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Quando Cristina chega da escola, ela apenas se troca para sair de novo comigo. Como combinado: hoje iríamos ao shopping. Eu não fiz disso uma cerimônia grandiosa. Já viajei para outros estados e visitei mais shoppings que eu possa imaginar, mas... caramba! É BH! Tudo é diferente, é sempre uma emoção nova...

-Como está sendo a estadia em casa? -Ela me pergunta.

-Agradável. -Dou de ombros. Tirando o fato de estar rolando algo que nem sei explicar entre mim e seu irmão? Que parece que vamos nos matar a qualquer momento e depois estamos nos desejando? Está tudo indo bem!

-Fico feliz. -Ela diz contente. -Pensei que Henrique iria tortura-la, mas como ainda está viva, creio que nada pode abalar você.

-Henrique parece uma criança mimada, você tem apenas que ignora-lo para que ele se toque um pouco! -Digo.

Nem preciso olhar para ver que o sorriso de Cristina está arregalado.

*

Lojas e lojas. Para mim parecem iguais. Iguais as de Manaus, ou de São Paulo, ou de Curitiba. Iguais. Roupas da moda, bolsas de grife, jóias extravagantes. Um shopping comum...

Ou quase.

-Cristina! -Ouvimos um gritinho. Nos viramos e uma loira, mais loira que eu, vem correndo em nossa direção. Apenas peitos. Peitos enormes e, até possivelmente, falsos.

Faço cara interrogativa, enquanto Cristina parece um tanto preocupada.

-Amália. -Cristina a cumprimenta. -Que prazer em ver você.

-É sempre um prazer. -Ela diz.

Ih! Essa é puta!

-Quem é essa? -Amália se vira para mim.

-Amália, essa é a doutora Helena Lebouço. Está hospedada em casa. Eu a trouxe para conhecer um pouco mais da cidade. -Cristina nos apresenta.

-Olá. -Digo.

Como parte da minha educação, estendo a mão, mas Amália não aperta e recolho-a novamente.

-Ela está na casa de vocês? -Amália retruca. -E Henrique?

-Ele mora lá. Óbvio! -Cristina diz.

-Ah. -Ela solta. -Importaram uma de tão longe...

-Amália! -Cristina a censura.

-Importaram? -Não escondo o semblante ofendido. Todo mundo pensa que sou uma puta? É isso?

-Ah, você ainda não conheceu o irmão da Cristina? -Amália diz, como se soltasse veneno junto com as palavras. -Ele é um condenado! Você já o conheceu, não é?

-Claro. -Digo.

-Então concorda quando digo que ele é um cachorro?

-Perdão, senhorita. Eu sou apenas uma contratada. Não me meto em assuntos desse tipo. -Digo.

Ela ergue uma sobrancelha.

-Eu até aceitaria seu discurso politicamente correto, se você não corasse! -Ela dá o bote!

Toco minhas bochechas. Estão quentes!

-Você o conheceu! -Ela diz acusadoramente. -Eu sabia. Ela tem cara de quem ficaria com ele. Que mulher não ficaria?

-Amália. Cale a boca! -Cristina pede.

-Como assim? Eu não fiquei com ele! -Digo. E logo uma dúvida surge. -Você ficou com ele?

-A pergunta certa é: que mulher não ficou? -Ela sorri maliciosamente. -Ele é um fodido. Vai trepar com você e depois vai te tratar como lixo.

Fico surpresa com sua enxurrada de palavras venenosas.

IndomavelmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora