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Devo admitir que o jantar foi bem mais proveitoso, até porque Cristina não para de falar, me mantendo focada nela; assim eu não precisava olhar seu irmão.

-Temos de ir até a cidade. - Ela diz por fim.

-Claro. Marcaremos um dia. -Digo.

-Falando em marcar um dia... -Henrique abre a boca. Sei que vai vir bomba. -Sabe pai, poderíamos levar a doutora Helena para conhecer o cafezal.

Senhor Velasco sorri com a proposta do filho. Na verdade, vi seu olho brilhar de orgulho.

-É uma ótima ideia, meu filho.

-Conversamos hoje. -Henrique sorri e olha para mim. Seu olhar presunçoso me faz ter vontade de soca-lo. -Ela pareceu bem curiosa para ver nossa plantação.

-Pareci? -Pergunto a ele lançando um olhar do tipo pare agora, senão mato você, o qual ele ignorou.

-Sim. -Ele responde sorrindo. -Ela estava bem entusiasmada.

-Ah, eu fico feliz, doutora! -Hector diz contente ao saber de minha curiosidade. -Mas infelizmente não poderei acompanha-la nesses dias.

-É uma pena. -Digo, tentando esconder meu contentamento.

-Ah, por que não eu? -Henrique pergunta, já se oferecendo. Lhe lanço um olhar cortante.

-É uma ótima ideia. Poderia leva-la amanhã, se não for incômodo. -Hector diz.

-Na verdade eu... -Tento cortar, mas Henrique se apressa.

-Não será problema. -Henrique diz. -Amanhã depois da sessão com o vovô e a vovó, antes do sol se pôr. -Henrique se vira para mim. -Ok, doutora? Sabe montar a cavalo, não é? É algo que as amazonas faziam, não é!?

-Seu fascínio pelas amazonas é muito empolgante. Infelizmente não monto há muito tempo, mas aposto que sei subir e guiar um cavalo. Não se preocupe. -Lhe lanço um sorriso falso.

Ele sorri de volta. Falso, claro!

-Bom. -Cintia quebra a tensão. -Seu irmão virá em uma semana. -Ela diz ao marido.

-Com todos? -Henrique pergunta preocupado.

-Claro, Henrique. -Ela diz zombateira. -Seus primos também querem participar da feira. Como todo o ano.

-Sabe o que aconteceu da última vez. -Ele a faz lembrar.

Cíntia parece desconcertada.

-Ah, Henrique, não foi tão grave, quer dizer...

-Brigamos no ano passado... -Henrique diz. Imediatamente larga seus talheres. -Bom, Cíntia, espero que arrume um quarto para eles, longe do meu!

Henrique se levanta.

-Henrique! -Hector o censura. -Sente e peça desculpas! Não fale com sua mãe desse jeito.

Henrique ri com deboche e se sai da sala, pisando pesado.

Fico olhando todos. Céus, não há um jantar que termine sem brigas? Eles só vivem assim?

Me viro para Cristina, que preferiu nem dar atenção a confusão.

-Brigaram ano passado? -Pergunto.

-É. Henrique e meus primos. Aparentemente estavam envolvendo  mulheres. Esse negócio de furar o olho deu uma baita confusão. Henrique e eles brigaram no braço. Foi horrível! -Ela responde sussurrando.

-Mas porquê ele saiu assim? E gritando? -Pergunto baixinho.

-Henrique é impulsivo. -Ela diz é solta um suspiro. -Vive jogando na cara da minha mãe que ela chamou eles aqui. E como eles estão voltando novamente... Bom, ele acha que tem razão...

IndomavelmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora