Tutora Honorária

250 24 5
                                    

— Ah eu não consigo mãe! — disse Henry batendo as mãos nas coxas

O garoto estava com problemas. Ele não conseguia executar a escala em Allegro que Lacey passara para ele treinar; seus pés se perdiam no meio da execução e em seguida seus dedos travavam. Henry estava irritado e frustrado consigo mesmo pois ele aspirava a carreira da música quando fosse maior e desejava fazer faculdade assim como sua tutora.

— Ah filho — disse Regina em um tom brando — Vai conseguir, eu acredito em você

A mulher ajoelhou-se perto do banquinho do piano e abraçou o filho. Ele enterrou o rosto na curva da clavícula da mãe e enroscou os braços em volta do pescoço dela em um abraço bem apertado.
Ela beijou-lhe a testa e afagou suas costas com carinho.

— Você quer falar com a Lacey sobre isso? — perguntou ela — Talvez ela possa te ajudar

— Tá — assentiu o menino

Regina soltou-se do menino e foi até o escritório buscar o celular. Discando o número de Lacey, ela explicou toda a situação quando a menina atendeu. Indo para ter com Henry na sala, ela passou o celular para ele

— Alô, Henry? — disse ela

— Oi — disse ele timidamente — Sei que a minha mãe já te contou tudo, então, pode me ajudar?

Houve um momento de silêncio. Lacey pensava em como poderia ajudar o menino e de súbito veio uma pessoa em sua cabeça que com certeza poderia consertar isso.

— Sua mãe tem algum problema com visitas?! — perguntou a menina animada.

****

— Vamos Emma, mais precisão! — disse sua professora — Eu quero ver paixão!

Emma já não sentia seus braços. Ela estrava treinando feito uma louca todos os dias após as aulas para o teste do recital da faculdade. Seria daqui a três semanas e ela não fazia ideia se tinha escolhido a música certa.
A verdade é que ela precisava de Ingrid ali para lhe ajudar e a acalmar.

— Pare — disse a professora — Emma, sei que você pode fazer melhor do que isso mas está cansada. — a mulher tocou-lhe o ombro — Vá e descanse. Não encoste um dedo sequer em um piano entendeu?

Emma assentiu e a mulher sorriu. Pegando suas coisas, ela deixou a sala e seguiu para o campus sem pressa. Era uma tarde amena, o ar estava úmido o que era bom pois o seco fazia o nariz da loira sangrar e isso não era nada bonito. O toque do celular despertou Swan dos seus pensamentos.

— Emma? — disse Lacey em um tom alarmante

— O que houve? — perguntou ela confusa — Não gosto desse tom

— Ah, nada... Quer dizer, aconteceu mas não é tão sério. — acalmou-a — O menino para quem eu dou aula, está com problemas de coordenação e eu não sei o que fazer...

— Ah — suspirou Emma — Isso é uma droga. Que tipo de andamento você passou pra ele?

— Passei um Allegro leve

— Você tá de brincadeira?! — gralhou a loira — Isso é difícil pra caramba!

— Bom eu preciso da sua ajuda. Sei que você pode resolver isso pra mim, não é? — perguntou Lacey preocupada

— Ah droga, você quer que eu vá dar aula com você? — perguntou Emma

— Por favor! — disse ela em um tom pidão

Emma concordou em ir e desligou o telefone. Na manhã seguinte elas iriam juntas até lá.
Ao chegar no alojamento, ela pendurou a mochila atrás da porta e foi até sua cama. Lá ela deixou as roupas que vestia e seguiu para o banheiro — ela definitivamente precisava de um banho.
Despida por inteiro, Emma olhou-se no espelho como sempre fazia quando Lacey não estava lá e admirou-se enquanto deixava o registro aberto para a água esquentar. Virou de costas e mirou o olhar para o espelho por cima do ombro para ver o casal de cisnes majestosos na base de sua nuca aproveitando para verificar o resto do corpo.

A PianistaOnde histórias criam vida. Descubra agora