela né. - Théo fala rindo. - Sou muito lindo é difícil não olhar.

-Que convencido. - Rio.

-Amor amanhã vai ter aquela noite especia lá em casa, você disse que ia. - Ele diz.

-Ah sim. Nem lembrava.

-Minha mãe lembra todos os dias. - Rimos.

-Eu adoro ela.

-Eu sei e ela também te adora e muito!

-Depois me manda uma mensagem com o horário e informações necessárias

-Informações necessárias do tipo que roupa você deve ir?

-Exatamente.

-Você é hilária.

-Sou complicada é diferente.

Depois ele me levou até em casa.

-Te mando mensagem quando chegar. - Ele avisou.

-Manda mesmo.

-Pode deixar. - Théo sorriu e me beijou em seguida.

-Boa noite. - Falo.

-Boa noite.

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