A Dona da Fita

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Como se pedisse ajuda a Deus, Lacey encarava o teto da cozinha rebaixado à gesso afim de buscar respostas para a tensão na cozinha. Quando ia fazer a famosa pergunta, Henry brotou na porta chamando-as dizendo que estava pronto.
Regina sorriu como se dissesse que o assunto ficaria para a próxima e voltou a bancada.

Lacey parou Swan contra a parede na ante sala e a interrogou.

— Que porra foi essa?! — perguntou

— Droga Bela, — disse ela pressionando os dedos nos olhos em um silvo baixo — Ela é a morena gostosa do Starbucks

— Cacete! — a morena deu um riso abafado cobrindo a boca com a mão — Isso parece uma novela mexicana!

Emma balançou a cabeça em incredulidade e deixou uma Lacey vermelha de tanto prender o riso na ante sala.
A loira parou entre o alisar e a porta; seus olhos brilharam quando viu a sala onde estava prestes a entrar, cheia de instrumentos e itens de música espalhados pelo cômodo organizadamente. As cores das paredes eram de um azul pastel tímido que unindo-se com o assoalho de madeira portuguesa tornava-se único e chique. No canto oposto à porta, descansava uma viola e ao seu lado o arco usado para toca-la.

Mas no centro da sala, estava o piano. O estonteante e brilhante instrumento arrancaram de Emma o ar e quase a levou as lágrimas de tão bonito. Ela nunca tinha visto um piano daquele, nem mesmo na faculdade. A vida toda ela lidara apenas com petit, um tipo de piano compacto para estúdio e pensou que aqui não seria diferente.

— Oi — disse a loira aproximando-se do menino — Que tal você me mostrar um pouco do que sabe fazer? — sorriu desafiadora

Aceitando o desafio, Henry toca uma das primeiras musicas que Emma aprendeu, Over The Rainbow. Essa música tinha um significado para ela de suma importância — não importa quantas tempestades virão, o arco-íris sempre irá aparecer e o que há depois dele é sempre melhor. Anotando mentalmente ela foi avaliando a desenvoltura do garoto como um todo — postura, coordenação, controle, ritmo, execução e sincronia de notas.
Ao final, Emma estava extasiada. Tendo sua alma arrebatada pelo talento do garoto, ela o aplaudiu.

— Mandei bem? — perguntou ele tímido

— Mandou super bem! — disse ela com um sorriso sentando-se ao lado dele no banco — Mas vejo que você se perde um pouco quando tem que passar de uma nota para outra rapidamente e piora quando precisa usar o pedal

— É... — suspirou triste — Eu não consigo controlar

A loira sabia muito bem o que o garoto sentia e não era muito agradável. Ela e a amiga afagaram o ombro do cabisbaixo menino e Emma forçou-se a pensar em uma solução.
Tentou lembrar-se do que Ingrid lhe ensinou quando notou esse problema e logo teve um vislumbre de ideia.

— Já sei — disse ela entusiasmada — Vamos fazer um jogo?

O menino concordou com a cabeça e ficou de pé na frente dela. Emma explicou como seria: ele teria que dar tapinhas na cabeça enquanto esfrega a barriga e usaria os pés quando ela mandasse.
Parece tosco e primitivo mas funciona. Para dar início ao jogo, Emma contou até três e deu a deixa para ele.

Henry foi muito bem mas quando Lacey pediu que ele fizesse um círculo com o pé direito ele embaralhou os movimentos das mãos e passou a dar tapinhas na barriga também. Rindo da sua própria trapalhada, o menino sentou-se no chão cansado pelo esforço.

A PianistaOnde histórias criam vida. Descubra agora