Nunca

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-Oi pai. - Falo gaguejando.

-Oi princesa. - Ele responde ainda olhando para o Théo.

-Esse é o Théo, meu namorado. - Falo.

-Namorado? - Agora ele olha para mim.

-Huhum. - Não consigo falar uma palavra concreta, o olhar dele está me matando de medo.

-E você pretendia me apresentar ele? Pedir permissão ou algo assim?

-Sim. Estávamos falando sobre isso e iamos marcar logo um jantar. - Falo.

-Ah. Isso. - Ele aponta para nós. - Tem quanto tempo?

-Pouco. - Falo.

-Vocês iam esperar ter muito para falar comigo?

-Não, senhor. - Théo que responde agora e ganha uma bufada do meu pai.

-Pai vamos marcar logo isso. Quando da pro senhor? - Me meto quando percebo que ele vai dar uma patada no meu namorado.

-Te mando minha agenda por e-mail, pode ser? - Faço que sim com cabeça. Ele nos encara novamente e depois passa por nós. Entramos e não vejo minha mãe.

-Mãe? - Pergunto e quando constato que ela não está, fico mais feliz pela privacidade. Vamos até a sala e sentamos lado a lado. - Quer ver um filme? - Pergunto.

-Pode ser. - Abro a netflix e coloco em qualquer filme que se parece legal, meu plano não é assistir.

Logo que o filme começa já me aconchego mais em Théo, que passa o braço por trás de mim me abraçando.

-Ta com sono? - Ele pergunta baixo como se não estivéssemos sozinhos, quando eu deito a cabeça em seu peito.

-Não. Gosto de ouvir as batidas do seu coração. - Falo.

-Está fofa. - Ele diz sorrindo e eu sorrio de volta. Viro a cabeça e olho do fundo dos olhos dele antes de o beijá-lo.

-Só senti falta. - Digo quando o beijo acaba e volto para minha posição inicial, mas dessa vez ele acaricia minha cabeça. 

Tento ao máximo prestar atenção no filme, mas o cafune do Théo me deixa com sono e seu perfume me da uma sensação tão boa de tranquilidade, que aos poucos meus olhos se fecham e sou mandada para outro mundo.

Meus sonhos são com ele. Voltamos para o dia em que ele me pediu em namoro e me sinto tão feliz quando ouço "Você quer namorar comigo?" E ao responder faço um barulho estranho, pera não fui eu que fiz esse temperamento de garganta.

Abro os olhos e minha mãe está com um sorriso sem graça e de braços cruzados. Pisco para me acostumar com a luz e ao olhar para onde estou, lembro de ter dormido, mas não que o Théo também havia dormido. Estamos meio deitados no sofá e ouço sua respiração tranquila. Ele está com os braços aos meu redor e com muito esforço me livro do meu lugar favorito do mundo sem o acordar. Aponto para a cozinha e minha mãe me segue até lá.

-Oi mãe. - Falo.

-Vocês estão dormindo faz tempo? - Ela questiona e logo entendo.

-Não, nós... Não. - Tempero a garganta. -Só dormimos enquanto assistíamos um filme.

-Não disse nada. - Ela levanta as mãos em rendição e da um sorriso culpado que me faz rir um pouco. -Vai acordá-lo? 

-Não queria. Tudo bem se eu deixar ele dormir aqui mais um pouco? 

-Tudo. - Ela sorri. - Seu pai me disse do tal jantar.

-Ah. Imaginei, mas ainda não marcamos a data.

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