Enquanto isso do outro lado do bairro, Regina ainda trajava seu uniforme de trabalho. De frente para dois vestidos esticados na cama — um preto e o outro vermelho — com o jaleco repousado no ombro, levava aos mãos ao cabelo curto e o indicador a boca constantemente sinalizando indecisão. Não sabia qual dos dois escolher e muito menos que tipo de maquiagem usar; bem, pra que maquiagem?! Vamos estar no escuro mesmo! Pensou e logo depois riu da própria cogitação como se fosse a piada mais engraçada do mundo.
Logo após optar por ser ela mesma e escolher o preto, voou para o banheiro e tomou um longo banho quente de cabeça e tudo. Durante a chuveirada, pensou em vários diálogos construtivos e em respostas que não envolvesse seu trabalho e coisas atípicas que ninguém costuma falar como "fiz três Hapencicectomias hoje" ou "chegou um cara na emergência que estava tão esmagado que parecia ter sido atropelado por um rolo compressor".
Depois de sair do banho, Regina pôs o vestido e foi para frente do espelho para fechar o zíper. A roupa caiu-lhe tão bem quanto uma luva; curvas acentuadas, cintura bem delineada e seios bem sustentados por um decote V médio, o que a deixava ainda mais sexy que o normal. Logo depois de finalizar a maquiagem pintando os lábios de vermelho, Kristin entrou no seu quarto e assobiou.— Uau uau Regina Mills... — disse a loira batendo palmas
— Obrigada, obrigada... Eu sei... — disse a morena reverenciando de leve com um sorriso brincalhão nos lábios — Só espero que valha a pena tudo isso
Ô se vai, pensou Kristin ao olhar a foto que recebeu mais cedo de Emma já vestida. Kristin vestia uma calça jeans com os joelhos rasgados e braços cruzados sobre a blusa de botão estampada. Esperava pacientemente pela amiga enquanto respondia às mensagens de Lacey.
— Pronto, acabei — comunicou Regina despertando Kristin — Vamos
A morena não demonstrava, mas estava nervosa. Aquele típico friozinho e o leve tremor de suas mãos estavam assustando-a porém seu rosto permanecia impassível, como uma árvore fincada no solo.
Descendo as escadas, conseguia ver Henry e sua mãe sentados no sofá. Ao ouvir o barulho dos saltos se chocando nos degraus, o menino virou-se e apoiou-se nas costas do sofá para olhar a mãe — o pedaço pãozinho que tinha na boca, caiu-lhe nas mãos involuntariamente fazendo Regina dar uma risada vívida.— A senhora tá muito linda — disse o menino descendo do sofá para ter com ela
— Achei que eu estivesse linda todo dia pra você — fingiu uma decepção
— E é verdade mas hoje... — suspirou — Está especialmente bonita — enfatizou
— Obrigada, querido — Regina abriu os braços para receber Henry, que devolveu o aperto por vários segundos
— Promete que vai se divertir hoje? — perguntou fixando seus olhos castanhos nos dela
— Prometo — concordou a morena com a cabeça — Prometo de dedinho
Ela esticou o mindinho para o garoto que sorriu e esticou o dele cruzando-o com o da mãe. Regina devolveu o sorriso a Henry e o beijou no rosto, deixando uma marca de batom em sua bochecha.
Ele acompanhou ambas até a porta da frente e se despediu com um aceno enquanto saiam com o carro. Quando o veículo despontou na curva, o menino fechou a porta e voltou para o interior da casa para ter com sua avó. Voltou pelo corredor saltitante, rodopiando em seus calcanhares e levantando a gola do suéter como quem tivesse acabado de se dar bem.
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A Pianista
RomanceCheiro de terra molhada, vidro embaçado, xícara de café sobre a escrivaninha, e folhas rabiscadas com poucas palavras. Ali tinha um sentimento: saudade. Mas não era saudade de uma moça, uma amizade, um conhecido ou um rosto nada familiar... Era saud...