Emma versus Passado

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Madrugada do dia 07 de setembro

O ônibus quebrou em algum lugar no meio do nada entre Austin e o Kansas. Neal estava desesperado pois era a segunda vez que o ônibus quebrava e ele achava que podia ser algum tipo de sinal que anunciava que coisas piores estava pela frente.
O cara que sentava ao seu lado, além de cheirar a maconha, roncava feito um caminhão velho e o menino acordava toda vez com medo do homem ter uma apneia.
A essa altura seus pais estariam loucos, espalhando cartazes com seu rosto por toda Austin e provavelmente sairia no jornal local; mas ele havia tomado uma atitude por uma boa causa, mãe e filha não deveriam ficar separadas. Com muita sorte, chegaria até a faculdade da irmã na noite do dia 7 — só que Neal cometerá um erro: saíra de casa sem um plano e agora não fazia ideia de onde iria passar a pernoite.

Manhã pré-encontro.

Emma tinha acabado de sair da sala de sua coordenadora para alertar que iria precisar faltar à aula de História da Música. Ela precisava ir ao centro da cidade para consultar-se com seu psicólogo — que foi indicado por Kristin logo após perceber alterações em seu comportamento quando tocava no assunto do acidente.
A mulher perguntara se ela tentara se matar e não obteve resposta; o silêncio já dizia por si só.

Já fora do prédio, ela caminhou até o meio fio da calçada e esperou pacientemente por um táxi. Estava com tempo de sobra, livrou-se de uma aula porre, de uma professora chata e das perguntas incessantes de Killian Jones, um colega de classe.
Chegando ao edifício onde ficava o consultório, ela pagou ao taxista e desceu do veículo segurando o grande sobretudo azul de Regina no antebraço e a mochila no ombro esquerdo. Cumprimentou as pessoas que desciam pela escada e outras que vinham pelo elevador e quando alcançou as portas pesadas de metal, um senhor as segurou para que ela entrasse com folga.

Já no andar de destino, ela se apresenta à secretaria do médico e esta diz que ele a estava esperando, só que houve um imprevisto, um paciente com distúrbios mentais sérios praticamente que virou sua sala inteira e ele estava procurando por outra para prosseguir com o atendimento.
Pacientemente, Emma sentou em uma das cadeiras e esperou. Perto dela, logo em frente, havia um relógio de pêndulo bem antigo; os números eram em romanos e a madeira estava manchada. Seria um belo exemplar se o barulho do tic tac do objeto nao estivesse enlouquecendo-a.
O som penetrava em sua mente, enquanto ela ouvia a própria circulação em seus ouvidos — a respiração descompassada, o coração estava acelerado e ribombante dentro do peito; quem não a conhecesse diria que estaria tendo um infarto. Emma buscava secar a palma das mãos na calça enquanto alisava o cabelo freneticamente com os dedos.

Estava tendo uma crise de pânico que duraria em média quinze minutos.

— Senhorita Swan? — chamou a secretaria cuidadosamente — O doutor já está a sua espera... — olhando com cautela para a moça perguntou — A senhorita está se sentindo bem? Quer um copo d'agua?

— Não... Tudo bem, eu estou bem

Lançou seu sorriso mentiroso e pôs-se em seus calcanhares. A secretaria a guiou para longe do relógio e abriu uma porta na extremidade oposta da recepção e fez um sinal para que entrasse.
Alguns passos depois, ambas estavam na porta da nova sala. No vidro com textura lia-se "sala 01". A mulher que a acompanhava disse que ela poderia entrar quando se sentisse pronta e virou-lhe as costas logo depois de acenar.

Batendo de leve na porta, Emma adentrou a sala um pouco receosa do que iria encontrar. O ambiente era pintado de tons graves de marrom, sobrepondo-se sobre os rodapés beges e cantoneiras no alto do teto do mesmo tom. O assoalho de madeira maciça brilhava feito novo sob um tapete persa quadrangular azul com bordas chanfradas em preto e branco.

A PianistaOnde histórias criam vida. Descubra agora