Gustavo fez questão de dormir comigo, o que meus pais e eu achávamos normal, mas para todos os residentes daquela casa era suspeito demais, especialmente para Henrique. Cristina entendeu, ou fingiu entender. Eu não tinha forças para fazer qualquer objeção, estava cansada demais e só queria descansar. Pela manhã toda essa confusão sumiria, eu sabia!
Eu queria!
Devia ser tarde demais da noite, quando comecei a me remexer na cama, desejando encontrar uma posição confortável.
-Helena? -Gustavo me chama. -Você está bem?
-Sim. -Digo, baixinho, mas não era verdade.
-Quer que eu te abrace? -Ele pergunta.
-Sim. -Sussurro, querendo conter as lágrimas. Ah, Guto! Se você soubesse...
Gustavo não espera mais nem um segundo e me abraça, me encaixando em seus braços grandes e fortes. Como eu gostaria de me sentir confortável, como eu me sentia há um mês. Queria que tudo tivesse sido diferente...
Mesmo assim, me forço a fechar os olhos e esvaziar a mente, mas você não consegue fechar os olhos e esquecer...
*
Flashs...
Clarões...
Dor...
Sou arrastada pela água...
Bato minha costela em algum lugar...
Água entra pelo nariz...
Luto contra a força da água...
Estou lutando para viver...
As lembranças voltam...
Henrique...
-NÃO! -Grito, me levantando. Estou aos prantos e meu corpo treme com meus soluços. -Por favor, não.
-Helena. -Gustavo acorda assustado. -Minha linda, o que aconteceu?
-Não. -É só o que consigo dizer, querendo separar o pesadelo da realidade. -Por favor, não.
-Calma. -Ele me abraça e me puxa para pousar minha cabeça no seu peito. -Eu tô aqui. Vai ficar tudo bem.
-Não. Por favor, não...
A porta se abre no momento exato e vejo um Henrique preocupado demais entrar feito um vendaval, apenas com a parte debaixo de um pijama e os cabelos muito bagunçados. Ele olha para mim, em seguida segue os olhos para Gustavo.
Ninguém diz nada, pelos próximos segundos, até o restante chegar.
-Helena. -É minha mãe que afasta todos. -O que foi?
-Ela teve um pesadelo. -Gustavo explica.
-Mas ela já está bem? -Cíntia pergunta, também entrando.
-Sim. -Gustavo me avalia. -Só está se acalmando.
-Helena! -Cristina afasta todos e chega até mim. -Ouvi seu grito. O que foi?
Só consigo balançar a cabeça negativamente.
Cristian toca meu rosto e vejo seu olhar penoso me avaliar, em seguida ela beija meu rosto.
-Vou trazer um chá, tudo bem? -Ela oferece e eu concordo. Em seguida ela se vai.
-Acho que já chega. -É Aurora, de pé, andando normalmente, que está afastando todos.
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Indomavelmente
RomanceHelena é uma fisioterapeuta de sucesso no Brasil; (in)felizmente ela nunca se amarrou a ninguém. Se apaixonar? Fora de questão! A prioridade é a profissão! Eis que seu amigo lhe traz a proposta de emprego mais fantástica de mundo: cuidar de um casal...